A difícil relação de Hillary Clinton com a imprensa
Romina Spina, de Washington (md)1 de agosto de 2016
Candidata à presidência dos EUA não concede entrevista coletiva há mais de 200 dias. Figura pública há quase quatro décadas, democrata mantém distância segura e estratégica da mídia.
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Dois dias depois de Hillary Clinton anunciar que concorreria à presidência dos EUA em 2016, milhões de americanos viram repórteres literalmente caírem uns sobre os outros para perseguir o carro em que a democrata chegou a uma escola em Iowa, para um evento de campanha. Os jornalistas foram criticados e ridicularizados, mas o episódio serviu como um lembrete de como é difícil ter acesso à candidata.
Como alguém que esteve no centro de quatro campanhas presidenciais, Hillary mantém uma distância segura da mídia política nacional. Sua última entrevista coletiva foi no início de dezembro, há mais de 200 dias. Essa relutância gerou inúmeros artigos e comentários questionando os motivos dela.
O jornal Washington Post tem até um placar ao vivo em seu site, para contar os dias e horas que passam sem Hillary falar diretamente com a imprensa.
Até mesmo os jornalistas que viajam com ela sofrem restrições. Logo no início, pouco mais de uma dúzia de organizações noticiosas havia formado um pool de imprensa para cobrir a campanha de Hillary. Ele funciona como o pool de imprensa na Casa Branca, que faz a cobertura sobre o presidente. Nele são divididos custos, e cada organização fornece seus próprios repórteres, que, por sua vez, podem fazer perguntas e depois compartilham as respostas com os demais membros do pool.
Quando questionado sobre por que Hillary não se envolve com repórteres, o secretário de imprensa dela, Brian Fallon, respondeu que ela é abordada regularmente após eventos e responde a perguntas.
No entanto, de acordo com membros do pool, incluindo repórteres da CNN e da ABC News, o acesso à democrata durante a campanha eleitoral é bastante limitado. "Sim, ela responde a perguntas, mas apenas ocasionalmente e por poucos minutos", escreveram no Twitter. Alguns tentam, gritando suas perguntas para ela antes ou depois de eventos, e muitos são simplesmente ignorados.
Quase 40 anos de vida pública
Hillary tem sido uma figura pública há quase quatro décadas. Como ex-primeira-dama, senadora e secretária de Estado, ela foi adquirindo desconfiança e aversão à imprensa. Ao longo dos anos, a cobertura midiática sobre ela e sua família tem sido muitas vezes abertamente hostil e incluiu uma série de ataques pessoais, que ela narrou em seu livro de memórias Vivendo a História.
Outras experiências com a mídia também deixaram marca. No início dos anos 70, antes de se casar com Bill Clinton, Hillary trabalhava como advogada com o chefe do inquérito de impeachment que investigava o então presidente Richard Nixon. "Na época, ela viu em primeira mão como a imprensa derrubou Nixon", lembra James Mueller, professor de Jornalismo da Universidade do Norte do Texas, em entrevista à DW.
"Em parte, a atitude dela com a imprensa vem de sua própria personalidade. Comparada ao marido, ela também pode ser charmosa, mas é menos espontânea e mais cuidadosa do que ele", acrescenta Mueller, que escreveu um livro sobre como os Clintons lidam com a mídia.
Agora, sempre que a imprensa reclama da falta de vontade dela para falar com os repórteres, a equipe da candidata gosta de salientar que ela já deu centenas de entrevistas na campanha desde janeiro. O que eles fazem pouca questão de destacar é que foram principalmente entrevistas individuais, que Hillary concedeu a jornalistas com quem ela sente que pode lidar. Entrevistas coletivas tirariam da candidata a capacidade de direcionar a conversa e a colocariam numa posição vulnerável.
"As aparições dela são todas cuidadosamente roteirizadas", diz Aaron Sharockman, chefe da PolitiFact, um projeto que checa fatos em declarações de políticos. Ele compara Hillary ao adversário republicano, Donald Trump. O bilionário de Nova York é mais acessível à imprensa e raramente prepara seus comentários. A democrata é o oposto e escolhe suas palavras com tanto cuidado que é difícil para os fact-checkers encontrar algo que a comprometa, segundo Sharockman.
Estratégia de campanha
Pode ser que Hillary se preocupe em ter de responder a perguntas difíceis numa entrevista coletiva, mas, dada sua experiência em fazer declarações em contextos institucionais, é mais provável que ela não veja benefício algum em ficar diante de dezenas de repórteres.
O que causa perplexidade e profunda frustração entre os jornalistas é parte de uma estratégia sofisticada, projetada para ressaltar suas qualidades, minimizando riscos. Hillary e sua equipe sabem que estão no controle e que podem escolher como se conectar com os eleitores. Nesse sentido, a era digital mudou a dinâmica do poder.
"Hillary e políticos como ela não precisam mais dos meios de comunicação tradicionais para divulgar sua mensagem", frisa Mueller. A influência em declínio de redes de televisão lhe permite escolher que entrevistas concede, no formato e cenário que preferir.
Repórteres x público
O fato de Hillary não conceder entrevistas coletivas é relevante para os repórteres, mas nem tanto para o público em geral. "Os eleitores ainda a veem em programas como 'Meet the Press' ou 'Saturday Night Live' e pensam que ela está sempre na mídia", acrescenta Mueller.
Hillary rapidamente se adaptou às novas tendências e se tornou muito popular nas redes sociais quando era secretária de Estado. Esse período coincidiu com altos e consistentes índices de aprovação. Seu relacionamento com a imprensa melhorou também, quando o grupo de repórteres que a acompanhava era pequeno e estava mais focado nos assuntos específicos a seu cargo do que em política genérica. Havia espaço para interação pessoal, e ela se mostrava uma pessoa envolvente, engraçada e afetuosa.
As pesquisas desta semana mostram que a popularidade de Hillary chegou agora ao nível mais baixo. Ela é vista como desonesta e indigna de confiança.
Um estudo realizado pelo Shorenstein Center da Universidade de Harvard também revelou que ela tem, de longe, a cobertura da imprensa menos favorável quando comparada à dos outros candidatos. E Hillary ainda culpa a mídia pela esmagadora derrota que sofreu para Barack Obama em 2008. Se ela ganhar a eleição em novembro, é improvável que seu relacionamento conturbado com a imprensa mude para melhor.
O mês de julho em imagens
Alguns dos principais acontecimentos do mês.
Foto: picture-alliance/PA Wire/G. Fuller
Lula se torna réu
A Justiça Federal aceitou denúncia apresentada pelo MPF do Distrito Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-senador Delcídio do Amaral e mais cinco pessoas acusadas de obstrução das investigações da Operação Lava Jato. Eles são acusados de tentar impedir o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró de assinar acordo de delação premiada. (29/07)
Foto: Getty Images/AFP/N. Almeida
Al Nusra anuncia sepração da Al Qaeda
Numa inédita aparição num vídeo difundido pela emissora Al Jazeera, o líder da Frente Al Nusra, Abu Mohamad al-Jolani, anunciou a desvinculação da rede terrorista Al Qaeda. Além disso, ele comunicou que o mais importante grupo jihadista na Síria depois do EI, seu grande rival, mudará seu nome para Frente Fateh al-Sham. (28/07)
Foto: picture alliance/ZUMA Press/M. Dairieh
Papa pede que Polônia acolha refugiados
O papa Francisco pediu ao governo da Polônia para se mostrar disposto a receber "aqueles que fogem da guerra e da fome", em discruso com a presença do presidente polonês, Andrzej Duda. Em contraste com outros países europeus, a Polônia se nega a acolher um número elevado de refugiados vindos de regiões em crise, como Síria, Iraque e Afeganistão. (27/07)
Foto: picture alliance/dpa/P. Supernak
Hillary é candidata democrata à Casa Branca
A ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton foi oficialmente nomeada candidata do Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos durante a convenção nacional da legenda na Filadélfia. Com isso, Hillary torna-se a primeira mulher a concorrer à Casa Branca por um dos dois grandes partidos americanos. "Este momento é para todas as garotas que sonham alto", comemorou a democrata. (26/07)
Foto: Reuters/M. Segar
Mortos em ataque no Japão
Um homem matou pelo menos 19 pessoas e feriu outras 45 a facadas após invadir uma clínica para pacientes com deficiência em Sagamihara, no Japão. O suspeito se entregou à polícia e disse ser um ex-funcionário da instituição. Segundo o jornal japonês "Asahi Shimbun", o agressor teria dito às autoridades que desejava "se livrar dos deficientes desse mundo". (25/07)
Foto: Reuters/Kyodo
Ataques no sul da Alemanha
Um refugiado sírio de 21 anos matou uma mulher e feriu outras cinco pessoas na cidade de Reutlingen, no sul da Alemanha, usando um facão. O jovem, que já tinha passagens pela polícia por crimes como agressão e roubo, foi preso. Já em Ansbach, também no sul do país, um sírio de 27 anos detonou uma bomba caseira na entrada de um festival de música e feriu 12 pessoas. Ele morreu no atentado. (24/07)
Foto: picture-alliance/dpa/Sdmg/Wassermann
Munique presta homenagens a vítimas
Flores foram espalhadas na região do shopping Olympia, no noroeste de Munique, um dia depois do ataque que deixou nove mortos e 16 feridos. Um atirador de 18 anos disparou contra clientes de uma filial do McDonald's e frequentadores do centro de compras. O prefeito de Munique decretou luto de um dia na capital da Baviera. (23/07)
Foto: Reuters/A. Wiegmann
Trump encerra convenção republicana
O empresário Donald Trump aceitou oficialmente a indicação como candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos. O anúncio foi realizado num longo discurso durante o encerramento da convenção nacional da legenda em Cleveland. Ao longo de 75 minutos, Trump focou na promessa de reviver os EUA e restaurar "a lei e a ordem" no país, citando políticas rigorosas de imigração. (21/07)
Foto: Reuters/M. Segar
Merkel recebe May em Berlim
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, reuniu-se com a chanceler federal alemã Angela Merkel, em Berlim, em sua primeira viagem ao exterior. Um dos temas principais da agenda foi a saída britânica da União Europeia. May pediu mais tempo para preparar pedido formal de Brexit, que só deve ser feito em 2017, e expressou desejo de relações estreitas com aliados europeus após saída. (20/07)
Foto: picture alliance/AP images/Sight
Trump oficializado candidato à Casa Branca
O magnata Donald Trump foi nomeado oficialmente candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos durante o segundo dia da convenção nacional da legenda. No evento, que ocorre em Cleveland, Trump garantiu os 1.237 votos dos delegados do partido – o mínimo necessário para oficializar a indicação pela legenda. "É uma honra", declara o empresário. (19/07)
Foto: Reuters/M. Segar
Ataque em trem no sul da Alemanha
Um jovem do Afeganistão de 17 anos invadiu um trem regional na cidade de Würzburg, no sul da Alemanha, e feriu pelo menos cinco passageiros com golpes de machado e faca. O suspeito, que chegou sozinho ao país como requerente de asilo, foi morto pela polícia ao tentar fugir do local. Quatro pessoas estão em estado grave. As motivações do ataque não foram inicialmente esclarecidas. (18/07)
Foto: picture-alliance/AP Photo/K.-J. Hildenbrand
Novas mortes de policiais no sul dos EUA
Dez dias após morte de cinco policiais em Dallas, três outros foram fuzilados em Baton Rouge, Luisiana. Há também feridos. Os agentes da lei foram vítimas de uma emboscada quando atendiam a um chamado de emergência relativo a tiros ouvidos. Um dos suspeitos do ataque foi abatido, dois outros estão foragidos, informou porta-voz da polícia. (17/07)
Foto: Reuters/J.Bachman
Apoio em massa para Erdogan
No dia após o golpe de Estado frustrado, com saldo de 160 mortos, grande parte da população de Ancara atendeu ao apelo de políticos turcos de ponta, entre os quais o próprio chefe de Estado Recep Tayyip Erdogan, para ir às ruas reafirmar seu apoio ao governo. Na operação de limpeza subsequente já foram presos cerca de 2.800 militares e destituídos mais de 2.700 juízes. (16/07)
Foto: DW/D. Cupolo
Tentativa de golpe militar na Turquia
Militares turcos geraram caos ao declarar que tomaram "totalmente o comando" de Ancara. As autoridades locais, porém, negaram ter perdido o controle, e uma onda de ataques, manifestações e conflitos se iniciaram em Istambul e na capital. A confusão adentrou a madrugada e, na manhã do dia seguinte, o presidente Erdogan declarou ter retomado o controle da situação e fracassado o golpe. (15/07)
Foto: Reuters/T. Berkin
Dezenas de mortos em ataque na França
Um caminhão avançou sobre uma multidão e matou dezenas de pessoas em Nice, no sul da França. As primeiras declarações oficiais falavam em mais de 70 mortos. Milhares de pessoas estavam reunidas para acompanhar a queima de fogos de artifício em comemoração ao Dia da Bastilha, data nacional da França. O motorista do caminhão, carregado com armas e explosivos, foi morto a tiros pela polícia. (14/07)
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
A nova premiê britânica
A líder do Partido Conservador, Theresa May, tornou-se primeira-ministra britânica depois de ser nomeada pela rainha Elizabeth 2ª em audiência no Palácio de Buckingham, em Londres. May, de 59 anos, é a segunda mulher a ocupar o cargo, depois da também conservadora Margaret Thatcher (1979-1990). "Depois do referendo, temos diante de nós uma época de grandes mudanças", afirmou. (13/07)
Foto: Reuters/S. Wermuth
Funeral de policiais em Dallas
Em discurso durante o funeral dos cinco policiais mortos por um franco-atirador em Dallas, o presidente americano, Barack Obama, afirmou que o massacre expôs a "falha mais profunda" da democracia dos EUA. "Estou aqui para dizer que devemos rejeitar tamanho desespero. Estou aqui para insistir que não estamos tão divididos quanto parecemos. (12/07)
Foto: picture-alliance/AP Photo/E. Gay
Festa em Lisboa
Milhares de portugueses recepcionaram a seleção de Portugal no aeroporto de Lisboa após a inédita conquista da Eurocopa. Com um gol do atacante Éder, na segunda etapa da prorrogação, a Seleção das Quinas derrotou a anfitriã França, neste domingo, e conquistou seu primeiro título no futebol mundial. (11/07)
Foto: picture-alliance/dpa/P.Duarte
Protesto violento em Berlim
Berlim viveu a manifestação mais violenta dos últimos cinco anos na cidade, com 123 policiais feridos e 86 detidos. O protesto contra a desocupação de um prédio no bairro de Friedrichshein começou de forma pacífica. Horas depois, centenas de manifestantes encapuzados entraram em confronto com a polícia, atirando pedras, garrafas e fogos de artifício. A violência se estendeu por horas. (10/07)
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Massacre em Dallas
Franco-atiradores fizeram uma emboscada e abriram fogo contra policiais durante um ato contra a morte de dois negros nos EUA. Cinco agentes de segurança foram mortos e seis ficaram feridos no incidente mais mortal para a polícia americana desde o 11 de Setembro. Três suspeitos foram detidos. Um deles disse que "queria matar pessoas brancas". (08/07)
Foto: picture-alliance/dpa/S. N. Pool/The Dallas Morning News
Cunha renuncia à presidência da Câmara
O presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renunciou à presidência da casa. Cunha disse que é alvo de perseguição por ter aceito a denúncia que deu início ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. "Resolvi ceder ao apelos generalizados dos meus apoiadores. Somente a minha renúncia poderá pôr fim a essa instabilidade sem prazo." (07/07)
Foto: Reuters/U. Marcelino
Relatório critica invasão britânica no Iraque
Um relatório divulgado em Londres criticou o ex-premiê Tony Blair e seu governo pela decisão de se unir à invasão do Iraque, liderada pelos EUA, sem que houvesse base legal satisfatória ou planejamento adequado. O chamado relatório Chilcot conclui que o Reino Unido se uniu à invasão sem esgotar as alternativas pacíficas e subestimou as consequências de sua participação na guerra. (06/07)
Foto: picture-alliance/Photoshot
Sonda Juno entra na órbita de Júpiter
Após uma viagem de cinco anos e 870 milhões de quilômetros, a sonda Juno da Agência Espacial Americana (Nasa), movida a energia solar, entrou na órbita de Júpiter. Durante 20 meses, a nave não tripulada dará 37 voltas ao redor do planeta até chegar à sua superfície. A sonda deslocou-se a uma velocidade de mais de 200 mil quilômetros por hora. Custo da missão? Cerca de 1 bilhão de dólares. (05/07)
Dois dias antes do fim do mês sagrado muçulmano do Ramadã, homem-bomba detonou colete explosivo próximo à Mesquita do Profeta, a segunda mais sagrada do islã. A explosão matou quatro seguranças, além dos próprio agressor. Horas antes, o país registrou detonações perto de uma mesquita em Qatif, cidade de maioria xiita, e de consulado americano em Jidá. (04/07)
Foto: Reuters
Mais de 100 mortos em Bagdá
Um atentado com carro-bomba matou mais de cem pessoas e feriu quase 200 numa área comercial do centro da capital iraquiana. O ataque foi reivindicado pelo grupo "Estado Islâmico" (EI). Um suicida detonou os explosivos quando passava de carro no meio de uma multidão de maioria xiita que fazia compras na véspera do final do mês sagrado muçulmano do Ramadã. (03/07)
Foto: picture-alliance/dpa/A. Abbas
Ataque em Bangladesh
Vinte reféns foram mortos por terroristas do grupo "Estado Islâmico" (EI) num restaurante frequentado por estrangeiros na região diplomática de Daca, capital de Bangladesh, anunciou o Exército do país. A maioria das vítimas era da Itália e Japão. Seis jihadistas e dois policiais foram mortos. (02/07).
Foto: Reuters/M. Hossain Opu
Cem anos da Batalha do Somme
Reino Unido e França lembraram o centenário do início da Batalha do Somme, em que os dois países combateram as linhas de defesa alemãs em território francês. O combate é considerado um dos mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial. Mais de 1 milhão de pessoas morreram, ficaram feridas ou desapareceram durante a Batalha do Somme, que durou de julho até novembro de 1916. (1º/07)