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2016: um ano conturbado para a Europa

19 de dezembro de 2016

Após um ano marcado pelo Brexit, a vitória de Trump nos EUA e a busca de soluções para a crise de refugiados, futuro da União Europeia é rodeado de incertezas. Confira uma retrospectiva de 2016 e perspectivas para 2017.

Refugiados, Brexit e Trump - um ano difícil para a UE
Refugiados, Brexit e Trump: um ano difícil para a UE

Do referendo sobre o Brexit à vitória de Trump: para a União Europeia (UE), 2016 foi um choque atrás do outro. Mas será que isso tudo representa o prenúncio do fim do bloco? Um olhar mais atento indica que nem tudo está perdido. Confira a retrospectiva das principais manchetes do ano e as perspectivas para 2017:

A Holanda e uma "grande crise continental"

No dia 6 de abril, críticos da UE surpreenderam ao vencerem um referendo na Holanda, no qual a população rejeitou um novo acordo de livre-comércio do bloco com a Ucrânia. O projeto, que até então era dado como certo, viu-se de uma hora para outra ameaçado. Antes da votação, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, ainda se dizia otimista. Crente que os holandeses jamais diriam "não", ele argumentou que tal resultado "abriria a porta a uma grande crise continental".

Perspectivas: Ao que tudo indica, em 2017 o acordo bilateral pode entrar oficialmente em vigor. As preocupações dos eurocéticos holandeses serão contempladas na forma de um termo complementar negociado na última cúpula da UE de 2016 – uma garantia de que o acordo não irá representar nenhum passo no sentido de admitir a entrada da Ucrânia no bloco.

O choque do Brexit

Na manhã do dia 24 de junho, entusiastas da UE acordaram com uma triste notícia: os britânicos votaram em referendo pela saída de seu país da União Europeia. O "não" do Reino Unido representa uma das maiores cesuras da história do bloco. Pela primeira vez, um membro quer deixar a UE.

Perspectivas: As proteladas negociações para a saída dos britânicos do bloco deverão começar no ano que vem. A partir do momento em que o Artigo 50 do Tratado de Lisboa for acionado, o Reino Unido terá dois anos para deixar o bloco – prazo que só poderá ser prorrogado se todos os membros da UE concordarem. Não se sabe, no entanto, o que acontece se as negociações não resultarem num acordo satisfatório. Alguns aventam inclusive a possibilidade de uma nova consulta popular. O próprio presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, já disse que as negociações podem ser interrompidas a qualquer momento.

O fracasso do Ceta

O dia 27 de outubro deveria se transformar em um marco na história da política comercial europeia. Contudo, adversários da globalização da região belga da Valônia bloquearam o acordo de livre-comércio entre UE e Canadá. Após modificações no texto, os opositores do Ceta voltaram atrás e endossaram o tratado.

Perspectivas: Grande parte do Ceta deverá entrar provisoriamente em vigor no ano que vem. Mas oficializado, de fato, o acordo ainda não foi. Para ser totalmente implementado, ainda é necessária a aprovação de diversos parlamentos nacionais e regionais.

O descaminho dos EUA

Nenhum líder europeu imaginava que os americanos fossem realmente eleger Donald Trump como presidente. Como não houve contato com o republicano e sua equipe durante a campanha eleitoral, as relações precisam ser construídas somente a partir de agora. E os pré-requisitos para tal não são os melhores. Antes da eleição, vários líderes do bloco deixaram claro sua rejeição ao magnata. "Trump não é um problema só para a UE, mas para o mundo todo", disse, por exemplo, o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz.

Perspectivas: Certo é que um bom relacionamento com a UE não está no topo da lista de prioridades de Trump. Mas poucos consideram que o republicano seja realmente implacável. Ele é visto mais como um homem de negócios, que deverá negociar com a UE quando lhe for conveniente.

Crise dos refugiados

Controles de fronteira mais rígidos ao longo da rota dos Bálcãs e um acordo de refugiados com a Turquia reduziram dramaticamente o fluxo de pessoas provenientes de países como a Síria, Afeganistão e Iraque para a Europa. Em 2015, mais de um milhão de refugiados chegaram ao continente. Em 2017, o número deverá cair para menos da metade.

Perspectivas: De acordo com a conjuntura atual, países como a Alemanha e a Áustria não precisam temer um novo afluxo de migrantes – nem mesmo se a Turquia abandonar o acordo sobre refugiados firmado com a UE. Uma das razões é que se espalhou a notícia de que destinos populares como a Alemanha são praticamente inacessíveis via Grécia ou rota dos Bálcãs. Para aqueles que visam um país específico na Europa Central ou no norte europeu, perdeu o sentido enfrentar a travessia para as ilhas gregas a partir da Turquia. No entanto, a rota da Líbia à Itália pelo Mar Mediterrâneo ainda é motivo de preocupação para a UE.

Estabilidade na Grécia

Alguém ouviu falar em Grexit? Em 2016, foi a primeira vez em anos que não se discutiu abertamente sobre uma possível saída da Grécia da zona do euro. Mais uma vez, o país recebeu bilhões de euros em ajuda dos membros do bloco, e o pior da crise financeira parece ter ficado para trás.

Perspectivas: A Grécia ainda irá precisar do apoio de seus parceiros europeus. Até 2018, Atenas deverá receber até 86 milhões de euros do bloco. Resta saber se o FMI irá continuar com sua contribuição.

Melhoria no mercado de trabalho

Apesar de a situação ainda não ser boa em países como Espanha, Grécia e Itália, o índice de desemprego na zona do euro caiu consideravelmente em 2016. Em outubro foi registrada uma taxa de 8,3% – a mais baixa desde fevereiro de 2009.

Perspectivas: Especialistas apostam em índices de ocupação e salários ainda melhores para o ano que vem. O crescimento econômico deverá ser de 1,6%, ligeiramente menor do que o esperado para 2016, de 1,7%. As incertezas, no entanto, continuam dominando todas as previsões para 2017. E se populistas de direita como Geert Wilders ou Marine Le Pen vencerem as eleições na Holanda e na França? E se a chanceler federal alemã, Angela Merkel, tiver que deixar o cargo?

IP/dpa

 

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