Presidente começa o ano em meio a conflitos com Congresso e operadores do mercado, e aguarda impactos da volta de Trump à Casa Branca. Debate sobre possível candidatura à reeleição ficará mais forte.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entra nesta quarta-feira (01/01) na segunda metade de seu atual mandato na Presidência da República, em meio a conflitos com o Congresso, mais conservador que o governo, e embates com operadores do mercado, que pressionam por equilíbrio fiscal. E com um fator novo no cenário internacional: a volta de Donald Trump à Casa Branca.
Aos 79 anos, Lula também será cada vez mais questionado se será candidato à reeleição em 2026. Em entrevista recente à CNN Internacional, ele não descartou essa hipótese: "Se chegar na hora e os partidos entenderam que não há outro candidato para enfrentar uma pessoa de extrema direita – que seja negacionista, que não acredita na medicina e na ciência –, obviamente, estarei pronto para enfrentar", disse, pontuando, no entanto, que espera que isso "não seja necessário".
Ele está na frente nas pesquisas. Um levantamento feito pela Genial/Quaest divulgado em 12 de dezembro aponta que Lula derrotaria os principais nomes da direita – Tarcísio de Freitas (Republicanos), Pablo Marçal (PRTB), Ronaldo Caiado (União) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral que o condenou por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em ataques às urnas eletrônicas.
Por outro lado, uma pesquisa do Datafolha divulgada em 17 de dezembro identificou leve piora nos índices de avaliação do seu governo, considerado ótimo ou bom por 35% (um ponto percentual a menos que em outubro) e ruim ou péssimo para 34% (dois pontos percentuais a mais).
Crescimento e emprego, com alta da inflação
"Tem uma luz amarela para o governo e para as forças progressistas. É de se esperar que neste ano se façam mudanças de rumo e de governabilidade", afirma à DW a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, professora da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Ela avalia que um dos principais problemas para a popularidade de Lula é o aumento do custo de vida. O Banco Central estima que a inflação anual de 2024 ficará em 4,84%, acima do teto da meta, que é 4,5%.
Pesam no bolso da população itens como as carnes, cujo preço subiu mais de 8% só em novembro. E isso se reflete na popularidade, principalmente no segmento entre 2 a 5 salários mínimos, um eleitorado importante para o petista. Nessa faixa de renda, a avaliação de ruim ou péssimo do governo passou de 39% em outubro para 42% em dezembro, segundo o Datafolha.
Também há bons números, como alta no PIB, aumento da renda do trabalhador e taxa de desemprego na mínima histórica, que no entanto aparecem em meio a derrotas do governo no Congresso, como a desidratação de medidas fiscais, recuos como o adiamento do envio do projeto para ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil, e aumentos da taxa de juros e do dólar.
"Vem o governo e fala que vai reduzir o imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil. Passou? Nem passou. É mais um descrédito que passa, e até agora não tem uma comunicação mostrando que tentou fazer algo e não conseguiu", afirma Braga.
Falta de alternativa na esquerda?
É justamente no ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), envolvido diretamente na economia, que reside a principal alternativa a Lula em 2026. O candidato derrotado por Bolsonaro em 2018, porém, acumula fracassos recentes nas urnas: além da Presidência, perdeu a reeleição para a prefeitura de São Paulo, em 2016, e para o governo paulista, em 2022.
"Haddad não tem capital político quase nenhum fora do Lula. Ele não tem autonomia política, como a Dilma não tinha, e a gente sabe quais são as consequências disso num governo de coalizão, o que é inevitável no Brasil", afirma o cientista político Paulo Henrique Cassimiro, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Para ele, o desempenho macroeconômicos da gestão Lula tem despertado reação negativa do mercado por um ruído ideológico. "Qualquer governo que assuma um discurso que não seja em primeiro lugar um equilíbrio fiscal sofre essa reação. O Bolsonaro também sofreu, mas ele tinha um ministro (Paulo Guedes) que era fiador do mercado, mesmo quando Bolsonaro contradizia isso", diz Cassimiro. "Haddad não deixa de discutir a questão fiscal, mas coloca como prioridade o crescimento, não só do PIB, mas também de renda. E o governo não tem conseguido converter isso em melhora da avaliação, é uma sinuca de bico."
Outra dúvida sobre o papel de Haddad como liderança alternativa a Lula é o desempenho do PT. Nas eleições de 2024, o partido teve apenas um candidato eleito em uma capital brasileira, com Evandro Leitão em Fortaleza (CE).
"O PT é um partido em franca decadência, do ponto de vista do tamanho de bancada e de votos que consegue amealhar, muito dependente da capacidade do Lula de atrair votos. E não vai querer abrir mão da cabeça de chapa, vai querer emplacar um candidato do partido, mas não há uma alternativa a Lula", diz Cassimiro.
Ele vê como uma das lições de 2024 a vantagem da centro-direita, que se mostrou vitoriosa nos embates contra a esquerda e também contra a extrema direita, ao assumir discursos "menos truculentos". Para Braga, da Ufscar, isso pode levar a uma composição de chapa do PT com um candidato mais afinado às elites econômicas, como ocorreu em 2002 e 2006, com o empresário José Alencar como vice de Lula.
A questão da saúde de Lula também coloca interrogações sobre uma possível disputa à reeleição. Em dezembro, ele foi submetido às pressas a uma cirurgia no cérebro para conter um sangramento, resultado tardio de um acidente doméstico ocorrido em outubro. Segundo os médicos, contudo, não há sequelas. "Ele não está mal de saúde, é diferente do que ocorreu na questão do Biden. Apesar da idade, política não tem isso, se a pessoa está coerente e pensando", diz Braga.
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Efeito Trump e pragmatismo nas relações internacionais
No caso de Joe Biden, de 82 anos, dúvidas sobre a saúde levaram a uma pressão por parte do Partido Democrata, que acabou escolhendo a vice-presidente Kamala Harris para concorrer contra Donald Trump. A estratégia não deu certo, e o republicano foi reeleito e assume o governo dos Estados Unidos em 20 de janeiro.
Líder da extrema direita mundial e aliado de Bolsonaro, Trump será outro desafio da segunda metade do governo de Lula. No entanto, diferentemente de Bolsonaro, que relutou em reconhecer a vitória de Biden em 2020, o atual presidente da República parabenizou o republicano prontamente, até mesmo antes da imprensa confirmá-lo como vencedor, lembra Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os Estados Unidos.
"O Brasil vai procurar agir de forma pragmática em relação ao Trump. Mas dada a turbulência que ele vai criar, talvez o pragmatismo não dê conta", diz, lembrando do interesse do republicano em retomar o canal do Panamá, atualmente administrado por uma empresa chinesa. Em dezembro, Trump disse que o Brasil impunha tarifas altas sobre produtos importados dos EUA e que seu governo adotaria medidas semelhantes sobre produtos brasileiros.
Já na América do Sul, Lula tentou mediar o impasse eleitoral na Venezuela, mas foi rechaçado por Nicolás Maduro, com quem acabou rompendo laços. Mudou a rota para tentar minimizar os danos da chegada do populista de direita Javier Milei na Argentina e, com isso, reforçou o diálogo com o Mercosul.
Os esforços com os países vizinhos levaram à conclusão dos termos do tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE), depois de 25 anos de negociações. Além disso, o país sediou a cúpula do G20, em novembro, com a presença do líder chinês, Xi Jinping, e do presidente dos EUA, Joe Biden.
Para 2025, a expectativa é com a realização da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, em Belém (PA), marcando os dez anos do Acordo de Paris – cuja saída dos Estados Unidos já foi anunciada por Trump. Isso significa que mais 50 milhões dólares anunciados por Biden para o Fundo Amazônia provavelmente não vão chegar, diz Menezes.
"O Brasil sabe que vai fazer uma COP 30 provavelmente com a ausência dos EUA. Mas vai trazer os chefes de Estado e tentar retomar o protagonismo internacional na questão da Amazônia. O país vai colocar todas as forças nisso", afirma.
A trajetória política de Lula
Das greves no ABC à Presidência. Da condenação pela Lava Jato ao terceiro mandato. Os principais momentos políticos na vida de Luiz Inácio Lula da Silva.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
Lula e as greves do ABC
Em 1975, Lula foi eleito presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e ganhou projeção nacional ao liderar uma série de greves no final da década. Em 1980, foi preso e processado com base na Lei de Segurança Nacional após comandar uma paralisação que durou 41 dias. Lula ficou 31 dias no cárcere do Dops (Departamento Estadual de Ordem Política e Social).
Foto: Instituto Lula
Fundação do PT
Em 10 de fevereiro de 1980, pouco antes de ser preso, Lula ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) com apoio de intelectuais e sindicalistas. Em maio do mesmo ano, ao sair do cárcere, foi eleito o primeiro presidente do partido. O pernambucano, então, ingressaria de vez na política: em 1982, concorreu ao governo de São Paulo e, em 1986, foi eleito deputado constituinte.
Foto: Getty Images/AFP/C. Petroli
A campanha de 1989
O PT lançou a candidatura de Lula nas primeiras eleições presidenciais diretas após o fim do regime militar. Com uma imagem de operário e um discurso de esquerda, Lula provocou temor em vários setores da economia, que se alinharam ao candidato Fernando Collor. O petista foi derrotado no segundo turno, depois de uma campanha que envolveu acusações de manipulação da imprensa a favor de Collor.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Gostoli
A campanha de 1994
No embalo das primeiras denúncias de irregularidades no governo Collor, Lula lançou, em 1992, o movimento "Fora Collor" em apoio ao impeachment. Em 1994, concorreu novamente à Presidência, com Aloizio Mercadante como vice, mas foi derrotado no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), lançado como "pai do Plano Real". O PT, por outro lado, elegia seus primeiros governadores (DF e ES).
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A campanha de 1998
Em 1998, Lula sofreu uma de suas piores derrotas eleitorais. À época, o petista teve como candidato a vice o ex-governador Leonel Brizola (PDT), um dos seus rivais na eleição de 1989 e com quem disputava a hegemonia na esquerda brasileira. A fórmula não deu certo. Lula obteve só 31% dos votos, e o então presidente Fernando Henrique Cardoso foi reeleito com 53% no primeiro turno.
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A posse de Lula
O eterno candidato do PT finalmente assumiu a Presidência em janeiro de 2003, após oito anos de governo do PSDB. Lula foi eleito com 61% dos votos válidos no segundo turno. A vitória foi alcançada após uma campanha que vendeu uma imagem mais moderada do petista – simbolizada no slogan "Lulinha paz e amor" – com o objetivo de acalmar os mercados e ampliar o eleitorado do partido.
Foto: O. Kissner/AFP/Getty Images
Economia em alta
Após as turbulências no final do governo Fernando Henrique Cardoso, a economia brasileira voltou a crescer com Lula, embalada sobretudo pelo boom das commodities. Foi o período da descoberta do pré-sal e investimentos em grandes obras de infraestrutura. O crescimento médio do PIB no segundo mandato chegou a 4,6%. O bom momento catapultou a popularidade de Lula, que chegou a 87% no final de 2010.
Foto: AP
Queda na desigualdade
Os programas sociais lançados por Lula, como Minha Casa, Minha Vida e ProUni, também contribuíram para a popularidade do presidente. O Bolsa Família, criado em 2004 a partir da unificação de outros programas de transferência de renda, se tornaria o carro-chefe. Quase 28 milhões de brasileiros saíram da zona de pobreza nos oito anos do governo Lula, afirmou um balanço em 2010.
Foto: Vanderlei Almeida/AFP/Getty Images
O escândalo do mensalão
Em 2005, o governo Lula foi atingido em cheio pelo escândalo de compra de votos de deputados, o mensalão. Apesar do desgaste, Lula sobreviveu à crise. Outros, como o ministro José Dirceu, uma das figuras fortes do governo, caíram em desgraça. No início, Lula afirmou que assessores o haviam "apunhalado", mas depois mudou o discurso e disse que o caso era uma invenção da oposição e da imprensa.
Foto: picture alliance / dpa / picture-alliance
A eleição de Dilma
Em 2007, logo após ser reeleito com mais de 60% dos votos, Lula começou a preparar o terreno para a sua sucessão. Como sucessora, ele escolheu a sua então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, uma tecnocrata sem experiência nas urnas. Nos três anos seguintes, Lula promoveu a imagem de Dilma junto aos brasileiros. A estratégia funcionou, e ela foi eleita em 2010.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/EBC
Prestígio mundial
Durante a Presidência, Lula gozou de prestígio mundial e se reuniu com os mais importantes chefes de Estado do planeta. Em abril de 2009, em um encontro do G20, o presidente dos EUA na época, Barack Obama, cumprimentou o colega e disse: "Adoro esse cara! O político mais popular da Terra". No mesmo ano, Lula apareceu em 33º lugar na lista das pessoas mais poderosas do mundo da revista Forbes.
Foto: AP
Luta contra o câncer
Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe, sendo submetido a um agressivo tratamento – pela primeira vez desde 1979, ele aparecia sem a barba. Exames apontaram a remissão completa do tumor cerca de cinco meses depois, e Lula voltou a se engajar nas campanhas do PT. Uma das grandes vitórias eleitorais de 2012 foi a de Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo.
Foto: AFP/Getty Images
Lula e a Lava Jato
Em março de 2016, Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Lava Jato, que investigou escândalos de corrupção na Petrobras. O ex-presidente foi levado para depor sobre um sítio em Atibaia, um triplex no Guarujá e sua relação com empreiteiras investigadas na Lava Jato. No mesmo dia, a PF cumpriu mandados em residências do petista e de sua família, além do Instituto Lula.
Foto: Reuters/P. Whitaker
Réu em diferentes processos
Nos meses seguintes, Lula foi denunciado por uma série de crimes, como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução da Justiça e tráfico de influência, tornando-se réu em cinco processos diferentes. O petista sempre desmentiu as acusações, negou a prática de crimes e disse ser vítima de perseguição política. Ele também negou ser proprietário dos imóveis investigados.
Foto: picture-alliance/abaca
Morre Marisa Letícia
Em fevereiro de 2017, morreu a ex-primeira-dama Marisa Letícia. Lula e Marisa se conheceram em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo. Ela esteve ao lado do marido durante a sua ascensão política, desde os tempos do sindicato, quando liderou passeata em apoio a sindicalistas presos, passando pela fundação do PT, costurando a primeira bandeira do partido, até a Presidência.
Foto: Reuters/N. Doce
Caravana pelo país
Visando uma nova candidatura à Presidência no ano seguinte, Lula começou em 2017 uma caravana pelo Brasil que reuniu milhares de pessoas. Em junho de 2018, o PT confirmou sua pré-candidatura, mesmo com ele já preso. Em agosto, o Tribunal Superior Eleitoral impediu que ele concorresse. Como sucessor, Lula escolheu Fernando Haddad, que chegou ao segundo turno, mas foi derrotado por Jair Bolsonaro.
Foto: Ricardo Stukert /Instituto Lula
Lula é condenado
Lula foi condenado pela primeira vez em 12 de julho de 2017. A sentença do juiz Sergio Moro determinou 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ligados ao triplex no Guarujá. O TRF-4 confirmou a condenação em segunda instância, além de aumentar a pena para 12 anos e um mês de prisão. Foi a primeira condenação de um ex-presidente por corrupção no Brasil.
Foto: Abr
Derrota no STF
Por 6 votos a 5, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) negaram, em 4 de abril de 2018, um pedido de habeas corpus preventivo apresentado pela defesa de Lula para evitar uma eventual prisão após o fim dos recursos na segunda instância da Justiça Federal. Manifestantes contrários e a favor de Lula foram às ruas por ocasião do julgamento.
Foto: picture alliance/AP Photo/S. Izquierdo
Lula se entrega à PF
Em 7 de abril de 2018, Lula se entregou à Polícia Federal, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, após ordem de prisão expedida por Sergio Moro. Antes de se entregar, Lula fez um discurso acalorado aos apoiadores. De Congonhas, Lula partiu de avião para Curitiba, onde começou a cumprir sua pena.
Foto: Paulo Pinto/Instituto Lula
Vigília em frente à PF em Curitiba
Depois da prisão de Lula, apoiadores do ex-presidente revezaram-se em um acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde ele permaneceu preso. O local recebeu constantes visitas de políticos e de artistas, do Brasil e do exterior. Apoiadores também realizaram caravanas pelo país, com o slogan "Lula Livre". Em fevereiro de 2019, Lula também foi condenado no caso do sítio em Atibaia.
Foto: Ricardo Stuckert
Solto após 19 meses na prisão
Lula deixou a prisão em 8 de novembro de 2019, depois de passar um ano e sete meses na sede da Polícia Federal em Curitiba. A soltura ocorreu após o STF derrubar uma decisão que autorizava a prisão em segunda instância, beneficiando diretamente o petista, que passou a recorrer em liberdade. Após deixar a prisão, Lula fez um discurso para apoiadores repleto de críticas à Lava Jato.
Foto: picture-alliance/AP Photo/L. Correa
Supremo anula condenações
Após o fim da prisão, a campanha "Lula Livre" focou na anulação de suas condenações. Os advogados do petista recorreram até o Supremo, alegando que ele era vítima de perseguição judicial. Em abril de 2021, o plenário do Supremo concluiu que Moro não era o juiz competente para atuar nos processos do petista, e dois meses depois decidiu que Moro era parcial. As condenações de Lula foram anuladas.
Foto: Alexandre Schneider/Getty Images
Uma aliança inesperada
A preparação da sexta campanha presidencial de Lula envolveu uma costura política inusitada. O petista e aliados articularam para ter como vice o ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que foi filiado ao PSDB por 33 anos e era seu antigo adversário. A aproximação teve o objetivo de atrair o voto conservador e vingou: em abril de 2022, o PSB, novo partido de Alckmin, confirmou sua indicação.
Foto: Ricardo Stuckert/AFP
Em busca do voto anti-Bolsonaro
Lula lançou sua pré-candidatura em maio de 2022, defendendo a união de pessoas de orientações políticas variadas contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. No evento, Alckmin prometeu lealdade, disse que o futuro do Brasil "está em jogo" e foi aplaudido pelos petistas.
Foto: NELSON ALMEIDA/AFP
Triunfo na busca por terceiro mandato
Após uma das campanhas mais tensas da história brasileira, Lula conquistou novamente a Presidência. Com apoio de uma frente ampla que reuniu forças de centro e antigos adversários, o petista impôs uma derrota inconteste sobre o extremista de direita Jair Bolsonaro. Aos 77 anos, Lula se tornou o político mais velho a conquistar o Planalto.