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3 de junho de 1972

Otto Busch (gh)

No dia 3 de junho de 1972, começaram a vigorar os acordos entre a Alemanha Federal, a União Soviética e a Polônia, proibindo a alteração de fronteiras nacionais na Europa.

Willy Brandt e Alexei KossyginFoto: AP

Em complemento à vinculação alemã com o Ocidente, arquitetada pelo primeiro chefe de governo alemão-ocidental pós-guerra, Konrad Adenauer, os Tratados do Leste estabeleceram que as fronteiras nacionais na Europa não poderiam mais ser alteradas, exceto em caso de guerra. Para assegurar relações de vizinhança suportáveis entre a Alemanha e os países do Leste Europeu, foi apresentada uma série de acordos de renúncia à violência.

Política internacional de distensão

Egon Bahr, durante muitos anos assessor político de Willy Brandt, foi encarregado de realizar pré-negociações em Moscou. Essas conversações foram severamente criticadas pela oposição democrata-cristã no Parlamento alemão, que falava em "liquidação da Alemanha". Os aliados ocidentais, porém, apoiaram claramente a política externa do governo do então chefe de governo Brandt, visto que ela se encaixava na política de distensão Leste-Oeste implementada pelo presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, e seu secretário de Estado, Henri Kissinger.

Diante deste pano de fundo, foi assinado em agosto de 1970 o Tratado de Moscou, que estabeleceu um pacto de não agressão em questões de segurança europeia e internacional. Além disso, definiu as fronteiras entre as Alemanha Oriental e Ocidental, bem como tornou "inviolável" a fronteira oeste da Polônia – a linha dos rios Oder e Neisse.

De Moscou, Willy Brandt dirigiu-se à população alemã, por rádio e televisão, com a seguinte declaração: "O povo alemão precisa da paz, no completo sentido da palavra, também com os povos da União Soviética e do Leste Europeu". Um tratado semelhante seria assinado no dia 7 de dezembro de 1970 com a Polônia.

Quando Willy Brandt chegou a Varsóvia para assinar o documento, ele se ajoelhou diante do monumento às vítimas do Holocausto no gueto judeu. As fotos desse gesto e o pedido de perdão e reconciliação nele contido chamaram mais a atenção da imprensa internacional do que a assinatura do acordo. "Só a história poderá mostrar se este é o esperado início da verdadeira reconciliação", disse Brandt.

Resistência na Alemanha

A ratificação dos tratados, em fevereiro de 1972, foi marcada por violentas discussões no Parlamento alemão. Willy Brandt, no entanto, reiterou que o governo daria continuidade aos esforços para inserir a Alemanha na política de distensão Leste-Oeste. O líder da bancada de oposição, formada pela CDU/CSU, Rainer Barzel, rejeitou o acordo, por considerá-lo "incompleto, desequilibrado e aberto a más interpretações".

Alguns parlamentares da bancada do governo passaram para a oposição, mas por fim chegaram a um consenso que possibilitou a aprovação dos tratados, mesmo com a abstenção da oposição. Depois de aprovados pelo Bundesrat – a câmara alta do Legislativo–-, entraram em vigor no dia 3 de junho de 1972.

A reeleição de Willy Brandt, em 14 de dezembro de 1972, abriu caminho para complementar os Tratados do Leste com um Acordo de Base entre as duas Alemanhas, assinado no final do mesmo ano e que representou um dos primeiros passos rumo à reunificação alemã.

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