A resposta mitológica à criação de Roma surgiu quando a cidade já havia virado império mundial. Conta a lenda que Eneias, filho do rei de Troia e da deusa Vênus, fugiu de sua cidade durante uma batalha. Acompanhado de alguns homens, seguiu para a península itálica, onde seu filho Ascânio iniciou um povoamento chamado Alba Longa. Dois descendentes de Eneias – Numitor e Amúlio – apareceriam mais tarde em relatos sobre a criação de Roma.
A lenda continua: ao morrer, Sílvio Procas, duodécimo rei de Alba Longa, teria deixado dois filhos. O mais moço, Amúlio, apoderou-se do trono, preterindo Numitor, seu irmão mais velho. Para garantir o reinado de seus descendentes, matou Lauso, filho de Numitor, e obrigou sua sobrinha, Reia Sílvia, a jurar castidade. Contudo, Marte, o deus da guerra, tornou Reia Sílvia mãe dos gêmeos Rômulo e Remo.
Quando Amúlio soube disso, condenou Reia Sílvia à morte e ordenou que os dois recém-nascidos fossem lançados numa cesta ao rio Tibre. Arrastadas pela correnteza, as crianças teriam sido encontradas na base do monte Palatino por uma loba, que passou a amamentá-los. Nos rastros da loba, pastores da vizinhança encontraram os gêmeos e se encarregaram de criá-los.
Remo foi morto por Rômulo
Mais tarde, Rômulo e Remo foram levados à presença do solitário Numitor, que reconheceu seus netos e lhes contou a desonra. Num ato de vingança, eles tomaram o palácio de Alba Longa, mataram o rei Amúlio e coroaram novamente o avô Numitor. Em sinal de gratidão, receberam a autorização para fundar uma cidade no local em que haviam sido abandonados.
Por vontade dos deuses, o povoado, logo cercado de muralhas, foi batizado Roma. Remo zombou do fosso de defesa aberto ao longo da muralha e foi morto pelo furioso Rômulo. Ambicioso em seus projetos, este começou a povoar a cidade com pastores, bandidos, escravos fugitivos e aventureiros.
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Roma é um nome etrusco
Pelos cálculos do historiador romano Marcos Terêncio Varro (116 a.C. - 27 a.C.), levando em conta a lenda de Rômulo e Remo e a mitologia grega, 753 a.C. foi o ano da fundação de Roma. Alguns arqueólogos estimam, porém, que a cidade tenha sido fundada no ano 600 a.C. Não se descarta também a hipótese de que Roma resultou da fusão de pequenos povoados latinos e sabinos do Palatino.
Certo é que o nome "Roma" veio dos etruscos, um povo de origem desconhecida que desapareceu na história, deixando rastros enigmáticos de sua cultura, religião e legislação no Império Romano. Os arqueólogos também encontraram marcas dos etruscos nas técnicas de urbanismo e canalização.
Pouco a pouco, os romanos conseguiram se livrar do domínio etrusco, expandindo sua influência na África, Europa Central e Ocidental, Grécia e Ásia Menor. Em 509 a.C., a monarquia foi derrubada e instaurou-se a República. De 200 a.C. até o ano 476, Roma atravessou seis séculos de contínua expansão territorial, formando um império ainda mais vasto do que o de Alexandre, o Grande.
Tomada pelos germanos em 476, Roma entrou para a história como símbolo de poder e civilização, de tragédia e glória – a "cidade eterna". Ainda hoje, qualquer escavação ou simples canteiro de obras revelam novos detalhes do passado da cidade.
Herança romana em Trier
Os numerosos monumentos preservados na cidade de Trier são excepcionais testamentos de 400 anos de domínio romano. Desde 1986, esses monumentos são considerados Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.
Foto: Presseportal der Stadt Trier
Uma das cidades mais antigas da Alemanha
O imperador romano Augusto fundou Trier por volta do ano 16 a.C. A cidade não é apenas uma das mais antigas da Alemanha, mas também um importante abrigo de monumentos históricos e artísticos. Isso fica evidente na Porta Nigra, que até hoje é a entrada norte da cidade e um símbolo de Trier.
Foto: DW / Nelioubin
Antiga cultura dos banhos
Estas termas no largo Viehmarkt (mercado de gado) estão entre as mais antigas construções da cidade, mas só foram descobertas em 1987. No século 4, esse era o local onde os moradores cuidavam do corpo e da saúde. Desde 1998, as escavações fazem parte de um museu, que é o local ideal para conhecer melhor a cultura dos banhos na Roma Antiga.
Foto: picture alliance/Richard Linke
Variação luxuosa dos banhos romanos
Com o crescimento econômico de Trier, cresceram também as exigências de seus moradores. Para atender às novas exigências, foram construídas as Termas de Barbara. O que hoje está em ruínas foi, em sua época, a segunda maior terma de todo o Império Romano. Além de esculturas, paredes em autorrelevo e pisos de mármore, as termas contavam com duas piscinas aquecidas.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas imperiais
As Termas Imperiais, como o nome sugere, seriam as termas pessoais do imperador Constantino. Mas elas nunca entraram em funcionamento. Quando o imperador mudou sua capital de Trier para as margens do Bósforo, interrompeu a construção das termas. Hoje, as imponentes ruínas são uma das principais atrações de Trier.
Foto: picture-alliance/dpa
Centro da vida social
Com capacidade para até 20 mil pessoas, este prestigioso anfiteatro foi construído entre 150 e 200 d.C. A arena era palco regular de lutas de gladiadores e animais, bem como de importantes discursos e anúncios. Hoje, o complexo, que inclui câmaras subterrâneas, atrai muitos turistas para espetáculos diversos.
Foto: picture-alliance/dpa
Nave monumental
A Basílica de Constantino é hoje uma igreja protestante. A altura e a largura da nave impressionaram visitantes através dos séculos. Até o final do século 4, a monumental construção de tijolos foi usada como salão de recepção do imperador romano. Suas paredes são decoradas com mármore e mosaicos em ouro.
Foto: Pfr. Dr. Thomas Dörken-Kucharz
A igreja mais antiga da Alemanha
Localizada no centro da cidade, a Catedral de Trier foi, originalmente, a residência de Helena, mãe do Imperador Constantino. Quando ela se converteu ao cristianismo, doou o palácio para a igreja. Em 310, a construção foi consagrada como Catedral de Trier, tornando-se, assim, a igreja mais antiga da Alemanha.
Foto: picture-alliance/Bildagentur Huber
Tesouros arqueológicos
Quem se interessa pelo domínio romano em Trier, que terminou no século 5, deve visitar também o Museu Regional Renano de Trier. Com uma área de exposição de quatro mil metros quadrados, o museu expõe significativas descobertas arqueológicas de vários períodos. Entre os destaques da era romana estão a coleção de peças de ouro, os preciosos mosaicos e os grandes monumentos de sepulturas