A máquina de notícias
2 de outubro de 2002O cerne do serviço em língua inglesa é um webcrawler. O programa busca para o serviço de notícias do Google o que for manchete no mundo. Em poucos segundos, o mecanismo automático de busca "folheia" mais de quatro mil fontes de notícias online e avalia os artigos. Entre as fontes utilizadas por Google está também a oferta em inglês de DW-WORLD. Quanto maior a freqüência com que aparece uma notícia, quanto mais links remeterem a ela, quanto mais atual ela for e quanto mais séria for a fonte – tanto mais destacada é a sua posição na lista de notícias do Google.
Os dois acontecimentos mais populares são tratados como grandes manchetes. A página das notícias é atualizada a cada 15 minutos. Desta maneira, o Google News Service oferece uma ampla visão das notícias que correm pelo mundo.
Homem contra a máquina
Para cada notícia, Google News oferece uma série de fontes. Por exemplo, abordando um tema do Oriente Médio, remete como manchete principal à website do jornal israelense Ha'aretz. Mas oferece, ao mesmo tempo, 877 links para outros jornais e revistas, que informam sobre o mesmo assunto.
Isto permite ao usuário verificar as inúmeras maneiras distintas como as diversas fontes de notícias informam sobre o mesmo acontecimento. Steve Outing, da revista online Editor&Publisher, considera Google News, por isto, muito mais imparcial do que qualquer outro órgão da mídia poderia ser, visto isoladamente. A máquina de busca decide através de critérios meramente matemáticos sobre a importância de uma notícia. As opiniões pessoais de redatores influenciam, em geral, a atribuição de importância a um acontecimento. A comparação mundial, feita através de uma máquina, impõe um equilíbrio nesta avaliação, afirma Outing.
Mas, junto com a subjetividade humana, elimina-se também o controle humano: no Google News Service não existem redatores, que examinam o conteúdo das notícias em busca de erros. Assim, já ocorreram falhas crassas à máquina automática de busca. Até mesmo assuntos já superados foram tratados como manchetes principais do momento. "O cerne do Google News é um programa de algoritmos", esclarece Dr. Michael Klein, diretor do Instituto de Novas Mídias, em entrevista a DW-WORLD. "A máquina pode ser manipulada através de uma intervenção ativa ou aproveitando a lógica da busca", afirma Klein. No momento, por exemplo, aparecem notícias da agência Associated Press com freqüência excessiva no Google News.
Falhas na rede de busca
Google só remete a páginas de livre acesso que podem ser alcançadas com um único clique. Se o usuário tiver antes que preencher um formulário de registro (é o caso, por exemplo, do New York Times), então a página não é oferecida pelo serviço. Por esta razão, Google fechou contratos especiais com alguns desses sites (como foi o caso do próprio New York Times). Mas um grande número de websites ainda continua excluído da busca de notícias.
Um outro problema: Google ordena as suas notícias de acordo com a atualidade. Por isto, artigos mais velhos, que são às vezes o ponto de partida para determinado tema, acabam sendo eliminados prematuramente.
John Morrish, escritor e professor de jornalismo, manifestou uma opinião bastante crítica, em entrevista a DW-WORLD. Segundo ele, Google News orienta-se apenas pela massa consumidora. "Popularidade e massa não são os melhores critérios. É chocante, quando a notícia de um naufrágio no Senegal, com 1000 mortos, é posta abaixo de um artigo sobre as novidades técnicas no setor de telefones celulares", diz Morrish. "Além disto", segundo ele, "é bom que sejam mostrados às vezes novos pontos de vista, que não sejam apenas populares." (am)