As vespas tomaram o verão alemão. Semelhantes às abelhas, esses insetos são ousados e podem se tornar agressivos caso se sintam ameaçados. Multa para quem destrói um ninho pode chegar a 50 mil euros.
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Elas não têm medo de safanões e, se alguém tenta espantá-las, revidam com agressividade. As vespas invadiram o verão alemão de 2018. Os insetos se esbanjaram com os bolos dos clientes de cafés, o almoço na varanda, piqueniques, churrascos e também nas vitrines das padarias e nos Biergärten. Rapidamente elas acabam com a tranquilidade de quem quer aproveitar o sol em espaços ao ar livre. Lidar com o zumbido e a ousadia das vespas requer paciência e calma.
As vespas pertencem à mesma ordem das abelhas – a Hymenoptera – e podem ser facilmente confundidas com os insetos polinizadores, mas o negócio delas não é o pólen das flores e, sim, comida, doces, e até outros insetos, como moscas. Mesmo assim, são mais esbeltas que as abelhas.
Para diferenciá-las, basta observar as asas, que são finas e apontadas no sentido vertical. As abelhas são mais gordinhas, peludas e têm asas posicionadas na horizontal. Ambas têm ferrões e liberam veneno com a picada, que é bem dolorosa. As vespas não produzem mel, mas algumas espécies têm função polinizadora.
As vespas aparecem no final do verão, entre agosto e setembro, mas na Alemanha já começaram a incomodar em julho. Neste ano a invasão em massa ocorreu por causa da primavera quente seguida de meses de intenso calor e tempo seco, condições ideais para a formação dos enormes ninhos, que têm textura semelhante ao papel.
A pergunta de quem quer curtir o verão alemão é como reagir. Qualquer movimento brusco deixa as vespas bem irritadas. Elas podem se afastar inicialmente, mas voltam bem agressivas para revidar na sua direção, vindo até nos olhos e na boca. A melhor escolha é permanecer refém e aceitar que quem manda neste verão são as vespas. A melhor tática é fazer movimentos bem leves para afastá-las e esperar até que fiquem satisfeitas e vão embora. Ter paciência é a melhor forma de evitar uma picada.
A Lei Federal de Conservação da Natureza protege todos os animais selvagens na Alemanha, incluindo as vespas. Os animais não podem ser capturados, feridos ou mortos sem um motivo razoável. No caso das abelhas, zangões e vespas, os ninhos não podem ser destruídos. A multa é altíssima: 50 mil euros. Para eliminar um ninho, é preciso ter a avaliação de um especialista e um motivo bem fundamentado. O fato de haver um ninho perto de casa não é considerado um motivo razoável para eliminá-lo.
Nem todas as vespas são agressivas. Cerca de 600 espécies de vespas vivem de forma solitária e afastadas de locais públicos. Apesar de parecerem inconvenientes, as vespas são importantes reguladoras de pragas e também ajudam no processo de decomposição de florestas mortas. Uma grande família chega a consumir até dois quilos de insetos por dia.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
Tanto animais quanto seres humanos sofrem com as altas temperaturas no verão europeu, mas isso não incomoda a maioria das borboletas. A má notícia é que em breve elas terão problemas. Entenda por quê.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner
Dias de cão no verão
A Europa teve recordes de temperatura neste verão. Enquanto na Espanha foi registrada a máxima de 46°C, em algumas cidades alemãs os termômetros marcaram em torno dos 40°C. Mas se a maioria dos animais lutava contra o calor, houve uma notável exceção.
Foto: picture-alliance/C. Steime
Clima quente e seco
Para a maioria das espécies de borboletas, a onda de calor foi muito bem-vinda, pois em algumas regiões europeias o verão é tipicamente chuvoso. "O tempo de voo delas é restringido por frio e umidade. E, se não voam, não se alimentam", diz Paul Ashton, chefe do departamento de Biologia da Universidade Edge Hill, no Reino Unido. Então, ao menos para borboletas adultas: sem chuvas, sem problemas.
Foto: picture-alliance/Jürgen Schwenkenbecher
Sem lugar para pôr ovos
Embora o clima quente e seco seja bom para o tempo de voo e a alimentação das borboletas, é provável que mesmo assim elas enfrentem problemas. "Considerando o outono, a postura e a eclosão dos ovos, pode haver dificuldades no futuro", aponta Ashton. Após longos períodos de calor extremo, as folhas onde as borboletas normalmente depositam seus ovos podem secar.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gerten
Espécie exigente e ameaçada
A borboleta marrom de argus ("Aricia agestis"), encontrada na Escócia e norte da Inglaterra, não pode simplesmente mudar para outra folha se a planta que escolheu está seca. A espécie deposita seus ovos exclusivamente na "rock rose", planta da família "Cistaceae" que só cresce em solo rochoso – o que significa que ela murcha mais rápido em climas quentes e secos.
Foto: picture-alliance/Hippocampus/F. Teigler
Poucas lagartas famintas à vista
A falta de plantas para postura de ovos significa menos lagartas. Portanto, embora seja provável que se vejam mais borboletas neste verão europeu, não se esperam toneladas de lagartas para o outono. A longo prazo, a onda de calor também não é boa para as borboletas. O declínio do número de insetos em todo mundo também se aplica às borboletas.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/F. Hecker
Refúgio de flores silvestres
Para salvar borboletas e outros insetos, como as abelhas, muitas cidades começaram a plantar flores silvestres. Moradores de Bonn, na Alemanha, criaram este campo: "Bonn blüht und summt" (Bonn floresce e faz zumbido), que garante comida para os insetos no verão e um local de descanso no inverno.
Foto: DW/ C. Bleiker
Mais frio é melhor
A longo prazo, o aquecimento global prejudica mariposas como a fritilária-dos-pântanos. Essas espécies de alta altitude estão adaptadas a voar em condições muito frias. Na Escócia, a fritilária-dos-pântanos vive em elevações acima de 600 metros. Quando o tempo esquenta, ela voa mais alto. Mas há um limite de altitude que pode alcançar – e morre se não encontrar as plantas que precisa.
Foto: picture-alliance/blickwinkel/J. Fieber
Fim da destruição de habitat
O pesquisador Ashton diz que uma das principais razões para o declínio das borboletas, além do aquecimento global, é a perda de habitat. "É em parte devido às circunstâncias e em parte devido à intensificação agrícola", explica o ecologista. Se quisermos continuar vendo borboletas, e não apenas em vitrines, precisamos agir agora. Plantar belas flores silvestres no quintal pode ser um começo!