Relatório da ONU mostra ainda que os últimos quatro anos foram os mais quentes desde o início das medições. Fenômenos climáticos extremos que ocorreram em 2018 são sinal das mudanças climáticas.
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O ano passado foi o quarto mais quente desde o início da medição das temperaturas globais, revelou um relatório da ONU publicado nesta quarta-feira (06/02). O estudo mostrou ainda que os anos entre 2015 e 2018 foram os quatro mais quentes da história.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 2018, as temperaturas médias globais registradas ficaram 1°C acima da média do período pré-industrial. O relatório teve como base dados recolhidos por agências meteorológicas dos EUA, do Reino Unido, do Japão e da Europa.
O ano passado foi marcado por eventos climáticos extremos, como incêndios florestais na Califórnia e na Grécia, seca na África do Sul e inundações na Índia. Além do calor, as emissões de gases do efeito estufa, principalmente as originárias da queima de combustíveis fósseis, também bateram recorde em 2018.
"A tendência de temperatura em longo prazo é mais importante do que o ranking de anos individuais. Essa tendência é de subida. Os 20 anos mais quente já registrados estiveram entre os últimos 22 anos", destacou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
E se a temperatura da Terra aumentar dois graus?
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Segundo Taalas, o nível de aquecimento nos últimos quatro anos é excepcional, tanto o registrado em terra, quanto nos oceanos. "Muitos dos eventos climáticos extremos são coerentes com o que esperamos de um clima em mudança. Essa é uma realidade que precisamos encarar", destacou.
A ONU prevê que o ritmo de aquecimento observado nos últimos anos se mantenha em 2019. A Austrália registrou neste ano o janeiro mais quente de sua história. De acordo com Taalas, as ondas de calor estão se tornando mais frequente como resultado das mudanças climáticas.
O secretário-geral da OMM destacou que a onda de frio extrema que atingiu os Estados Unidos nas últimas semanas, com temperaturas que chegaram a -53°C, também é um efeito das mudanças climáticas. "Parte das anomalias de frio pode estar relacionada a alterações dramáticas no Ártico", acrescenta.
Os dados da OMM, cujos primeiros registros foram feitos no século 19, mostram que o ano mais quente da história foi 2016, impulsionado pelo fenômeno El Niño no Oceano Pacífico.
Para combater as mudanças climáticas, cerca de 200 países adotaram o Acordo de Paris, em 2015, que visa diminuir as emissões que impulsionam o aquecimento global e tentar limitar o aumento da temperatura do planeta a até 2°C em relação à média registrada no período pré-industrial.
Segundo a ONU, se não for feito o suficiente para reduzir as emissões, o aumento da temperatura global pode passar dos 3°C até 2100.
"Os impactos do aquecimento global no longo prazo já estão sendo sentidos em inundações costeiras, ondas de calor, intensa precipitação e mudanças nos ecossistemas", ressaltou Gavin Schmidt, da Nasa.
Somente os Estados Unidos foram atingidos por 14 desastres climáticos no ano passado, incluindo furacões e incêndios florestais, o que resultou em prejuízos bilionários.
CN/rtr/afp/dpa
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Patrimônios mundiais ameaçados pelo aquecimento global
O que a Mata Atlântica, a estátua da Liberdade e a grande barreira de corais australiana têm em comum? Esses destinos turísticos podem desaparecer ou sofrer profundas mudanças por causa das alterações no clima.
Foto: Getty Images/J. Raedle
Mata Atlântica, Brasil
Um dos paraísos protegidos pela Unesco, a Mata Atlântica já enfrenta ameaças como o desmatamento, a caça indiscriminada e a ocupação irregular. Localizada próximo ao litoral, a região também corre riscos com enchentes, secas, deslizamentos de terra e outros eventos climáticos potencializados pelo aquecimento global.
Foto: picture-alliance/dpa
Floresta tropical de Bwindi, Uganda
Quase a metade dos gorilas que ainda vivem livres na natureza em todo o mundo estão em Uganda. São cerca de 880 animais. Mas o aumento da temperatura leva a população que vive em áreas vizinhas à floresta a ocuparem áreas mais frescas. Para os gorilas sobra menos espaço para viver. O contato também aumenta os riscos de disseminação de novas doenças.
Foto: Rainer Dückerhoff
Lago Niassa, Malaui
Altas temperaturas fazem com que a água do gigantesco lago Niassa evapore. O período de chuvas tem se tornado mais curto e a seca se estende cada vez mais. Com isso, o lago tem cada vez menos água. Este é um problema tanto para o ecossistema quanto para os pescadores que vivem do que retiram do lago e as empresas que oferecem mergulhos para turistas.
Foto: DW/Johannes Beck
Vale da Lua, Jordânia
Gargantas estreitas, penhascos e uma vista espetacular são alguns dos pontos altos deste patrimônio mundial. Mais de 45 mil pinturas rupestres, algumas com até 12 mil anos, são uma atração turística. Mas a água na região está ficando ainda mais escassa devido às mudanças climáticas e ameaça animais e plantas que vivem nesta área.
Foto: picture-alliance/dpa
Ilhas Chelbacheb, Palau
Não é surpresa que as 400 ilhas Chelbacheb recebam mais de 100 mil turistas por ano. Os vilarejos antigos, lindas lagunas e recifes de corais fazem de lá um paraíso no Oceano Pacífico. Ainda assim, com a temperatura do mar subindo e a água ficando mais ácida, os corais são danificados e ficam brancos, causando seu extermínio.
Foto: Matt Rand/ The Pew Charitable Trusts
Ilha de Páscoa, Chile
As estátuas Moai na ilha chilena atraem a cada ano 60 mil visitantes. A erosão da costa e a elevação do nível do mar ameaçam as estátuas.
Foto: picture-alliance/dpa/Maxppp/G. Boissy
Estátua da Liberdade, Estados Unidos
A Estátua da Liberdade sofre com tempestades cada vez mais fortes e o aumento do nível do mar. Em 2012 , o furacão Sandy danificou a infraestrutura da ilha onde fica a estátua. Alguns acreditam que é apenas uma questão de tempo até que a estátua em si seja avariada.
Foto: picture-alliance/United Archives/WHA
Cartagena, na Colômbia
A colombiana Cartagena de Índias fica a apenas 2 metros acima do nível do mar. Principalmente o belo centro histórico e portuário da cidade fundada em 1533 estão ameaçados.
Foto: Getty Images
Veneza, na Itália
Embora o fenômeno da "acqua alta" não seja novidade em Veneza, ele está ocorrendo com cada vez mais frequência. E como um dos pontos mais baixos da cidade é a Praça de São Marcos, esta área especialmente turística é uma das mais comprometidas. Em longo prazo, o aquecimento global tende a agravar o problema.
Foto: picture-alliance/dpa
Fiorde Ilulissat, Groenlândia
Os icebergs derretem e se partem. Quando o permafrost, o solo permanente gelado, descongela, desaparecem com ele também os sítios arqueológicos. Turistas visitam o fiorde para vivenciar o "Marco Zero" da mudança climática. Para o gelo, o efeito é devastador, mas isso não impede mais e mais pessoas de irem até lá para ver icebergs antes que desapareçam para sempre.