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A cultura brasileira, com um toque feminino

Fernando Scheller7 de abril de 2006

Na cidade que vai receber a seleção brasileira durante a Copa do Mundo, as brasileiras que vivem na região tentam mostrar que o Brasil não é só samba, futebol e carnaval.

Um dos hotéis de KönigsteinFoto: picture-alliance/ dpa

Em uma rara terça-feira ensolarada do fim de inverno alemão, quatro mulheres andam de um lado para o outro em um salão de festas em Königstein – contrastando, e muito, com o tranqüilo cenário da cidade. Entretanto, elas falam uma língua familiar.

Em português de sotaque nordestino, Ciça anuncia que os salgadinhos estão prontos. Enquanto isso, Nicola, que nasceu na Alemanha mas viveu a maior parte da vida no Brasil, corre para decorar o salão com a bandeira nacional.


O corre-corre tem motivo: em menos de duas horas acontecerá o jantar de apresentação da cultura brasileira para a população de Königstein – e cerca de 200 convidados são esperados.

O objetivo é preparar o município para a invasão brasileira durante a Copa do Mundo, mostrando o jeito de ser e de viver no Brasil em todas as suas facetas (música, cultura, culinária e economia). Nada pode sair errado – afinal, é a imagem do país que está em jogo.

Variedade

Nicola Mannhardt apresentando produtos brasileiros em KönigsteinFoto: Fernando Scheller

Nicola Mannhardt, "brasileira de coração", como ela mesmo diz, era uma das mais ansiosas. Ela tentava organizar todas os aspectos da festa, especialmente o bazar de produtos nacionais localizado no fundo do salão. O objetivo, segundo ela, foi mostrar a variedade dos produtos nacionais.

Havia de tudo um pouco: produtos de beleza produzidos a partir de ervas da floresta amazônica, biquínis, vestidos, produtos alimentícios e a cada vez mais popular cachaça.

Em sintonia com a variedade de produtos estavam as mulheres responsáveis por sua apresentação, que também representaram diferentes partes do Brasil. A pernambucana Ciça de Barros Bruckner, que mora há 19 anos na Alemanha, ajuda comitivas de empresários brasileiros interessados em entrar no mercado alemão.

'O Brasil é mais do futebol e carnaval', diz Ciça de Barros BrucknerFoto: Fernando Scheller

"Vejo o Brasil com outros olhos, não gosto só dessa história de futebol e carnaval. O Brasil é isso, mas é muito mais também. É isso que eu tento passar aqui", explica.

Já Cristina de Abreu está trazendo uma novidade brasileira para o mercado alemão. Ela usa produtos nacionais para confeccionar as cestas de café da manhã. Nicola, por sua vez, trabalha com uma empresa norte-americana que vende produtos de beleza produzidos de forma sustentável, com a ajuda de comunidades indígenas.

E a gaúcha Hildegard Wurm oferece de tudo um pouco sobre o Brasil: proprietária de uma loja virtual, ela vende uma s+erie de produtos: pão de queijo, cachaça, bombons Garoto, entre outras gostosuras: "Quando experimentam os nossos produtos, os alemães gostam muito", diz.

Longo prazo

A equipe de organização do evento procurou a Embaixada do Brasil, órgãos de turismo e promoção comercial do país para mostrar a cultura nacional em todas as suas vicissitudes. Materiais sobre pontos turísticos foram misturados a palestras sobre os diferentes setores da economia brasileira. Tudo para mostrar que conhecer o Brasil é muito mais complicado do que parece.

Entretanto, mudar estereótipos é um trabalho de longo prazo. No dia em que a DW-WORLD esteve em Königstein, a reportagem escutou uma conversa entre dois moradores em um supermercado.

Um deles, que gostaria de ir ao evento, estava irritado com a escolha da data: "Em vez de fazer a festa no fim de semana, eles resolvem fazer numa terça-feira. Isso é coisa de brasileiro mesmo".

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