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A busca da identidade européia

Vera Möller-Holtkamp / lk25 de novembro de 2004

A União Européia criou símbolos para reforçar em seus habitantes a idéia de comunidade. Mas o sentimento de "ser europeu" não tem a mesma força em toda parte. Alemães e britânicos divergem neste ponto.


"Claro que sou europeu" é uma resposta que pode ser ouvida com muito mais freqüência na Alemanha do que na Grã-Bretanha. Pesquisas realizadas pela União Européia revelam que 77% dos alemães se vêem como europeus, enquanto entre os britânicos a taxa cai para pouco mais de 50%.

Os dois lados do Canal da Mancha

A identidade européia não está ancorada nas sociedades desses dois países com a mesma firmeza, um fato confirmado também pela cientista política Antje Wiener. Em entrevistas com políticos e empresários de ambas as partes – todas pessoas com poder decisório – a alemã, que atualmente leciona na Queen's University de Belfast, constatou que a sensação de "ilha" se manifesta com freqüência na forma de pensar dos britânicos.

"A Europa fica sempre do outro lado do Canal da Mancha, o pessoal diz que vai para a Europa, viaja para a Europa." A perspectiva só muda, diz ela, quando o britânico está fora da Europa, por exemplo, na Ásia ou nos Estados Unidos. Já os alemães gostam de acentuar a importância dos valores comuns dos europeus. "Eles têm mais um ponto de vista normativo: a Europa é algo de bom para nós e precisamos aprofundar isso".

Das estrelas douradas à constituição

O bloco, composto agora por 25 países, aposta há muito em símbolos para acentuar o espírito comunitário. Já desde a década de 50 existe a bandeira européia – azul, com um círculo formado por estrelas douradas. Mais tarde, o quarto movimento da Nona Sinfonia de Ludwig van Beethoven – a Ode à Alegria – foi escolhido como hino da comunidade. Bandeira e hino foram incluídos oficialmente como símbolos da UE no texto da constituição européia, assinada em Roma em fins de outubro.

Constituição, aliás, é uma palavra que soa estranha para os britânicos, já que a Grã-Bretanha não dispõe de algo semelhante. Segundo Antje Wiener, eles só veriam sentido num tal documento se fosse um acordo que estabelecesse claramente as competências dentro da comunidade, que tornasse as coisas mais transparentes e mais simples, enfim que determinasse como deve ser "a versão final da União Européia".

Apostar na multiplicidade cultural

A cientista política sente simpatia pela mentalidade dos britânicos que se vêem em primeiro lugar como tal e só depois como europeus. "Até agora os políticos em Bruxelas sempre partiram do princípio de que os cidadãos da Europa deveriam se transformar a todo custo em 'cidadãos europeus'." Em sua opinião se deveria apostar antes na multiplicidade cultural, que é justamente uma das mais acentuadas características da Europa. De tal forma que as pessoas se sentissem "em casa" em diferentes culturas.

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