Partido tenta minimizar especulações de que já teria dado início a plano B, com nomeação de Haddad e Manuela D'Ávila, e garante que vai levar candidatura do ex-presidente até "as últimas consequências".
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A presidente do PT, a senadora Gleisi Hoffmann, tentou minimizar nesta segunda-feira (13/08) as especulações de que o partido está trabalhando com um plano B para o caso de a candidatura à Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva ser barrada. Segundo ela, o partido não está "trabalhando com a hipótese" de Fernando Haddad "assumir a candidatura de Lula".
No dia 5 de agosto, o PT definiu o ex-prefeito de São Paulo como o vice de Lula, deixando ainda como opção a deputada Manuela D'Ávila (PCdoB) como potencial companheira de chapa do ex-presidente, que segue preso em Curitiba e está virtualmente inelegível por causa da Ficha Limpa.
A indicação de Haddad pareceu confirmar que o PT já deu início à execução de um plano B para a substituição da cabeça da chapa. A Justiça Eleitoral permite a substituição do candidato até o dia 17 de setembro.
Mas Gleisi demonstrou que o partido ainda insiste no discurso sobre a viabilidade da candidatura de Lula. Em entrevista a correspondente estrangeiros, ela reiterou que a candidatura de Lula será registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na próxima quarta-feira (15/08) e que o partido vai insistir em manter o nome do ex-presidente até "as últimas consequências".
O PT e movimentos sociais estão organizando uma caminhada de militantes até Brasília para registrar a candidatura.
De acordo com a senadora, Haddad será registrado como vice, mas seu papel deve ser limitado a atuar como porta-voz do ex-presidente em viagens pelo Brasil, "Não estamos trabalhando com a hipótese de ele [Haddad] assumir a candidatura de Lula", disse Gleisi. "Iremos com Lula até o final."
A presidente do PT também afirmou que o partido deve brigar na Justiça para que o ex-presidente participe da campanha eleitoral mesmo estando na prisão. Segundo ela, Lula estará na campanha "de um jeito ou de outro".
Na avaliação de Gleisi, Lula só não vencerá a eleição se for impedido de concorrer. "Você não tem eleições livres e democráticas se proibir o principal candidato de disputar", disse Gleisi.
Carta "ao povo do Ceará"
Nesta segunda-feira, o PT também divulgou uma carta de Lula endereçada "ao povo do Ceará", o estado do ex-governador e candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT), que trava uma disputa com o PT pelo eleitorado de esquerda. Recentemente, Ciro acusou o PT de "enganar a população" ao insistir na candidatura de Lula. De acordo com ex-governador, os petistas querem "criar uma comoção" com a prisão para apontar "um poste" no lugar do ex-presidente.
A carta de Lula foi lida em uma emissora de rádio do estado. Nela, Lula reitera que será candidato ao Planalto. "Aproveito essa linha direta com você para mandar um recado ao povo do Ceará: sou candidato sim à Presidência da República."
O ex-presidente também afirmou que, mesmo preso, falará durante a campanha pela "voz de Haddad e D'Ávila".
"Acharam que me isolando aqui me calariam, mas eu falarei pela voz do companheiro Fernando Haddad e da companheira Manuela D'Ávila. Que vão viajar o Brasil dizendo o que estamos propondo para consertar tudo que o golpe desarrumou neste país", disse o ex-presidente.
JPS/rtr/efe
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Capítulos da eleição presidencial de 2018
Treze candidatos se apresentaram para disputar o Planalto. O líder das pesquisas acabou fora da corrida, e vários nomes tentam contornar isolamento partidário. Veja os principais episódios da disputa.
Foto: Reuters/A. Machado
Bolsonaro é eleito presidente
Em segundo turno, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Após uma campanha eleitoral polarizada, o militar reformado de extrema direita recebeu 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). Com bandeiras do Brasil e vestidos nas cores verde e amarelo, eleitores comemoram pelo país. No discurso da vitória, Bolsonaro prometeu um governo constitucional e democrático.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S.Izquierdo
TSE abre investigação contra Bolsonaro
A pouco mais de uma semana do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma ação para investigar suspeitas de compra de disparos de mensagens antipetistas no WhatsApp por parte de empresários aliados a Bolsonaro. O pedido de investigação foi feito pelo PT, após uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". A PF também abriu inquérito para investigar a disseminação em massa de "fake news".
Foto: Reuters/R. Moraes
Bolsonaro e Haddad vão ao segundo turno
Numa das eleições mais polarizadas da história, em 7 de outubro os brasileiros levaram ao segundo turno os dois candidatos que, segundo sondagens, são também os mais rejeitados: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
Bolsonaro cresce nas pesquisas
Já líder nas pesquisas, o candidato do PSL ampliou sua vantagem no início de outubro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 30% em sondagens do Ibope e do Datafolha. Ao longo da semana que antecedeu as eleições, o ex-capitão foi subindo e, na véspera do pleito, cruzou a barreira de 40% dos votos válidos. Após ser esfaqueado, a campanha do candidato se concentrou nas redes sociais.
Foto: Reuters/P. Whitaker
A troca de Lula por Haddad
Após meses de suspense e com aval de Lula, Fernando Haddad foi oficializado candidato à Presidência pelo PT em 11 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de o ex-presidente concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, Lula era líder nas pesquisas de intenção de voto. O desafio agora será transferir votos para o ex-prefeito.
Foto: Agencia Brasil/R. Rosa
Ataque a Bolsonaro
O candidato do PSL foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, um ataque que prometia mudar os rumos da corrida presidencial. Seus adversários condenaram a agressão, e alguns chegaram a mudar o tom da campanha. Não houve, contudo, um impacto decisivo sobre o eleitorado. Ele segue líder das intenções, mas com percentual praticamente igual. A rejeição a ele, por outro lado, aumentou.
Foto: picture-alliance/dpa/Agencia O Globo/A. Scorza
O "plano B" do PT
Com Lula virtualmente inelegível, a escolha do seu vice passou a ser encarada como um trampolim para um candidato substituto. No início de agosto, o PT acabou indicando Fernando Haddad, que desde o início do ano era cotado como "plano B". Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou com a curiosa posição não oficial de "vice do vice", assumindo a posição com Lula candidato ou não.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
A novela dos vices
A fase de convenções começou no fim de julho sem que a maioria dos pré-candidatos tivesse um vice. Bolsonaro teve três convites recusados até fechar com o general Mourão (PRTB). Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) se contentaram com nomes do próprio partido. Alckmin teve convite recusado pelo empresário Josué Alencar, cuja família é ligada a Lula, antes de optar por Ana Amélia (PR).
Foto: Agência Brasil/F.Frazão
Os candidatos isolados
A jogada de Alckmin com o "centrão" acabou isolando outros candidatos. Jair Bolsonaro (PSL) tentou negociar com o PR, mas teve que se contentar com o nanico PRTB. Ciro Gomes (PDT) também viu suas investidas no grupo naufragarem. Marina Silva (Rede) e Ciro também não conseguiram apoio do PSB, que ficou neutro numa manobra do PT. Os três terminaram a fase de convenções com pouco apoio e tempo de TV.
Alckmin fecha com o "centrão"
Em julho, o tucano Geraldo Alckmin ainda patinava nas pesquisas, mas criou um fato novo na campanha ao conseguir o apoio do "centrão", as siglas que costumam emprestar seu apoio a governos em troca de cargos e verbas. Ao se aliar com PR, PP, PSD, DEM e SD, Alckmin passou a dominar 44% da propaganda eleitoral na TV. Sua coligação também recebe 48% do novo fundo de campanhas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Candidaturas descartadas
A eleição de 2018 parecia destinada a superar o número de candidatos de 1989, quando 22 disputaram. Em abril, 23 manifestavam interesse em concorrer, entre eles o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Fernando Collor. Mas eles logo desistiram ou foram abandonados por seus partidos. Outros aceitaram ser vices. Em agosto, só 13 permaneciam na corrida.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os "outsiders" saem de cena
A possibilidade de Lula ficar de fora e o sentimento antipolítico entre a população sinalizavam que esta seria a eleição dos "outsiders". O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e o apresentador Luciano Huck chegaram a ser incluídos em pesquisas. O empresário Flávio Rocha anunciou candidatura. Em julho, todos já haviam desistido, e a disputa ficou restrita a velhos nomes da política.
Foto: Imago/ZUMA Press/M. Chello
Lula é condenado e preso
Quando anunciou, em 2016, a intenção de disputar a eleição, Lula se tornou o líder nas pesquisas. Em janeiro, porém, sua situação se complicou após uma condenação em segunda instância que o deixou virtualmente inelegível. Em abril, foi preso. Com a possibilidade de a candidatura ser barrada, o PT passou a ter dificuldades em formar alianças, e o desfecho do pleito ficou ainda mais imprevisível.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Entra em cena o fundo de campanhas
Diante da proibição das doações por empresas, o Congresso criou em outubro de 2017 um novo fundo de R$ 1,7 bilhão para financiar candidaturas, já definindo a capacidade financeira de várias campanhas. Quase 60% do valor ficou concentrado em seis legendas: MDB, PT, PSDB, PP, PSB e PR, deixando candidatos à Presidência de pequenas e médias siglas com menos recursos na largada.