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A acidentada estreia dos patinetes elétricos na Alemanha

Rebecca Staudenmaier fc
9 de julho de 2019

Novos veículos individuais têm inundado as ruas de cidades de toda a Alemanha desde que receberam luz verde do governo. Mas pico de acidentes de patinete gera preocupação entre policiais e médicos.

Patinete elétrica estacionada na praça da Catedral de Colônia
Patinetes elétricas já tomaram conta de diversos locais em ColôniaFoto: DW/R. Staudenmaier

A primeira lição ao conduzir um patinete elétrico, como com qualquer outro veículo, é tentar não bater em ninguém. Numa tarde ensolarada e movimentada na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, isso se mostra mais difícil do que o previsto, quando pedestres, ciclistas e outros patinetes se acumulam ao longo do calçadão à margem do rio Reno.

"Você tem de prestar atenção especial a quem está andando à sua frente", diz Anjya Rehorst, enquanto ela e o marido empurram seus patinetes elétricos pelos os paralelepípedos. "Eles não ouvem você se aproximando."

Os veículos têm inundado as ruas de cidades de toda a Alemanha, desde que receberam a luz verde do governo, em meados de junho. Centenas de modelos de aluguel estão atualmente circulando nas ruas de Colônia, e a cidade contam com cerca de 40 mil até o fim do ano.

Muitos dos novos usuários, como Rehorst, são grandes fãs de como é barato e fácil se locomover de patinete elétrico pela cidade. Quando o tráfego diminui, eles podem realmente testar o limite de 20 km/h do motor. Mas patinetes não são tão estáveis quanto bicicletas, e os freios levam mais tempo para funcionar. Andar sobre paralelepípedos, como os que cobrem a maior parte da zona antiga de Colônia, torna o veículo ainda mais instável, sacudindo os condutores até os ossos.

"Meu patinete acabou de quebrar", comenta um homem de meia-idade, ao desbloquear um dos outras sete estacionados ao acaso ao redor da praça. "Ela bateu num paralelepípedo meio levantado e parou de funcionar."

Exceto o caso do jovem de 21 anos que teve a carteira de habilitação cassada por dirigir embriagado seu patinete elétrico, Colônia tem visto relativamente poucos acidentes envolvendo esse meio de transporte. Outras cidades alemãs não tiveram tanta sorte.

A polícia de Munique relata uma série de acidentes, incluindo o de uma senhora de 85 anos, derrubada de seu patinete depois de ser cortada por um carro. Em outro caso, um jovem de 23 anos bateu num carro da polícia. As autoridades também pararam 38 bêbados e seis drogados a bordo de patinetes.

Um homem de 28 anos da cidade de Erkelenz, no oeste alemão, virou manchete em todo o país depois de seguir a navegação sugerida pelo GPS do seu celular e entrar com seu patinete numa autoestrada. O homem percorreu cerca de sete quilômetros até ser escoltado por dois carros para fora da rodovia, até onde a polícia o estava esperando.

Apenas duas semanas após a liberação em Berlim, a polícia registrava cinco acidentes envolvendo patinetes, com dois usuários sofrendo ferimentos graves. Outros oito foram autuados por dirigir alcoolizados.

Berlim tenta intensificar os esforços para informar os condutores, diz à DW Stefan Drescher, chefe da prevenção de acidentes rodoviários da polícia local. O principal alvo são os turistas, provavelmente desinformados sobre as regras para uso do patinete elétrico na Alemanha. "Nós traduzimos nosso folheto informativo para o inglês, e vamos distribuí-lo pela cidade", adianta. Ainda não há planos de traduzir o material para outros idiomas.

Por enquanto, usuários de patinetes parecem ter mais medo dos pedestres que ao contrárioFoto: DW/R. Staudenmaier

Os acidentes também geraram preocupação entre a comunidade médica, com alguns especialistas questionando a estratégia de implantar os novos veículos sem se criar uma infraestrutura suficiente para garantir a segurança dos motoristas.

"Não estamos devidamente preparados para os patinetes elétricos na Alemanha", critica Christopher Spering, cirurgião-chefe do Centro Médico da Universidade de Göttingen. O também diretor do grupo de trabalho para prevenção de lesões da Sociedade Alemã de Cirurgia do Trauma (DGU) afirma que os usuários correm o risco de lesões cranianas e fraturas das mãos e tornozelos.

"Há um potencial extremamente alto de lesões", diz Spering, explicando que a posição em pé do condutor torna os patinetes "mais perigosos do que as bicicletas". Embora o capacete não seja obrigatório, médicos e polícia aconselham enfaticamente o seu uso.

Mas Spering acha que a criação de faixas especiais reservadas apenas para os novos veículos protegeria melhor os condutores. "Enquanto associação de especialistas médicos, não somos contra os patinetes elétricos", frisa. "Só estamos dizendo que é preciso regras."

De volta à Colônia, os usuários de patinetes elétricos parecem ter mais medo dos pedestres do que o contrário, "costurando" entre a multidão que circunda a famosa catedral da cidade.

A lei proíbe estacionar os veículos individuais em certas áreas de Colônia, inclusive em torno da imponente igreja. Apesar disso, há vários deles estacionados ao redor da praça.

"Acho que os patinetes são uma coisa boa", comenta Sabrina Jeckel, de 36 anos, enquanto examina um modelo preto e laranja. "É bom nem sempre ter que pegar ônibus ou bonde." Ela não está preocupada com a questão de segurança, pois crê que quem escolhe subir num patinete elétrico em geral se informa sobre as regras – "embora isso dependa do motorista".

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