A "espiral da violência" no Oriente Médio
18 de abril de 2006O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, condena o atentado suicida de Tel Aviv, mas o governo liderado pelo Hamas fala de um "ato de autodefesa".
A justificativa usada pelo Hamas certamente dará novo impulso à espiral da violência. O governo de Israel supostamente ainda analisa uma resposta adequada, mas algumas horas após o atentado tropas israelenses já caçavam adeptos do grupo extremista Jihad Islâmico na Cisjordânia, e a Faixa de Gaza foi bombardeada. Deve ser apenas uma questão de tempo até que ocorram novos ataques a Gaza.
Tais ataques somente agravarão o conflito. Cada pessoa inocente vitimada torna-se testemunha-chave para justificar novo terror contra inocentes do outro lado. Um círculo vicioso, do qual ambos os lados parecem não conseguir se livrar.
Tudo indica que também não querem impedi-lo. Após ataques terroristas, Israel sempre tem reagido com violência. E isso também será feito pelo governo Olmert. A começar, para não pôr em risco as negociações sobre a coalizão governamental. O governo israelense deve adotar uma linha mais dura antes mesmo de ser constituído. E, com isso, pisa na armadilha preparada pelo outro lado.
No lado palestino, grupos como o Jihad Islâmico procuram o confronto. Eles são contra Israel e acreditam na luta que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) há mais de dez anos já considerou inútil e sem sentido, o que levou a organização a fechar os acordos de Oslo com Israel.
Solução improvável
O Hamas anunciou um cessar-fogo há um ano, mas ideologicamente pouco difere do Jihad, o que lhe rendeu o profundo isolamento do Ocidente. Um isolamento que não castiga, em primeira linha, o Hamas e, sim, a população palestina, que não entende causa e efeito e, sim, simplesmente acredita nos radicais, segundo os quais o Ocidente armou um complô contra os palestinos. E a população vai se voltar para quem hoje lhe oferece ajuda, sobretudo o Irã e a Rússia.
O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, pretende reunir o chamado Quarteto do Oriente Médio (União Européia, EUA, ONU e Rússia) para discutir a situação no início de maio. Seria preciso agir mais rapidamente, porque, com cada rodada de violência, a solução fica mais difícil e improvável.
Peter Philipp, jornalista da Deutsche Welle, perito em Oriente Médio, trabalhou durante 23 anos como correspondente em Israel.