Famoso pela postura firme durante crise do euro, atual ministro das Finanças Wolfgang Schäuble, deputado há quatro décadas, é cotado para assumir presidência do Parlamento e, assim, aplacar barulho dos nacionalistas.
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O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, será o novo presidente do Parlamento alemão (Bundestag), noticia a imprensa alemã nesta quarta-feira (27/09). A escolha seria a saída encontrada pelo governo Angela Merkel e seus futuros aliados para lidar com os populistas de direita no plenário.
Embora o chanceler federal (Angela Merkel) tenha mais poder, na hierarquia protocolar do Estado alemão, a presidência do Bundestag ocupa a segunda posição, atrás apenas do presidente da República. Atualmente, o cargo de presidente do Parlamento é ocupado pelo democrata Norbert Lammert, da União Democrata Cristã (CDU), partido de Merkel e vencedor das últimas eleições.
Partidários da CDU e sua aliada bávara União Social Cristã (CSU) disseram aos repórteres da agência de notícias DPA e ao tabloide Bild que Schäuble provavelmente será nomeado em 17 de outubro.
Após a eleição legislativa de domingo, membros de CDU, CSU, do Partido Liberal Democrata (FDP) e do Partido Verde – todos envolvidos em complicadas negociações para formar um governo – mencionaram de forma independente que o controverso ministro das Finanças poderia ser um bom nome para liderar o Bundestag.
"Wolfgang Schäuble certamente seria um bom presidente do Bundestag, mas a CDU/CSU decidirá de forma totalmente autônoma quem eles indicarão", disse Wolfgang Kubicki, membro do alto escalão do FDP, ao diário alemão Rheinische Post.
Os liberais estão de olho no posto de ministro das Finanças. Ainda na campanha eleitoral, o chefe do FDP, Christian Lindner, manifestou interesse. Ele já repassou aos democratas o apoio do FDP para a candidatura de Schäuble à presidência do Bundestag.
"Como uma personalidade excepcional, Wolfgang Schäuble tem uma autoridade natural que é particularmente importante ao liderar o Bundestag durante esses tempos", disse Lindner. "Ele, sem dúvida, transmitirá para fora uma imagem de validade ao parlamento, e manterá sua dignidade interna."
A liderança da aliança CDU/CSU enfatizou que nunca teria sugerido o nome de Schäuble se a posição de presidente do Bundestag não fosse atualmente considerada uma tarefa de prioridade.
Afinal os partidos sabem a partir dos parlamentos estaduais como os nacionalistas da Alternativa para a Alemanha (AfD) habilmente desempenham um papel fundamental nas ordens executivas. Quebra de protocolo é considerado um meio para obter sucesso e chamar a atenção da mídia.
A preocupação é grande que os parlamentares da AfD levem agora esse estilo de confronto para o Bundestag. O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, também advertiu expressamente para os limites do debate político: antissemitismo, xenofobia e negação de marcos negativos da história alemã, como o Holocausto, são tabu.
E o Bundestag, avaliam os políticos ao redor de Merkel, precisa de um presidente que se imponha e sancione em caso de quebras destas regras em debates.
Ao ser questionado sobre seu futuro político, Schäuble afirmou ao jornal Mittelbadische Presse que, tão pouco tempo depois da eleição, ainda não está pensando nisso.
Schäuble é o membro mais antigo do Parlamento alemão – há 45 anos presente no plenário. Neste interim, o democrata liderou três ministérios. À frente da pasta das Finanças, Schäuble teve papel de destaque nas negociações de austeridade com países do Sul da Europa.
PV/rtr/afp/dpa/ots
Deputados da AfD no Bundestag
Entre os 94 parlamentares eleitos para o Parlamento alemão pelo partido populista de direita há vários nomes que chamara a atenção por declarações polêmicas.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Stratenschulte
Alice Weidel
Antes de ser escolhida para encabeçar a lista de candidatos da AfD, em abril de 2017, esta consultora de empresas de 38 anos era praticamente desconhecida no cenário político alemão. Ela é natural de Gütersloh e vive com a parceira e os dois filhos desta na Alemanha e na Suíça. Weidel trabalhou como analista para gestão de patrimônio no banco Goldman Sachs, em Frankfurt.
Foto: Reuters/A. Schmidt
Alexander Gauland
Até 2013, o jurista Alexander Gauland, de 76 anos, foi membro da CDU. Natural de Chemnitz, este conservador-nacionalista ficou conhecido por comentários xenófobos. Ele disse que ninguém gostaria de ter alguém como o jogador negro Jérôme Boateng como vizinho e sugeriu que a encarregada do governo para assuntos de integração, Aydan Özoguz, perdesse a cidadania alemã e fosse "descartada" na Anatólia.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Beatrix von Storch
Beatrix Amelie Ehrengard Eilika von Storch é uma advogada de 46 anos e nasceu numa família nobre, a Casa de Oldenburg, em Lübeck, no norte da Alemanha. Ela é uma das poucas mulheres da AfD no Bundestag. Esta fundamentalista cristã é contra o aborto e causou polêmica com a sugestão de atirar contra refugiados, inclusive mulheres e crianças, que tentarem cruzar a fronteira da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Murat
Wilhelm von Gottberg
Este ex-policial de 77 anos chegou a ser prefeito pela CDU no leste da Alemanha, mas deixou o partido em 2011. Ele foi por muito tempo vice-presidente da associação dos alemães que, com o fim da Segunda Guerra, foram expulsos dos antigos territórios alemães no Leste Europeu e chamou o Holocausto de "instrumento eficaz para a criminalização dos alemães e de sua história".
Foto: picture-alliance/dpa/T. Brakemeier
Petr Bystron
Este consultor de empresas de 44 anos é natural da antiga Tchecoslováquia e, até 2013, integrava o Partido Liberal Democrático. Embora seja considerado um moderado, ele é, até onde se sabe, o único político da AfD que é vigiado pelo serviço secreto interno da Alemanha. O motivo: sua proximidade com o Movimento Identitário, que defende a preservação das "identidades nacionais europeias".
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Mariana Harder-Kühnel
Em seu site, esta advogada de Hessen defende a "proteção do cidadão, o fortalecimento da família e a restauração do Estado de Direito". Na página do escritório de advocacia de seu marido, onde ela trabalha, o currículo dela não menciona a militância na AfD.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Roessler
Leif-Erik Holm
Este ex-radialista (ao centro na foto) de 47 anos é natural de Schwerin, no nordeste da Alemanha, e considerado um moderado. Ele já foi o assessor da agora também deputada federal pela AfD Beatrix von Storch. Até esta eleição, ele foi o líder da bancada da AfD em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde o partido é a principal força de oposição ao governo estadual.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt
Martin Hohmann
Este político de 69 anos, natural de Fulda, é o único deputado da AfD que já ocupou um mandato no Bundestag, na época pela CDU. Em 2003, no Dia da Unidade Alemã, ele fez um discurso que foi considerado antissemita. Como consequência, acabou excluído da bancada da CDU no Parlamento alemão e, mais tarde, do partido. Ele é frequentemente associado à ala ultradireitista da AfD.
Foto: Imago/Hartenfelser
Jens Maier
Este juiz do Tribunal Regional de Dresden tem 55 anos. Referindo-se ao polêmico deputado estadual Björn Höcke, líder da AfD da Turíngia, ele mesmo se considera "o pequeno Höcke". Maier defende o fim do que chama de "culto da culpa" dos alemães e adverte contra a "criação de povos misturados", pelo que foi repreendido pela corte onde trabalha.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert
Armin-Paul Hampel
Este político de 60 anos foi jornalista da emissora pública ARD. É amigo de Alexander Gauland e, na condição de membro da cúpula nacional da AfD, votou contra a exclusão de Björn Höcke por sua crítica ao Memorial do Holocausto, em Berlim. Ele mantém ligações com organizações de ultradireita na Alemanha, como uma que é vigiada pelo serviço secreto interno.
Foto: Reuters/W. Rattay
Frauke Petry
A co-presidente e rosto mais conhecido da AfD anunciou, logo após a eleição, que não integrará a bancada dos populistas no Bundestag e, um dia depois, que deixará o partido, mas sem definir data. Esta química de formação foi casada com um pastor evangélico, com quem tem quatro filhos e de quem se separou em 2015. Ela casou de novo e teve um quinto filho. Petry é associada à ala moderada da AfD.