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2 de setembro de 2009

Com grande leque de filmes novos de qualidade, o Festival Internacional de Cinema de Veneza quer agradar a um público maior sem se tornar um festival de massa, apostando inclusive no cinema 3D.

Marco Müller dirige o festival e Paolo Baratta, a Bienal de VenezaFoto: picture-alliance/ dpa

Estrelado por Monica Bellucci e Michele Placido, a saga familiar de caráter autobiográfico Baaria - la porta del vento, do premiado diretor de cinema italiano Giuseppe Tomatore – o mesmo que dirigiu Cinema Paradiso – abre nesta quarta-feira (02/09) a 66ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza.

Até 12 de setembro próximo, o festival oferece um programa de alta qualidade com mais de 70 estreias mundiais de filmes provenientes de mais de 30 países. Neste ano, 24 películas concorrem ao Leão de Ouro, três a mais do que no ano anterior. O júri do festival deste ano é presidido pelo cineasta taiwanês Ang Lee, diretor de Brokeback Mountain, que já levou dois Leões de Ouro para casa em anos anteriores.

Com seis filmes na mostra principal, os Estados Unidos estão fortemente representados em Veneza 2009, incluindo um filme dirigido pelo renomado cineasta alemão Werner Herzog. Da França e da Itália foram selecionadas, respectivamente, quatro produções. Dois filmes concorrem ao Leão de Ouro pela Alemanha.

O Brasil ficou mais uma vez de fora da mostra principal no Festival de Veneza. Na mostra paralela Horizontes, de novas tendências no cinema, Insolação, de Daniela Thomas e Felipe Hirsch, e Viajo porque preciso, volto porque te amo, de Marcelo Gomes e Karïm Aïnouz, competem pelo Brasil.

Apostando no futuro

Realizada desde 1932, a Mostra Internazionale d'Arte Cinematrografica de Veneza está entre os mais antigos e renomados festivais de cinema do mundo. Após severas críticas, no ano passado, sobre a falta de qualidade e organização do festival, além dos preços exorbitantes cobrados pelos serviços em torno da mostra, os organizadores prometem melhoras em todos os níveis neste ano.

Com um grande leque de filmes novos de qualidade, o Festival de Veneza quer agradar a um público maior sem se tornar um festival de massa, apostando inclusive no cinema 3D. As versões 3D de Toy Story e Toy Story 2 serão mostradas pela primeira vez ao público em Veneza.

Com uma mistura de produções hollywoodianas, filmes de autor europeus e películas asiáticas, pelo menos no papel o Festival de Veneza tem mais a oferecer do que no ano passado. O programa oficial traz, entre outros, os novos filmes dos velhos mestres franceses Jacques Rivette e Patrice Chéreau e também de autoridades do cinema independente norte-americano, como Todd Solondz e Steven Soderbergh.

Cinema norte-americano

Paolo Baratta, presidente da Bienal de Veneza, organizadora do festival, está orgulhoso da forte presença norte-americana. Estrelas como George Clooney e Charlize Thereon garantem também o glamour do festival. Segundo Baratta, a greve de roteiristas não pôs o cinema norte-americano em crise, como foi afirmado durante o Festival de Cannes. "Ele vai bem, é vital", disse.

Além de Werner Herzog, a forte presença dos EUA é garantida por diretores como Michael Moore, John Hillcoat, George Romero e Tom Ford, ex-designer da marca Gucci, em sua estreia como diretor com A single man, estrelado por Colin Firth e Julianne Moore.

Dezesseis filmes norte-americanos irão estrear em Veneza. O filme do realizador Michael Moore, que com Fahrenheit 9/11 ganhou a Palma de Ouro de Cannes em 2004, talvez seja o mais esperado. Seu novo documentário Capitalism: a love story coloca os Estados Unidos à prova, em tempos de crise financeira e econômica

Produções alemãs

Fatih Akin e Werner Herzog garantem presença alemãFoto: picture-alliance/ dpa

Concorrendo pela Alemanha, Soul Kitchen, do diretor turco-alemão Fatih Akin, premiado com o Urso de Ouro por Contra a Parede em 2004, conta a história da transformação de um bar de centro de cidade, no qual circulam personagens de diferentes culturas, em um local hype, após a presença de um novo locatário.

O filme da videoartista e fotógrafa iraniana Shirin Neshat Women without men também concorre pela Alemanha. O longa de estreia de Neshat, que vive nos EUA, é uma adaptação literária para o cinema que revela o destino de várias mulheres no Irã, após o golpe de Estado de 1953.

Outras duas contribuições alemãs concorrem na mostra Horizontes: o documentário de Romuald Karmakar sobre o DJ chileno-alemão Ricardo Villalobos e o longa Zarte Parasiten, de Christian Becker e Oliver Schwaber, que conta a história de amor de um casal que desenvolveu suas próprias estratégias de sobrevivência.

Contribuição à sétima arte

Para o diretor artístico do festival, Marco Müller, o Festival de Cinema de Veneza deste ano "é finalmente um festival como eu sempre quis". Müller apontou a presença de Michael Moore e Fatih Akin em Veneza como sinal da importância internacional da mostra.

Müller dirige o festival há cinco anos e quer solidificar a fama do evento como plataforma para o lançamento de "filmes difíceis", como também daqueles que respondem à crise de forma criativa.

Neste ano, o inovador diretor norte-americano de filmes de animação John Lasseter, responsável por Toy Story, dividirá com seus colegas dos estúdios Disney/Pixar um Leão de Ouro em honra à sua carreira e contribuição à sétima arte.

CA/ap/dpa/epd/ots

Revisão: Alexandre Schossler

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