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Arquitetura

A ilha de encontros românticos da realeza prussiana

25 de junho de 2018

Antigo criadouro de coelhos transformado em residência real de verão em 1794 é um dos passeios preferidos dos berlinenses. Patrimônio Mundial da Humanidade, ilha preserva castelo de seus tempos áureos.

Castelo na Ilha do Pavão, em Berlim
Castelo construído na ilha sobreviveu ao tempoFoto: picture-alliance/dpa/P. Zinken

A pequena ilha ao sudoeste de Berlim, no meio do rio Havel, costuma passar despercebida em guias turísticos, no entanto, a Ilha do Pavão, que viveu tempos áureos durante o reino de Frederico Guilherme 2º da Prússia, é uma viagem no tempo e um pequeno oásis de tranquilidade no meio da agitada capital alemã.

Seu primeiro uso pouco remete a seu nome: na ilha durante a segunda metade do século 17 eram criados coelhos. Somente em 1794, Frederico Guilherme 2º resolveu transformar o antigo criadouro numa residência de verão para encontros secretos com sua amante, Guilhermina Enke. Como ninho dos pombinhos, o rei mandou construir um castelo inspirado em modelos ingleses e franceses.

Uma das exigências aos arquitetos era que o castelo branco, de dois andares, fosse construído com madeira prussiana. Para quem não conhece essa história e visita a ilha pela primeira vez, o castelo parece ser uma imitação barata do "castelo de verdade", mas não, ele realmente foi construído como está até hoje lá.

Guilhermina, claro, participou ativamente nos planos para a construção, escolhendo inclusive a decoração e os móveis. Porém, ela não pôde usufruir dele, pois Frederico Guilherme 2º morreu pouco antes da entrega da obra, e a amante real foi mandada para exílio pelo sucessor do rei, Frederico Guilherme 3º.

A jornalista Clarissa Neher vive em Berlim desde 2008Foto: DW/G. Fischer

Além do castelo, Frederico Guilherme 2º mandou também construir na ilha um espaço para a criação de vacas leiteiras que deveria parecer uma ruína de um antigo convento.

Ao assumir o trono, Frederico Guilherme 3º transformou a ilha numa residência de verão da família real. Sob seu comando, o local virou uma espécie de fazenda ornamental. Após a morte da rainha Luísa, em 1810, o rei construiu um monumento em homenagem à esposa na ilha. Além disso, diversas novas construção surgiram na região, inclusive um minizoológico, que chegou a possuir cerca de 800 animais.

O sucessor de Frederico Guilherme 3º, Frederico Guilherme 4º, não era fã do minizoológico e, em 1844, doou os animais ao primeiro zoológico da Alemanha, o de Berlim. Com a mudança no trono, a ilha foi ignorada pela família real.

Ela só voltaria aos holofotes em 1936, quando foi palco de uma festa de encerramento dos Jogos Olímpicos de Berlim. Atualmente, a ilha é um parque e, desde 1990, faz parte da lista de Patrimônios Mundiais da Humanidade. O local é também um destino de passeio bem popular entre os berlinenses.

Para chegar até a Ilha do Pavão, há uma balsa que sai da rua Pfaueninselchaussee 100 a cada 15 minutos. A passagem custa 4 euros.

Clarissa Neher é jornalista freelancer na DW Brasil e mora desde 2008 na capital alemã. Na coluna Checkpoint Berlim, publicada às segundas-feiras, escreve sobre a cidade que já não é mais tão pobre, mas continua sexy.

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