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A incontestável supremacia do Bayern de Munique

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
21 de dezembro de 2021

Mesmo quando muita coisa dá errado, equipe de Munique se mantém na liderança. Depois da contestada vitória no clássico contra o Borussia Dortmund, parece simplesmente ter deixado a crise para trás.

Lewandowski (d) festeja gol com companheiros de equipe do Bayern de MuniqueFoto: Ina Fassbender/AFP

Verdade seja dita: o Bayern de Munique fez de tudo durante o primeiro turno da atual temporada da Bundesliga para que sua supremacia no futebol alemão fosse seriamente contestada.

Começou mal o campeonato ao empatar fora de casa com o Borussia Mönchengladbach. Logo em seguida penou para vencer o Colônia. Na sétima rodada, após uma série de quatro vitórias  contra times que perambulavam pelos últimos lugares da tabela de classificação, perdeu na sua própria sala de estar para o Eintracht Frankfurt, de virada, por 2x1.

Em começos de novembro desabou a crise da covid-19 sobre os bávaros. Depois de uma apertada vitória sobre o Freiburg por 2x1, o zagueiro Niklas Süle foi testado positivo para o vírus logo depois de ter sido convocado pelo técnico da seleção alemã, Hansi Flick. Foi dispensado, assim como foram Joshua Kimmich, Serge Gnabry e Jamal Musiala. Todos tiveram que entrar em quarentena, desfalcando o Bayern para os seus próximos compromissos.

Aquela partida contra o valoroso time da Floresta Negra foi a última que Joshua Kimmich, o motor e organizador da equipe, disputou pelo Bayern no primeiro turno do campeonato. Logo em seguida, o jogador declarou à imprensa que ainda não tinha tomado a vacina por ter sérias dúvidas sobre seus eventuais efeitos colaterais no longo prazo. Não bastasse isso, o jovem atleta, depois de ter cumprido a quarentena, foi testado positivo para a covid-19. Resultado: nova quarentena.

Sem Kimmich, o Bayern perdeu para o pequeno Augsburg (1x2) e penou para vencer pela contagem mínima um sério candidato ao rebaixamento, o Arminia Bielefeld.

Como se vê, não faltaram problemas para o Bayern nesse período. Diversos casos de covid-19, muitas quarentenas, o caso Kimmich e ainda por cima a revolta de torcedores contra a diretoria do clube, que tem como um dos seus principais patrocinadores a Qatar Airways, companhia aérea estatal do emirado.

Apenas para lembrar: o Catar, sede da próxima Copa do Mundo, é uma ditadura que pisoteia os mais elementares direitos humanos, além de explorar em regime análogo à escravidão milhares de trabalhadores estrangeiros no país.   

Foi nesse contexto crítico para os bávaros que aconteceu Der Klassiker, o clássico por excelência do atual futebol alemão, entre Borussia Dortmund e Bayern de Munique.

Os ventos pareciam soprar a favor da equipe aurinegra. Sua maior estrela, Erling Haaland, estava de volta após ficar no estaleiro, sem poder atuar durante mais de um mês por ter sofrido uma contusão nos flexores do quadril.

Mesmo com a ausência do seu artilheiro, o Borussia Dortmund vinha relativamente bem na competição, fazendo das tripas coração para não perder de vista o líder bávaro. Na tabela de classificação estava apenas um ponto atrás do Bayern, e uma vitória de Marco Reus e cia. no Signal Iduna Park poderia representar um divisor de águas e até uma virada em favor dos aurinegros.

Jogando em casa, onde acumulava onze vitórias consecutivas na Bundesliga e podendo contar com o apoio de sua torcida, era esta a grande oportunidade do Borussia de finalmente vencer o seu arquirrival.

No frigir dos ovos foi um baita jogo, mas infelizmente definido por duas interpretações equivocadas do árbitro, as duas a favor do Bayern. O conceituado portal Kicker deu nota zero para o juiz Felix Zwayer, que acabou punido pelo comitê de arbitragem da liga. Até segunda ordem, não vai mais apitar em partidas do Borussia Dortmund.

A derrota calou fundo na alma borussa. Na partida seguinte, contra o Bochum, apenas empatou a duras penas, e no encerramento do primeiro turno foi atropelado pelo Hertha Berlim, até então um dos sérios candidatos ao rebaixamento.

Vale lembrar que no começo de dezembro, antes de Der Klassiker, a diferença entre líder e vice-líder era de apenas um pontinho, e tudo estava em aberto. Exatamente duas semanas depois, essa diferença subiu para nove pontos, e o Bayern, como por encanto, parece ter deixado sua crise para trás e voltou a voar em céu de brigadeiro.

É a supremacia do Bayern de Munique. Quem poderá contestar?

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.

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