Em 1947, Nações Unidas determinaram criação de dois Estados no território da Palestina. Mas, ao longo dos anos, apenas um se tornou realidade. Entenda como isso aconteceu.
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O conflito entre judeus e palestinos remonta à época dos romanos, mas a atual situação na região da Palestina começou a se criar no final do século 19, quando se deu uma reordenação territorial no Oriente Médio.
Na época, duas grandes potências europeias, a França e o Reino Unido, redesenharam o mapa geográfico da região dentro de seus próprios interesses, sem observar as divisões sociais e religiosas da sociedade árabe local. A região historicamente conhecida como Palestina passou para o controle britânico, com o nome Mandato Britânico da Palestina.
Em paralelo surgiram naquela época dois movimentos nacionalistas, um deles entre os árabes (nacionalismo árabe) e o outro entre os judeus (sionismo), e ambos defendiam a criação de Estados (um árabe, o outro judeu) na região da Palestina histórica.
A partir de meados da década de 1890, milhares de judeus vindos da Europa (onde então viviam cerca de 90% dos judeus do mundo) passaram a migrar para a região da Palestina, fugindo de crescente perseguições de caráter antissemita e influenciados pelo sionismo.
Os judeus haviam sido expulsos da Palestina séculos atrás, e a região era então habitada majoritariamente por árabes. Logo, os conflitos entre os árabes que viviam na região e os judeus recém-chegados da Europa se tornaram inevitáveis.
Os britânicos tentaram, mas não conseguiram controlar a violência. Para isso, chegaram a restringir a entrada de judeus, apesar da terrível situação criada pelo nazismo na Europa. Com o Holocausto, e a fuga em massa de judeus da Europa para a Palestina britânica, a situação no local se acirrou ainda mais.
Em novembro de 1947, logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial, as Nações Unidas decidiram criar dois Estados no território da Palestina histórica, um para os judeus (com 56% do território) e outro para os árabes (44% do território). Jerusalém teria um status especial.
Os judeus aceitaram o plano e, em maio de 1948, proclamaram a criação do Estado de Israel. Os árabes não concordaram com a divisão por verem nela um novo desdobramento de uma tentativa dos judeus de expulsá-los da região.
Como consequência, poucas horas depois da proclamação de Israel, quatro países árabes (Egito, Jordânia, Iraque e Síria) declararam guerra ao recém-criado Estado judeu. O conflito que se seguiu foi vencido pelos israelenses e resultou em mais de 700 mil refugiados palestinos. Esse êxodo é conhecido entre os palestino como Nakba, ou catástrofe.
Ao final da guerra, em 1949, o Estado de Israel possuía 77% do território que, dois anos atrás, havia sido dividido pela ONU. Não estavam sob controle de Israel a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (controladas pela Jordânia) e a Faixa de Gaza (controlada pelo Egito).
O conflito, é claro, continuou, e ele teve um novo desdobramento importante em 1967, com a Guerra dos Seis Dias. Nela, Israel lutou contra Egito, Jordânia e Síria e assumiu o controle militar da Cisjordânia, de Jerusalém Oriental, da Faixa de Gaza e de partes das Colinas do Golã, na condição de potência ocupante.
Depois disso, assentamentos judaicos foram criados nos territórios ocupados por Israel. Hoje cerca de meio milhão de israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia. Esses assentamentos são um dos principais impedimentos para que os dois lados cheguem à paz.
Em 2005, o então primeiro-ministro de Israel, Arien Sharon, retirou tantos os militares como os colonos israelenses da Faixa de Gaza. Mas as Nações Unidas e diversas organizações internacionais continuam a considerar Israel como potência ocupante de Gaza, por causa do isolamento imposto à pequena faixa de terra litorânea.
A coluna Zeitgeist oferece informações de fundo com o objetivo de contextualizar temas da atualidade, permitindo ao leitor uma compreensão mais aprofundada das notícias que recebe no dia a dia.
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Os 70 anos de Israel
Triunfo ou catástrofe? Para os judeus, o dia 14 de maio de 1948 marca o nascimento de um Estado próprio. Fundação do país também é origem de conflitos com populações vizinhas, que se estendem por décadas.
Foto: Imago/W. Rothermel
Triunfo da esperança
Em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion lê a Declaração de Independência de Israel perante o Moetzet HaAm (conselho do povo), em cerimônia tida como o ato de fundação do país. "Nunca perdeu a esperança", disse Ben-Gurion sobre o povo judeu. "Jamais cessou sua oração pelo regresso à casa e pela liberdade". Agora, os judeus estavam de volta à sua terra de origem - dispondo de seu próprio Estado.
Foto: picture-alliance/dpa
Novo tempo
A bandeira do novo Estado é logo içada em frente ao prédio das Nações Unidas, em Nova York. Para os israelenses, esse foi mais um passo em direção à segurança e à liberdade: eles finalmente conseguiam um Estado internacionalmente reconhecido.
Foto: Getty Images/AFP
Momento sombrio
O significado da fundação do Estado de Israel torna-se claro no contexto do Holocausto. Os nazistas assassinaram seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra. Nos campos de concentração, especialmente na Europa Central, eles mantiveram os judeus como trabalhadores forçados e os mataram em escala industrial. A imagem mostra os prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz após a libertação.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-images
"Nakba" – a catástrofe
Os palestinos chamam a fundação de Israel como "nakba", a catástrofe. Cerca de 700 mil pessoas tiveram que deixar suas regiões para dar espaço aos cidadãos do novo Estado. Assim, a fundação de Israel é também o começo do chamado "conflito do Oriente Médio", que não foi resolvido nem mesmo após 70 anos, apesar de inúmeras iniciativas e tentativas de mediação.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Trabalhando pelo futuro
A Autoestrada 2 não apenas liga as cidades de Tel Aviv e Netanya, mas também documenta as aspirações do jovem Estado. A estrada foi aberta em 1950 pela então primeira-ministra israelense, Golda Meir, que colocou o país num rigoroso curso de modernização econômica e social.
Foto: Photo House Pri-Or, Tel Aviv
Infância no Kibutz
Os Kibutzim – plural de "kibutz" – eram assentamentos coletivos rurais espalhados por Israel, construídos principalmente nos primeiros anos após a fundação do Estado. Aqui, em sua maioria judeus seculares e socialistas realizam na prática suas ideias de comunidade.
Foto: G. Pickow/Three Lions/Hulton Archive/Getty Images
Estado defensivo
As tensões com os vizinhos árabes continuam. Em 1967, culminam na Guerra dos Seis Dias, durante a qual Israel derrotou os invasores de Egito, Jordânia e Síria. Ao mesmo tempo, Israel assume o controle, entre outras regiões, de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia – motivos de novas tensões e guerras na região.
Foto: Keystone/ZUMA/IMAGO
Assentamentos na terra inimiga
A política israelense de assentamentos alimenta frequentemente o conflito com os palestinos. A Autoridade Palestina acusa Israel de impossibilitar um futuro Estado palestino com a construção contínua de assentamentos. As Nações Unidas também condenam a medida.
Foto: picture-alliance/newscom/D. Hill
Ódio e pedras
Em dezembro de 1987, os palestinos protestam contra a dominação israelense nos territórios ocupados. O protesto começa na cidade de Gaza e se espalha rapidamente para Jerusalém Oriental e Cisjordânia. A revolta dura anos e termina com a assinatura dos Acordos de Oslo em 1993.
Foto: picture-alliance/AFP/E. Baitel
Enfim, a paz?
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin (esq.), e o chefe da OLP, Yasser Arafat (dir.), realizam negociações de paz em 1993, mediadas pelo então presidente dos EUA Bill Clinton. Elas culminam no Acordo de Oslo I, em que ambos os lados se reconhecem oficialmente. O assassinato de Yitzhak Rabin, dois anos depois, praticamente enterra o tratado.
Foto: picture-alliance/CPA Media
Cadeira vazia
O assassinato de Yitzhak Rabin provoca turbulência política na sociedade israelense. Moderados e radicais, judeus seculares e ultraortodoxos se afastam cada vez mais. Em uma manifestação em 4 de novembro de 1995, Rabin é morto a tiros por um estudante de direita radical. A imagem mostra o então primeiro-ministro Shimon Peres ao lado da cadeira vazia de seu antecessor.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Superando o passado
O genocídio dos judeus se reflete até hoje nas relações entre Alemanha e Israel. Em fevereiro de 2000, o então presidente alemão Johannes Rau faz um discurso no Parlamento israelense. Era mais um passo para superar o passado e reforçar a amizade entre os dois países.
Foto: picture-alliance/dpa
O muro israelense
A política israelense de assentamentos endurece as frentes do conflito com os palestinos. Em 2002, é construído um muro de 107 quilômetros na Cisjordânia. Embora tenha contribuído para suprimir a violência, a medida não resolve os problemas políticos do conflito entre os dois povos.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/S. Nackstrand
Reverência aos mortos
O novo ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, abraça resolutamente a tradição da reaproximação entre Alemanha e Israel. Sua primeira viagem ao exterior é ao Estado judaico. Em março de 2018, ele deposita uma coroa de flores em homenagem às vítimas do Shoa no Memorial Yad Vashem.