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A democrática praia berlinense

20 de agosto de 2018

Uma das maiores praias artificiais da Europa fica em Berlim. Neste ponto de encontro de famílias e amigos, não há regras e proibições para o traje de banho, que vai do nu ao polêmico burquíni.

Praia de Wannsee
Praia de Wannsee costuma lotar nos finais de semana de verãoFoto: DW/A. Meier

A Alemanha enfrenta um possível verão do século: temperaturas elevadas e estiagem não dão folga nos últimos meses. Esse é realmente o verão mais quente que presencio desde que cheguei a Berlim, há quase dez anos. O calor começou ainda em maio e avançou nos meses seguintes.

Como gosto de calor, não reclamo quando ele dá as caras por aqui, apesar de que, em alguns aspectos, a cidade não está muito preparada para recebê-lo. Transporte público sem janelas e com ar condicionado que refresca apenas 5ºC a menos do que a temperatura exterior não é para fracos.

E, nesses dias de calor insuportável, bate aquela vontade de estar na praia. Para surpresa de muitos, é possível matar esse desejo em Berlim, mesmo a cidade estando a mais de 200 quilômetros do mar.

Em Berlim, fica uma das maiores praias artificiais em lagos da Europa. Com uma faixa de 1,28 quilômetro de areia, a praia de Wannsee tem capacidade para 12 mil pessoas. Além de ser a maior da cidade, ela também é a mais antiga, inaugurada em 1907.

A praia de Wannsee parece bastante com algumas brasileiras, só faltam os vendedores ambulantes. Mas em compensação, há quiosques que vendem comida e bebida, além de artigos para a praia e também banheiros, com chuveiros de água quente e relativamente limpos. Em dias de calor, ela fica lotada.

O que mais me fascina nessa praia berlinense é a liberdade: todos estão ali para curtir o dia, ninguém se importa se está abaixo ou acima do peso; o código para os trajes de banho é democrático, vai do nu até o burquíni, que chegou a ser proibido em alguns lugares na França. Em Wannsee, a peça não causa polêmica, espanto ou confusão. Famílias – alemães e estrangeiras –, grupos de amigos, solitários, todos dividem esse espaço em harmonia. As diferenças parecem não existir – ou são o que menos importa.

Além de Wannsee, Berlim possui outras nove praias artificiais em lagos, administradas pela prefeitura e abertas na temporada de verão. Há ainda 17 piscinas públicas ao ar livre, onde é possível passar o dia, tomando sol e nadando. Porém, é preciso ter paciência, pois muitas vezes elas costumam ser bem concorridas e há filas para entrar. A entrada para passar o dia nas praias e piscinas oficiais de Berlim custa em torno de 5,50 euros por pessoa.

Mas para quem não está a fim de pagar entrada para se refrescar, diversos lagos na capital alemã possuem áreas para banho. O único problema é achar um espacinho para sentar, pois, quando faz calor, a cidade inteira parece procurar refúgio na beira de seus lagos.

Clarissa Neher trabalha como jornalista freelancer para a DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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