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História

Há 50 anos, Watergate causava a renúncia de Nixon

Em 8 de agosto de 1974, Richard Nixon anunciava na TV que no dia seguinte deixaria a Casa Branca. O escândalo Watergate acabara com a carreira política do republicano de origem modesta que chegara à Presidência dos EUA.

Homem na porta de helicóptero
Nixon deixou a Casa Branca em 9 de agosto de 1974Foto: picture-alliance/dpa

Sob ameaça de impeachment, por ter mandado espionar a sede do Partido Democrata em Washington, Richard Nixon foi o primeiro presidente americano a renunciar.

"Não sou nenhum trapaceiro". Foi com essas palavras que Nixon tentou salvar a honra em 1974. Apesar de ter sido reeleito com clara vantagem de votos, o seu governo já estava por um triz na ocasião, após o escândalo de Watergate. Esta seria sua última tentativa desesperada de se defender de irrefutáveis acusações.

Tudo começou com a espionagem na sede do Partido Democrata, de oposição, situada no edifício Watergate, em Washington. Pessoas de confiança do presidente organizaram a operação – com o seu conhecimento, como se ficou sabendo depois –, a fim de obter informações sobre seus adversários políticos. O caso se transformou numa rede de mentiras e tentativas de dissimulação a serem rastreadas até o gabinete do presidente, na Casa Branca.

Renúncia pela televisão

No dia 8 de agosto de 1974, já não restava qualquer dúvida. Nixon só tinha uma chance de evitar a suspensão de sua imunidade política pelo Congresso americano para escapar de um processo penal. Num pronunciamento transmitido pela TV, anunciou sua renúncia à noite e deixou a Casa Branca no dia seguinte. O vice, Gerald Ford, assumiu a presidência. Posteriormente, ele concederia anistia a Nixon, poupando-o das consequências legais do escândalo Watergate.

Henry Kissinger, assessor presidencial para assuntos de segurança nacional e uma das pessoas mais próximas de Nixon na época, recordaria depois: "Ele cometeu muitos erros e fez muita bobagem, enfim, tudo o que ficou conhecido como Watergate. Na verdade, Watergate não passou de uma série de besteiras que depõem contra Nixon. É evidente que ele merecia ser punido, mas, na minha opinião, a punição foi severa demais. Aquela lista de inimigos da Casa Branca, por exemplo: nomear o documento de Enemies List... que burrice! A Casa Branca sempre tem uma lista de pessoas que não são convidadas para os jantares oficiais. Era uma lista dessas, mas com o título 'Enemies List'. E houve coisas piores ainda."

Personalidade reservada

A renúncia de Nixon praticamente marcou o fim de uma das carreiras políticas mais controversas da história americana. Richard Milhous Nixon era de origem modesta, mas acabou chegando a uma das posições mais poderosas do mundo. No entanto, nunca deixou de desconfiar do establishment político dos Estados Unidos. Era reservado, permitindo somente a proximidade de um pequeno círculo de amigos e conselheiros. Seus adversários políticos viriam a comparar esta sua desconfiança com uma mania de perseguição política.

Isso teve consequências fatais no caso de Watergate. O medo do sistema político levou Nixon a tentar escamotear seus erros da forma mais inadequada possível. Para Kissinger, "o melhor teria sido confessar tudo logo de início e chamar um advogado de renome para eliminar de vez o problema. Ele cometeu enormes erros durante o esclarecimento do escândalo. Teria sido muito melhor ter falado o que ele sabia e ter afastado algumas pessoas."

Após a renúncia, Nixon foi excluído do establishment político dos Estados Unidos. O único presidente americano a renunciar se tornou um homem solitário, do qual ninguém mais queria saber. Ele também foi o único presidente a renunciar à proteção policial. Décadas depois, quando já estava em idade avançada, alguns viriam se recordar da política externa do presidente que iniciou a aproximação com a Rússia e a China e pôs fim à Guerra do Vietnã. Na opinião de Kissinger, Nixon é o presidente americano do pós-Guerra que mais entendia de política externa.

Richard Milhous Nixon morreu em 22 abril de 1994, aos 81 anos de idade.

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