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A desigual vacinação contra a covid-19 na UE

6 de julho de 2021

Enquanto 77,7% dos adultos belgas foram vacinados com ao menos uma dose, na Bulgária são apenas 16,8%. Meta é alcançar 70% da população da União Europeia até o fim de julho.

Vacina é aplicada em braço
Uma média de 61,4% das pessoas com mais de 18 anos já foram vacinadas com pelo menos uma dose na UEFoto: Jens Schmitz/imageBROKER/picture alliance

Ainda que já estejam fora da Europa, há um campo em que os belgas são campeões europeus: a vacinação contra a covid-19. Com uma taxa de 77,7% da população adulta vacinada ao menos com a primeira dose, a Bélgica ocupa o primeiro lugar na União Europeia (UE).

As últimas estatísticas foram orgulhosamente apresentadas pelo ministro da Saúde da região de Flandres, Wouter Beke, em sua página no Facebook. Os números indicam que Flandres está ainda melhor do que o resto da Bélgica. Segundo os cálculos de Beke, todos – ou seja, 100% dos que desejam ser vacinados –, deverão ter recebido sua primeira injeção até por volta de 11 de julho.

Bulgária na lanterna

Já a situação na Bulgária é completamente diferente. Situado às margens do Mar Negro, o país mais pobre da UE revela que apenas 16,8% dos adultos receberam ao menos uma dose de vacina contra covid-19.

Essa enorme lacuna pode ser explicada pela recusa de muitos búlgaros em se vacinarem, além de problemas enfrentados pelo país na organização da campanha de vacinação e obtenção de vacinas. Inicialmente, a Bulgária apostou todas suas fichas no imunizante da AstraZeneca, que, no entanto, teve grandes problemas de entrega na Europa.

O inspetor-chefe de Saúde da Bulgária, Angel Kuntschew, fez um apelo a seus compatriotas para que se vacinem urgentemente. Com o fim da priorização no país, qualquer pessoa está apta a receber a primeira dose – desde que haja doses disponíveis.

"A variante delta vai desencadear uma nova onda até o final de setembro, isso se outra variante não for ainda mais rápida", prevê Kuntschew.

A Bulgária foi duramente atingida pelo coronavírus. Com uma taxa de mortalidade de 4% entre todos os casos de covid-19, o país aparece na liderança do bloco, de acordo com informações da Universidade Johns Hopkins.

A fim de impulsionar a lenta campanha de vacinação, o país resolveu recorrer agora a celebridades. Como garota-propaganda, foi convocada, entre outros, a famosa cantora de ópera Aleksandrina Pendatchanska. Ela pertence a um "conselho social" formado por especialistas, celebridades, jornalistas e representantes de igrejas, que se reuniu pela primeira vez na sexta-feira passada. Os políticos não podem fazer isso sozinhos, avalia o ministro da saúde da Bulgária, Stojtscho Kazarov. 

Meta da UE de 70%

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC), uma média de 61,4% das pessoas com mais de 18 anos já foram vacinadas com pelo menos uma dose nos países da UE.

A meta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também é formada em medicina, é atingir a marca de 70% até o final deste mês. "Vacinar, vacinar, vacinar!" – este é o lema que ela repetiu na última cúpula da UE, no final de junho.

Ainda não está claro, porém, como a Bulgária e a Romênia, cuja cota de vacinação é de apenas 30% dos adultos, ajudarão a acelerar as campanhas de vacinação.

"Acreditamos que doses suficientes serão entregues até o final do mês para que possamos alcançar a meta", disse o porta-voz da UE Stefan de Keersmaeker em entrevista à DW. "É extremamente importante que os países-membros realmente usem as vacinas que recebem." Ele não quis comenta a situação em cada Estado-membro individualmente.

A Comissária da UE para Saúde e Segurança Alimentar, Stella Kyriakides, irá agora visitar alguns países para obter uma visão geral dos problemas locais, anunciou o porta-voz. "Assim saberemos como a Comissão Europeia pode ajudar os Estados-membros a atingir a meta de 70%."

Para o ministro da Saúde da região belga de Flandres, Wouter Beke, razões culturais explicam o sucesso da vacinação em sua região. "Não só temos uma forte tradição de vacinação, como também contamos com postos de vacinação nas imediações. A cooperação entre as autoridades, a equipe médica e os diversos voluntários funciona muito bem."

Na Bulgária, de acordo com pesquisas, a disposição em se vacinar é extremamente baixa, com 40% da população considerando que há um exagero sobre os riscos do coronavírus. Com a taxa de vacinação atual, a chamada imunidade coletiva de 70% só seria alcançada no início de 2022. Na Alemanha, a taxa de vacinação está ligeiramente acima da média da UE, com 64,2% já tendo tomado a primeira dose.

Lacuna deve ser fechada

No início da campanha de vacinação, a Comissão Europeia divulgou o lema de que "todos só podem estar seguros quando todos tiverem igual acesso às vacinas". Isso se aplica a países fora do bloco, mas obviamente ainda mais para os países da UE, entre os quais há muito trânsito de pessoas.

"Devemos promover as vacinas para nos proteger", ressaltou Von der Leyen na sexta-feira passada.

No entanto, alguns especialistas alertam que a imunidade coletiva na UE não será alcançada com 70% de vacinação. Por causa da variante delta, que é considerada mais contagiosa, a taxa deve ficar perto de 85%, disse à emissora alemã ZDF Leif Erik Sander, chefe de pesquisa de vacinas do Hospital Charité, em Berlim.

Informação e flexibilização para vacinados

Para aumentar a disposição das pessoas a se vacinarem não só na Bulgária, mas também na Espanha, França e Alemanha, é preciso confiar em informações factuais e honestas, afirma a porta-voz da Comissão Europeia, Dana Spinant. "Isso é muito importante para construir confiança", disse, conclamando todos os níveis de governos nacionais da UE a participarem da campanha de informação.

A Grécia (com uma taxa de vacinação de 54%), por exemplo, resolveu apostar em incentivos financeiros: jovens vacinados deverão receber um vale no valor de 150 euros.

A eurodeputada pelo Partido Verde Jutta Paulus é responsável pela política de vacinação no Comitê de Saúde do Parlamento Europeu. Ela acredita que há dados positivos suficientes para convencer até mesmo os céticos em relação à vacinação.

"Em algumas áreas, as taxas de vacinação são mais baixas porque há relutância devido à falta de informações ou mesmo informações erradas. Compartilhar bons exemplos e experiências na campanha de vacinação pode ajudar a fortalecer a confiança", disse a eurodeputada à DW.

O porta-voz de política de saúde dos democratas-cristãos no Parlamento Europeu, Dr. Peter Liese, disse à DW que informação e uma implementação consistente das regras para o certificado de vacinação da UE são importantes.

"Aqueles que não foram vacinados devem experimentar as mais rigorosas regras de quarentena também dentro da UE; mas aqueles que são vacinados devem ser tratados com menos rigor. Isso é cientificamente justificado e aumenta a vontade de se vacinar", afirmou.

Turistas russos

Situada na costa do Mar Negro, a Bulgária também é um destino popular de férias entre os turistas russos, que amargam um alto número de infecções em casa. O receio, sendo assim, é de que a variante delta entre na UE por meio do país.

Liese critica o fato de a Bulgária aceitar turistas russos apesar da baixa taxa de vacinação no país. Além disso, na Rússia utiliza-se a vacina Sputnik V, cuja eficácia ainda não foi reconhecida nem pela UE nem pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Liese afirma que o objetivo deve ser que todos na UE - e, naturalmente, no resto do mundo - sejam totalmente vacinados, mas ressalta que os imunizantes também protegem cada indivíduo.

Bernd Riegert Correspondente em Bruxelas, com foco em questões sociais, história e política na União Europeia.
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