A Copa para quem tem um pouco mais de dinheiro
17 de março de 2006A empresa International Sports and Entertainment (iSe) reservou junto à Fifa os direitos exclusivos para a comercialização do "programa de hospitalidade" durante a Copa. Entre suas tarefas, está a administração das áreas VIPs dos estádios. Em vez de salsicha e latinha de cerveja, reservadas ao torcedor comum, o serviço de catering nos camarotes oferece pacotes com nomes nobres, como "Elite", "Prestige" ou "Premier".
Uma olhadinha para o gramado entre um copo de champanha e um canapé de caviar... O luxo talvez até seja uma forma de desviar a atenção quando a atuação da equipe do coração não corresponde às expectativas. Quem pretende reservar ou dar de presente um destes pacotes inesquecíveis da Copa tem que se apressar, pois alguns já estão esgotados.
Seis jogos por 336 mil euros
A exclusividade tem seu preço. O máximo do luxo é o chamado pacote Sky Box, cujo preço do camarote para 10 a 20 pessoas para quatro jogos da primeira fase, mais uma quarta-de-final e a final em Berlim, fica entre 156 mil e 336 mil euros. Os mais "modestos" podem escolher o pacote Hospitality, que inclui três partidas por 1900 euros.
Uma "barbada" para a iSe, que com 175,5 milhões de euros assegurou os direitos exclusivos de 346 mil lugares em camarotes e áreas VIPs nos 12 estádios onde serão disputados os jogos da Copa na Alemanha, de 9 de junho a 9 de julho próximos. Analistas calculam que a empresa deve faturar 500 milhões de euros com o luxo no Mundial de futebol.
"Uma loucura"
"Estes estádios são os mais modernos, os melhores que existem no momento no mundo. Há outros ótimos, mas que 12 deste nível estejam tão próximos é simplesmente uma loucura", diz Peter Csanadi, assessor de imprensa da iSe.
Os simples mortais portadores de ingressos "normais" para um jogo da Copa terão de suar para chegar aos estádios em metrôs ou ônibus lotados. Já quem adquiriu um dos pacotes Hospitality, por exemplo, chega de carro sem maiores dificuldades à área reservada diretamente junto ao estádio.
Csanadi acrescenta que, além da entrada exclusiva e protegida – "por causa de questões de segurança" –, os torcedores VIPs podem chegar até duas horas antes do início do jogo, que já encontram a comida na mesa.
Tendas, não barracas
Não só os números dos preços são altos, também os do serviço: nas quatro semanas de Mundial, os 346 mil torcedores "de luxo" deverão consumir cerca de 320 mil garrafas de vinho, servidas por dez mil garçons e oito mil recepcionistas.
Mau tempo não será problema, pois os torcedores "especiais" festejarão em tendas construídas exclusivamente nos gramados junto aos estádios. Stefan Bartosch, chefe da empresa responsável pelas tendas, faz questão de frisar que não se trata de barracas: "Barraca lembra acampamento, índios, coisas assim. O que será construído em Berlim, por exemplo, lembra muito mais uma cidade, em que nada falta ao visitante".
Esta "minicidade" na capital alemã terá milhares de metros quadrados, com cozinha própria, sala de estar, áreas de repouso e outros confortos mais, com a única finalidade, diz Bartosch, de "marcar no cérebro" de quem a usufrui o nome do patrocinador que lhe deu o convite.
Branco, é claro
A construção das tendas será uma verdadeira obra-prima da logística: os telhados são fornecidos por uma empresa da Bélgica, o alumínio vem de Amsterdã, o chão é feito na alemã Recklinghausen e as paredes, na Polônia.
Como não poderia deixar de ser, a cor das barracas de luxo será branca. Para que seu aspecto se diferencie um pouco das barracas dos mortais comuns, elas serão redondas, com telhados planos.
Quando a Copa tiver terminado e as barracas desmontadas, o gramado precisará de duas semanas até que esteja completamente recuperado. Ao menos "as marcas no cérebro dos convidados" devem ter ficado, para que o investimento tenha valido a pena para os patrocinadores.