Pela primeira vez, empresa chinesa patrocina a Eurocopa. Novidade dá prosseguimento à onda de investimentos que levou à injeção de bilhões de euros em clubes do continente. Fã do esporte, o presidente Xi Jinping apoia.
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Há décadas, o futebol europeu é muito popular na China. A TV aberta transmite ao vivo partidas das principais ligas europeias, incluindo a Bundesliga alemã. A televisão estatal chinesa, CCTV, transmite ao vivo todos os 51 jogos da Eurocopa. Mais de 40 jornalistas esportivos chineses cobrem o evento nos estádios na França. Na última semana de junho, cerca de 70 milhões de espectadores ficaram acordados durante a madrugada para acompanhar as partidas das oitavas de final do torneio.
O gigante econômico China é um anão no futebol. No ranking da Fifa, sua seleção ocupa o 81° lugar de um total de 204 times. Mas a China tem torcedores leais e consumistas, que impulsionam o negócio do futebol europeu.
Pela primeira vez, uma empresa chinesa é patrocinadora da Eurocopa: Hisense, fabricante de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos. No painel de LED ao redor do campo e no painel que serve de fundo para entrevistas, torcedores de 230 países podem ver o logotipo da empresa chinesa, que tem filial em Düsseldorf.
"Através do patrocínio da Eurocopa, a Hisense quer se promover no mundo", afirma Zhu Shuqin, do departamento de marketing do grupo. A Hisense fabrica TVs, smartphones e geladeiras. Ele não revela o que a Hisense pega pela publicidade no torneio europeu. Especialistas avaliam que a companhia gastou pelo menos 50 milhões de euros. Em 2015, a empresa chinesa faturou 3,2 bilhões de dólares no exterior.
Capital chinês no futebol europeu
O comentarista esportivo Feng Tao afirma que a publicidade em grandes eventos esportivos é a melhor maneira de as empresas chinesas tornarem sua marca conhecida. "O tempo de estabelecimento no mercado externo é reduzido em torno de cinco a oito anos", avalia Feng, em entrevista ao portal online chinês Sina. Na Bundesliga alemã, por exemplo, a empresa de telecomunicações chinesa Huawei é desde 2013 patrocinadora do Borussia Dortmund.
Em janeiro de 2015, o grupo Wanda, do bilionário Wang Jianlin, investiu 45 milhões de euros no Atlético de Madri, garantindo 20% de participação no tradicional clube espanhol. Segundo a imprensa espanhola, 16 dos 20 clubes da primeira liga espanhola são mantidos com ajuda de capital chinês, seja na forma de investimentos ou em contratos de patrocínio, somando um total de um bilhão de euros.
Empresas chinesas possuem 70% das ações da Inter de Milão, e um grupo de empresários do país asiático confirmou nesta terça (05/07) a compra do Milan. O único proprietário do clube britânico Aston Villa é um chinês. O próximo alvo dos investidores chineses é o Manchester United.
Além disso, a empresa de marketing esportivo Infront Sport & Media, da Suíça, que, entre outros, comercializou os direitos esportivos das Copas do Mundo de 2002 e 2006, também está em mãos chinesas: em 2015, 68,5% de participação na empresa foram comprados, por 1,05 bilhão de euros, pelo mesmo grupo Wanda que investe no Atlético de Madri.
Apoio de cima
As atividades de investidores chineses no futebol profissional europeu estão bem ao gosto do presidente chinês, Xi Jinping, que é um grande fã do futebol. Seu grande desejo é que a seleção de futebol da China se classifique novamente para uma Copa do Mundo, que a China sedie um Mundial e até, eventualmente, ganhe um título.
Em 2002, a equipe chinesa participou pela única vez de uma Copa do Mundo, se aproveitando do maior número de vagas restantes para a Ásia, já que os anfitriões se classificam automaticamente para o torneio, realizado na Coreia do Sul e no Japão.
O bilionário Wang Jianlin quer que jovens jogadores vindos da China sejam treinados na Europa e consigam acesso à liga profissional europeia no futuro. Em 2015, o clube alemão Wolfsburg contratou o meia chinês Zhang Xizhe. A compra de Zhang, de 25 anos, foi vista como uma jogada de marketing do principal patrocinador do clube, a Volkswagen, interessada no mercado chinês. Zhang, no entanto, não atuou em um único jogo na Bundesliga e terminou sua carreira na Alemanha após seis meses.
Os 70 anos de Beckenbauer
O Kaiser (imperador) é um dos raros casos de sucesso no futebol como jogador, treinador e cartola. Sua inteligência e elegância, dentro e fora dos campos, fizeram dele uma lenda do esporte alemão.
Foto: Getty Images/Bongarts/A. Hassenstein
Conquistando o mundo da bola
Beckenbauer já passou pelas mais variadas posições ligadas ao futebol. São mais de 50 anos de carreira, de jogador a técnico, passando por comentarista e cartola. Por onde passa, ele coleciona títulos e experiências marcantes. Beckenbauer é uma referência para o futebol alemão até hoje. Nesta foto, ele apresenta a bola dourada da final da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Peer Grimm
Os títulos como jogador
Franz Beckenbauer nasceu no dia 11 de setembro de 1945, em Munique. Ele jogou de 1965 a 1983 e ganhou inúmeros títulos. Pelo Bayern de Munique, foi quatro vezes campeão da Copa da Alemanha. Além disso, ganhou cinco vezes a Bundesliga (quatro pelo Bayern e uma pelo Hamburgo). Entre os títulos mais importantes estão quatro Liga dos Campeões e a Copa do Mundo de 1974.
Foto: imago/WEREK
A marca Beckenbauer
Logo cedo, empresários descobriram o potencial do Kaiser como garoto-propaganda. Com o sucesso esportivo, o nome Beckenbauer se transformou em uma valiosa marca. Ele já apareceu vendendo desde sopas prontas, discos de vinil até aparelhos de telefone. O sotaque bávaro dele passou até a ser imitado.
O topo do mundo
Com um estilo elegante e uma liderança nata dentro dos campos, ele se tornou mundialmente famoso pelos seus passes precisos e uma forma altiva de jogar. O grande sucesso da carreira foi em 1974, quando ele, como capitão, ajudou a seleção da então Alemanha Ocidental a vencer a favorita Holanda e levantar a Copa do Mundo.
Foto: AP
A coroação do Kaiser
Em 1977, a primeira versão do "Kaiser" em brinquedo foi lançada. Mas o apelido já surgira bem antes, em 1968. Após um amistoso do Bayern em Viena, Beckenbauer pousou ao lado de um busto do antigo imperador Francisco 2º da Áustria. Os repórteres o designaram "Fussball-Kaiser" (imperador do futebol), título que pegou imediatamente.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/Werek
Campeão como técnico
Em 1990, ele se sagrou novamente campeão do mundo, desta vez como treinador. A vitória na final contra a Argentina por 1 a 0 marcou o tricampeonato alemão. Com o título, Beckenbauer se tornou o segundo desportista a conseguir uma Copa do Mundo como jogador (1974) e depois como treinador (1990). O primeiro havia sido Mário Jorge Lobo Zagallo.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Hellmann
De treinador a cartola
Depois do sucesso na seleção alemã, Beckenbauer aceitou a oferta de treinar o Olympique de Marseille, mas não ficou muito tempo no cargo. Já em 1991 ele se tornou dirigente no Bayern de Munique. Por duas vezes, voltou a ser técnico interino do time bávaro e ganhou assim um Campeonato Alemão e uma Copa da Uefa. De 1994 a 2009, ele foi o presidente do Bayern de Munique.
Foto: Paul Mazurek/Getty Images
O Kaiser da Copa de 2006
Após ganhar Copas do Mundo, o Kaiser organizou uma. Beckenbauer foi, de 1998 a 2010, um dos vice-presidentes da federação alemã de futebol (DFB) e foi o chefe da candidatura bem-sucedida da Alemanha para a Copa de 2006. A foto é um modelo de um carro alegórico do carnaval de Colônia que homenageou o Kaiser.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
O conquistador
O Kaiser também tinha um charme especial com as mulheres. Ele teve cinco filhos com quatro mulheres diferentes. E, no meio da correria da Copa do Mundo de 2006, ele arranjou tempo para se casar pela terceira vez, com Heidi. Em agosto deste ano, ele perdeu um dos filhos do seu primeiro casamento, Stephan, que morreu aos 46 anos vítima de um tumor no cérebro.
Foto: picture-alliance/dpa/Wolfgang Kumm
Prêmios e homenagens
No decorrer de sua carreira, Beckenbauer recebeu cerca de 50 prêmios, títulos e honrarias. Em 2006, os correios da Áustria, onde ele mora, homenagearam o Kaiser com um selo comemorativo. A imagem para ilustrar o selo é este retrato pintado por Andy Warhol em 1977, quando o Kaiser jogou no Cosmos de Nova York.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Settnik
Os gols-contra
Beckenbauer já recebeu várias críticas por morar na Áustria, para supostamente pagar menos imposto de renda. Não ajuda em sua reputação também o fato de ele ter se tornado “embaixador global” da federação russa de produtores de gás. Recentemente, ele foi punido pela Fifa por negar depoimento à investigação sobre a eleição do Catar para sede da Copa de 2022.