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História

7 de outubro de 1989

Matthias Schmitz (sv)

No dia 7 de outubro de 1989, foi fundado o Partido Social Democrata (SDP) na Alemanha Oriental, por iniciativa de dois pastores evangélicos.

Pastor Markus Meckel, fundador do Partido Social-Democrata da ex-Alemanha OrientalFoto: AP

Em 7 de outubro de 1989, o governo da República Democrática Alemã (RDA) festejava os 40 anos do poder comunista no país, enquanto nas ruas aconteciam os maiores protestos públicos desde junho de 1953. No mesmo dia, cerca de 40 homens e mulheres viajaram até Schwandte, nos arredores de Berlim, para fundar, na paróquia local, o Partido Social Democrata (SDP, da sigla em alemão) na Alemanha Oriental.

Apoio de poucos

A iniciativa partiu de dois pastores luteranos, Martin Gutzeit e Markus Meckel. Já no final de agosto do mesmo ano, eles haviam conclamado a população a criar o novo partido. O projeto não contava com a ajuda dos social-democratas da Alemanha Ocidental nem com o apoio da larga oposição ao regime comunista da Alemanha Oriental, que se via principalmente como um movimento popular.

Os fundadores do novo partido pretendiam, no entanto, criar uma organização política com programa de governo, lista de correligionários e aspiração concreta ao poder, através da qual o domínio do Partido Socialista Unitário (SED) da RDA pudesse ser questionado.

Luta por mais liberdade

Num tempo em que as reações do partido único do regime comunista eram dificilmente previsíveis, o recém-fundado Partido Social Democrata exigia abertura das fronteiras e liberdade para os alemães-orientais.

Assim como outros grupos de oposição no país, os social-democratas reconheceram, ainda em outubro de 1989, a existência de dois Estados alemães, sem no entanto querer tomá-la ao pé da letra, como acentua Markus Meckel.

"Nós havíamos planejado obviamente uma Alemanha Oriental democrática. Não acreditávamos na viabilidade da reunificação alemã, considerando o panorama europeu em 1989. Tão logo, no entanto, surgisse a possibilidade de união dos dois países, era óbvio para nós que essa chance não poderia ser desperdiçada. Em 9 de novembro de 1989, com a queda do Muro de Berlim, ficou claro que uma política de unificação das duas Alemanhas era viável."

Pouca infraesturutura

Após a criação do Partido Social Democrata na Alemanha Oriental, seus fundadores não contavam com uma rede organizacional eficiente, nem com a produção de material próprio de divulgação.

Enquanto isso, os social-democratas da Alemanha Ocidental, após certa indefinição inicial, tomaram a decisão de apoiar os seus "correligionários" alemães-orientais, a partir de meados de dezembro de 1989. Os "ocidentais" insistiram num claro distanciamento do partido de antigos membros do SED e o então SDP passou a adotar o mesmo nome e a mesma sigla do partido na Alemanha Ocidental: SPD.

Em janeiro de 1990, os membros do "SPD do Leste" declararam o apoio à reunificação das duas Alemanhas, defendendo, no entanto, a união vinculada à criação de uma nova Constituição, comum aos dois países.

"Maçã podre"

As discussões sobre os altos custos financeiros da reunificação alemã e os custos sociais que dela resultariam, citados principalmente pelos social-democratas do oeste, soavam aos alemães-orientais como mera hesitação ocidental em relação à reunificação dos dois países.

"Após o 9 de novembro, ficou claro que não queríamos cair como uma maçã podre na República Federal da Alemanha, mas pleiteávamos um processo ordenado de união", relembra Markus Meckel.

Membros do Stasi entre as lideranças

De fato, apenas 22% dos eleitores optaram pelo Partido Social Democrata nas primeiras eleições livres da RDA em março de 1990, poucos meses após a queda do Muro de Berlim. Duas semanas antes, o partido era tido como favorito, sob a liderança de Ibrahim Böhme, desmascarado mais tarde como agente do Stasi, a polícia política da Alemanha Oriental.

Principalmente devido à falta de penetração nas classes operárias, o partido acabou perdendo votos para a união multipartidária Aliança pela Alemanha. Apesar da derrota, o partido acabou participando da chamada "grande coalizão" que compôs o primeiro governo democrático da RDA.

Em defesa dos interesses "orientais"

No gabinete recém-constituído, Markus Meckel assumiu o posto de Ministro do Exterior, ao lado de seis outros membros do partido. O novo governo tentava defender os interesses da Alemanha Oriental no processo de reunificação, discutindo temas que envolviam as políticas externa e interna, assim como questões relativas ao direito de propriedade e antigas dívidas externas da RDA.

Em agosto de 1990, mesmo tendo em vista as enormes divergências políticas entre as duas organizações, os social-democratas do Leste e Oeste acabaram por se juntar num único partido.

"O poder do SED foi eliminado na segunda metade de 1989. Foram as estruturas transitórias que levaram à democracia parlamentar, à convocação de eleições livres e ao primeiro governo eleito livremente no país; tudo isso não poderia ter ocorrido de forma melhor", conclui Meckel.

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