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2016: Morre o controverso historiador Ernst Nolte

A 18 de agosto de 2016 morreu o autor de obras-padrão sobre história recente. Nos anos 80, iniciou uma disputa acirrada nos meios acadêmicos ao comparar o nazismo ao stalinismo. Habermas foi seu principal antagonista.

Ernst Nolte, protagonista da "historikerstreit" na década de 80
Ernst Nolte foi protagonista da "historikerstreit" na década de 80Foto: picture-alliance/dpa/S. Puchner

Em 18 de agosto de 2016 morreu em Berlim, o historiador alemão Ernst Nolte, aos 93 anos de idade. Segundo sua família, ele sucumbiu a uma doença grave e breve.

Considerado um dos mais importantes e controvertidos estudiosos do ramo da geração do pós-guerra, ele ganhou notoriedade em 1986 ao desencadear a assim chamada "disputa dos historiadores" com seu artigo "Passado que não quer passar" (Vergangenheit, die nicht vergehen will).

Sua tese – de que Adolf Hitler e o nazismo teriam sido uma reação à "ameaça existencial" que a Revolução Russa representava para a Alemanha – desencadeou na época uma onda de indignação e prolongados debates.

Seu principal antagonista era o filósofo Jürgen Habermas, para quem o paralelo entre o nazismo e o stalinismo, traçado por Nolte, significava relativizar os horrores do Holocausto. Um efeito de longo prazo dessa historikerstreit foi um exame ainda mais intenso do nacional-socialismo na Alemanha.

Automóvel incendiado

Passado o ápice do debate, Nolte ficou progressivamente isolado nos meios historiográficos, à medida que adotava posicionamentos cada vez mais próximos dos conservadores nacionalistas e dos negadores do Holocausto. A rejeição a suas ideias manifestou-se até mesmo em violência física, como quando seu automóvel, estacionado no campus da Universidade Livre de Berlim, foi incendiado.

Ernst Nolte nasceu em 11 de janeiro de 1923 em Witten, na Renânia do Norte-Vestfália, como filho de um diretor de escola pública. Após se doutorar escrevendo sobre Karl Marx, sua tese de habilitação Der Faschismus in seiner Epoche (O fascismo em sua época), de 1963, é hoje uma obra-chave dos estudos de história, traduzida em vários idiomas.

Apesar de controverso, ele recebeu distinções como Prêmio Konrad Adenauer, da fundação Deutschland Stiftung, em 2000. Nolte atuou como docente de História Moderna na Universidade de Colônia, e mais tarde em Marburg. Até se aposentar, lecionou na Universidade Livre de Berlim.

AV(afp/kna/dw/ots)