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A crise da zona do euro em números

Andreas Becker (fc)19 de junho de 2015

Turbulências econômicas na Grécia e em outros países da área de moeda única se arrastam há anos. Entenda como cada um foi atingido e o que está sendo feito para se retomar a estabilidade.

Symbolbild Griechenland Schuldenkrise
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen

Nenhum país da zona do euro foi tão abalado pela crise global de 2008 como a Grécia. Desde então, a economia grega encolheu de forma drástica, num espiral que culminou no atual impasse com os credores e que pode levar Atenas a deixar a zona de moeda única.

Atualmente, Grécia e Chipre são os únicos países que continuam a receber suporte financeiro. Há alguns anos, eram quatro – Irlanda e Portugal solicitaram formalmente em 2010 apoio por meio de programas de resgate.

Eles receberam fundos da União Europeia, do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). E, em troca, concordaram em implementar programas de austeridade e reformas, que seriam supervisionados pelos credores.

Em dezembro de 2013, a Irlanda deixou o programa, e Portugal permaneceu até maio de 2014. A Espanha chegou a receber uma injeção de liquidez de Bruxelas para salvar seus bancos, mas jamais deu entrada em um processo de resgate e nunca teve que submeter suas finanças à avaliação do FMI.

O Chipre foi o último país a receber o resgate, em março de 2013. Por essa razão e pelo seu pequeno tamanho, ele não está listado nos gráficos a seguir. Os dados da Alemanha, a maior economia europeia, foram incluídos para efeito de comparação.

Impostos e austeridade

Quando a crise puxou os freios da atividade econômica, a arrecadação tributária caiu, o que deixou os governos com receitas menores. Como resultado, os Estados começaram a cortar gastos e a implementar medidas de austeridade.

Portugal merece um olhar mais atento. Em seis anos, entre 2008 e 2014, o país conseguiu aumentar suas receitas em 4%. O resultado, porém, foi alcançado a muito custo: em 2012, por exemplo, o governo cortou os gastos em 7%, na comparação com o ano anterior.

Montanhas de dívidas

Nos anos seguintes a 2008, a dívida soberana – outro termo usado para a dívida contraída ou garantida pelo governo – disparou em todo o bloco. Espanha e Irlanda, que costumavam manter suas contas bem abaixo do teto fixado pela zona do euro, viram sua dívida disparar.

A dívida do setor privado – o dinheiro devido por famílias e empresas, excluindo-se os bancos – também aumentou de forma geral. Combinadas, os débitos públicos e privados alcançaram patamares impressionantes: na Grécia e em Portugal, chegaram ao triplo do Produto Interno Bruto; e na Irlanda, foram quase quatro vezes maiores.

Desemprego

Quando a economia quebra, o desemprego dispara. De 2008 a 2014, a taxa de pessoas sem trabalho dobrou na Irlanda e quadruplicou na Grécia. A situação foi pior ainda para os gregos e espanhóis maiores de 25 anos: quase um quarto estava fora do mercado de trabalho. Para as pessoas entre 15 e 24 anos, os números não davam – e ainda não dão – muita esperança.

Em vários países, a combinação de alto desemprego, cortes nos gastos sociais e subida de impostos custou voto aos partidos tradicionais e levou a um aumento no apoio a legendas radicais, tanto de direita quanto de esquerda.

Medidas de ajuste

O crescimento econômico da Alemanha indica que o governo em Berlim foi capaz de afrouxar um pouco o cinto. Grécia e Irlanda, por outro lado, foram forçadas a apertar os seus, com o superávit primário – a diferença entre as receitas do governo e as despesas antes do pagamento dos juros da dívida pública – sob estrita supervisão dos credores.

Os dados mostram que é ambicioso demais um país atingido pela crise conseguir alcançar um superávit primário de 1% – o que é esperado da Grécia neste ano. Atualmente, Irlanda e Espanha não devem chegar nem perto desse percentual.

Não é a primeira vez que os credores internacionais fazem projeções que se provam irrealistas. No primeiro programa de resgate da Grécia, em 2010, eles previam que o país iria obter um superávit primário de 6% em 2014. Dois anos mais tarde, eles reduziram a previsão para 4,5%.

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