A 57ª temporada promete ser uma montanha russa de fortes emoções. O campeonato começou embolado como nunca se viu nos últimos 20 anos. Clubes cansados de seu papel de coadjuvantes pretendem agora se tornar protagonistas.
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Há anos que a disputa pelo título de campeão alemão parece ser um jogo de cartas marcadas. A cada nova temporada, institutos de pesquisa realizam previamente enquetes com torcedores, jornalistas, jogadores e técnicos de futebol para saber qual clube tem as maiores chances de erguer a salva de prata ao final da competição. O resultado tem sido sempre o mesmo, com o Bayern de Munique disparado na frente.
Dos treinadores da Bundesliga, apenas Florian Kohfeldt, do Werder Bremen, apontou o Borussia Dortmund como campeão da nova temporada. Todos os outros foram unânimes em declarar seu voto favorável ao atual heptacampeão.
As últimas sete temporadas apenas confirmaram as pesquisas de opinião, haja vista os sete títulos consecutivos vencidos pelo Bayern. Foi bom para o clube de Munique, mas ruim para a Liga, porque o campeonato ficou com a marca de ser um torneio pouco competitivo. Os críticos mais contundentes costumam citar a Premier League inglesa e a La Liga espanhola como exemplos de maior alternância na galeria dos respectivos campeões. Enquanto isso, a Bundesliga se transformou numa marchinha de uma nota só.
Exemplos não faltam. Na temporada 2012/2013, já na metade do primeiro turno, os bávaros abriram uma considerável vantagem de sete pontos sobre o seu mais direto perseguidor, o Schalke 04. Nunca mais largaram a liderança e terminaram a campanha com 25 pontos à frente do vice-campeão Borussia Dortmund. O fenômeno se repetiu em 2015/2016, ainda que a diferença em relação ao segundo colocado no final do campeonato fosse de "apenas" 10 pontos.
Na temporada que passou, a decisão acabou ficando para a última rodada e, pelo andar da carruagem, a tendência de haver uma disputa mais acirrada pode se repetir agora. Basta dar uma olhada na tabela de classificação depois dos jogos realizados neste fim de semana. Atualmente, somente dois pontos separam o líder Borussia Mönchengladbach do sétimo colocado Bayer Leverkusen, com a ressalva de que cinco clubes ocupam o terceiro posto, todos com 14 pontos ganhos.
De 1999 para cá, uma situação muito semelhante na sétima rodada da competição aconteceu uma única vez. Foi na campanha de 2006/2007. Apenas dois pontinhos separavam os líderes Werder Bremen, Bayern e Schalke do oitavo colocado Stuttgart. A luta pelo título continuou renhida até o fim, e foi decidida apenas no último dia da competição a favor dos suábios do Stuttgart, com a vitória sobre o Energie Cottbus por 2 a 1. Me lembro muito bem dessa partida, porque os gols do campeão foram marcados pelo brasileiro Cacau e pelo jovem volante Khedira, de apenas 20 anos na época.
Naquela temporada, em nenhum momento o Stuttgart chegou a despontar como líder inconteste da competição. Werder Bremen, no primeiro turno, e Schalke 04, no segundo, dominavam a disputa. Ambos, porém, bobearam na penúltima rodada e amargaram derrotas. O Stuttgart, que vinha na cola dos dois em terceiro lugar, aproveitou sua chance e conquistou seu quinto título de campeão alemão, apesar de ter liderado o torneio em apenas três rodadas – na 12ª e nas duas últimas.
Armin Veh, técnico do campeão, logo depois do apito final teria dito com sua habitual modéstia: "Começar bem o campeonato não quer dizer nada. O importante é terminar bem. Foi o que fizemos."
Pelo que se viu até agora, há fortes indícios de que esta 57ª temporada da Bundesliga promete ser uma montanha russa de fortes emoções.
O torcedor do Bayern que o diga. Depois do brilho incomum na Champions League diante do Tottenham, o time escancarou seus pontos fracos frente ao modesto, mas esforçado, Hoffenheim.
A torcida do Borussia Dortmund já começa a colocar suas barbas de molho depois de três empates consecutivos, dois dos quais cedidos no fim do jogo, além de se irritar com a lerdeza e a hesitação do treinador Lucien Favre.
O RB Leipzig, após início fulminante na Bundesliga, corre o risco de desgaste físico prematuro por conta do seu elenco enxuto, de apenas 25 jogadores
Cito esses três clubes, porque são considerados pela mídia especializada como os maiores candidatos à conquista da salva de prata. Coincidência ou não, os três já mostraram seus pontos vulneráveis, e times não tão cotados para entrar na luta pelo título podem se aproveitar dessas vulnerabilidades impondo-lhes tropeços inesperados.
Fato é que, neste início de campeonato, a Bundesliga embolou geral como nunca se viu nos últimos 20 anos. Apresentam-se clubes que, cansados do seu papel de meros coadjuvantes, pretendem se tornar protagonistas. Borussia Mönchengladbach, Wolfsburg e Freiburg representam bem essa nova postura. Não é à toa que os três estão no G4 da atual tabela de classificação do campeonato.
Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Desde 2002, atua nos canais ESPN como especialista em futebol alemão. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit sai às terças. Siga-o no Twitter, Facebook e no site Bundesliga.com.br
O Campeonato Alemão de Futebol tem a reputação de formar grandes talentos. Confira jogadores com menos de 21 anos que prometem brilhar nos clubes alemães nesta temporada da Bundesliga.
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Kai Havertz, 20, Bayer Leverkusen
Kai Havertz é a maior promessa do futebol alemão. Em 88 partidas, o meio-campista do Leverkusen marcou 24 gols. Ele é tecnicamente soberbo, forte com os dois pés, consegue cavar espaço, além de marcar e dar assistência a gols. Havertz quer ficar no Leverkusen nesta temporada, mas parece ser apenas uma questão de tempo antes de seguir em frente. O Bayern de Munique já está de olho nele.
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Jadon Sancho, 19, Borussia Dortmund
Inglês que joga na Alemanha, Sancho é uma espécie de pioneiro que está sendo seguido por muitos outros jovens britânicos. O ex-jogador do Manchester City tem velocidade e serenidade, com talento para tomar decisões apesar da tenra idade. Ele foi um dos astros da temporada passada da Bundesliga, marcando 12 gols e fazendo 17 assistências.
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Dayot Upamecano, 20, RB Leipzig
O zagueiro francês (camisa branca) é outro predestinado a brilhar. Figura imponente, Upamecano domina os lances no ar e é veloz. Ele joga duro nas disputas de bola, mas quase sempre é justo. Apesar de lapsos de concentração muitas vezes comuns em jovens jogadores, ele se tornou um dos pilares da defesa mais fechada do Campeonato Alemão.
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Ibrahima Konaté, 20, RB Leipzig
Outro zagueiro do Leipzig que domina tanto no ar quanto no solo. No ano passado, Konaté teve uma temporada soberba, com participação em 43 partidas. O francês é cobiçado por alguns clubes europeus, mas seu contrato vai até 2023. Konaté descreve seu colega Upamecano "como um irmão", e espera-se da dupla uma parceria brilhante também nesta temporada da Bundesliga.
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Alphonso Davies, 18, Bayern de Munique
O canadense nascido em um campo de refugiados na África joga pelo clube bávaro desde janeiro e marcou seu primeiro gol na Bundesliga em março de 2019, contra o Mainz. A saída de Franck Ribéry e Arjen Robben do clube pode dar a Davies mais oportunidades neste ano, especialmente após a lesão de Leroy Sané, do Manchester City, cotado para o Bayern.
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Marcus Thuram, 21, Mönchengladbach
O filho de Lilian Thuram, campeão mundial pela França, está no clube alemão desde julho, depois de impressionar nos franceses Sochaux e Guingamp. Ao contrário de seu pai, um dos melhores defensores de sua geração, Marcus é um jogador ofensivo e prefere jogar pela esquerda ou no ataque. Alto e forte, Thuram é um driblador nato e pode substituir Thorgan Hazard, que foi para o Dortmund.
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Weston McKennie, 20, Schalke
"Com seu caráter e como jogador, Weston personifica muito do que precisamos", diz o técnico do Schalke, David Wagner, sobre o americano McKennie. Devido à sua flexibilidade, o jogador de 20 anos é titular da equipe. Apesar de jovem, ele é um jogador completo, que pode dar a estabilidade necessária ao meio-campo do Schalke.
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Evan N'Dicka, 19, Eintracht Frankfurt
Outro francês, o zagueiro N'Dicka roubou as atenções com o ótimo desempenho do Frankfurt na temporada passada. Excelente na segunda metade da temporada, ele ganhou o prêmio Rookie of the Month da Bundesliga (para menores de 23 anos) em fevereiro. Inteligente e decisivo, o jovem de 19 anos deve ter uma grande temporada pela frente.
Foto: picture-alliance/dpa/Eintracht Frankfurt
Josh Sargent, 19, Werder Bremen
O atacante americano impactou na temporada passada, ao marcar um gol apenas dois minutos após deixar o banco em sua estreia na Bundesliga. Ele terminou a temporada com dois gols marcados em apenas 205 minutos de jogo. Sargent chegou ao Werder em julho de 2018 e tem contrato até 2022. Florian Kohfeldt, técnico do Bremen, é só elogios ao jogador.
Foto: picture-alliance/sampics/C. Pahnke
Jann-Fiete Arp, 19, Bayern de Munique
Espera-se muito da atuação do jovem atacante alemão na equipe bávara, principalmente agora quando os campeões querem aliviar a pressão sobre Robert Lewandowski . Arp causou sensação ao marcar nas suas duas primeiras aparições profissionais, mas não conseguiu brilhar com o Hamburgo na Segunda Divisão. Agora no Bayern, dá um grande passo à frente.
Foto: Imago Images/ZUMA Wire/E. Williams
Tyler Adams, 20, RB Leipzig
O americano Tyler Adams chegou ao Leipzig em janeiro, vindo diretamente de Nova York, e logo pareceu sentir-se bem no novo ambiente. Forte no ataque, perspicaz no passe e com uma cabeça inteligente, Adams é um verdadeiro "allrounder" que pode jogar em diferentes posições.
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Ademola Lookman, 21, RB Leipzig
Outro inglês que seguiu os passos de Sancho, Lookman já havia sido emprestado ao Leipzig. Na temporada 2017/18, jogou 11 partidas pela Bundesliga, marcou cinco gols e fez quatro assistências. Agora, o jovem de 21 anos está de volta ao Campeonato Alemão, depois de o Leipzig tê-lo comprado do Everton FC por 18 milhões de euros. A expectativa é grande!
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Achraf Hakimi, 20, Borussia Dortmund
O lateral emprestado pelo Real Madrid ao Borussia Dortmund é rápido como uma flecha e um forte driblador. Em 21 jogos da Bundesliga, o marroquino nascido na Espanha marcou dois gols e deu quatro assistências, antes de fraturar o metatarso em abril. Agora está em forma novamente e quer aproveitar sua chance.
Foto: Reuters/L. Kuegeler
Rabbi Matondo 18, Schalke
O galês trocou o Manchester City pelo Schalke e espera ter um impacto semelhante ao de Sancho, que também deixou seu país pela Alemanha. Considerado o jogador mais rápido das fileiras do City, Matondo disputou apenas algumas partidas pelo Schalke no ano passado. Sob o comando do treinador David Wagner, ele deve agora decolar.