A seleção está eliminada, o governo está à beira do colapso. E, como em qualquer drama, há protagonistas e traidores. As crises na política e no futebol da Alemanha têm alguns paralelos tragicômicos.
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O governo da Alemanha e a seleção de futebol do país estão na miséria e apresentam alguns paralelos interessantes: líderes perto do fim, traidores, salvadores da pátria e muito, mas muito drama.
Pra começar, Angela Merkel e Joachim Löw
Ambos são estoicamente calmos, ambos se guiam por valores. Ela deixou muitos refugiados entrarem no país, ele deixou muitos atacantes entrarem na grande área. Ele foi campeão do mundo; ela foi, ainda que brevemente, a salvadora do mundo democrático.
Ambos são ameaçados por assombrações: Merkel por Alexander Dobrindt, líder da bancada da CSU no Parlamento alemão, e por Horst Seehofer, seu ministro do Interior; Löw pelas seleções do México e da Coreia do Sul. Nos dois casos, os prazos de validade parecem ter expirado, mas não há ninguém melhor para colocar no lugar. Trágico.
Mesut Özil e Markus Söder
Ambos praticam política externa paralela sem serem os encarregados por ela. E assim irritam seus companheiros de equipe.
Özil sorriu e posou para fotografias ao lado do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e Söder fez o mesmo com o chanceler federal da Áustria, Sebastian Kurz. Nenhum dos dois pensou nas consequências. Ambos vivem entre dois mundos: Özil entre a Alemanha e a Turquia, Söder entre a Alemanha e a Baviera.
Exportações alemãs e merchandising da Nationalelf
As exportações alemãs estão ameaçadas pelas tarifas aduaneiras de Donald Trump, e os produtos ligados à seleção alemã porque esta deixou a desejar. Nos dois casos, as perdas podem ser grandes: queda nas vendas de automóveis da Volks e da Mercedes de um lado e de camisas da Adidas do outro. "Made in Germany" e "Best NeVer Rest" – slogans que agora soam ultrapassados.
Sigmar Gabriel e Sandro Wagner
O ex-vice-chanceler federal e o atacante do Bayern de Munique foram preteridos por quem selecionava as seletas equipes por eles almejadas. Gabriel ficou de fora do governo alemão, enquanto Wagner não entrou na lista dos 23 atletas convocados para o Mundial. Dotados de egos enormes, ambos se mostraram ofendidos.
Gabriel anunciou ele mesmo a renúncia ao cargo e, desde então, anda de cara amarrada. Wagner comunicou sua aposentadoria da seleção. Ambos acreditam que foram deixados de lado porque suas opiniões incomodam. Estão enganados. Nenhuma equipe suporta tanto ego.
Wolfgang Schäuble e Franz Beckenbauer
O ex-ministro das Finanças e agora presidente do Bundestag e o maior jogador alemão da história são veteranos de batalhas. Ambos entendem de caixa 2. Schäuble já é apontado como sucessor se Merkel cair fora. Beckenbauer ainda não foi lembrado, mas isso pode acontecer a qualquer momento.
Um é presidente honorário do Bayern de Munique, o outro é presidente de verdade do Bundestag. E ambos, assim como o país e a seleção alemã, já viram dias melhores. Para todos vale: agora só dá para melhorar.
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O novo governo de Angela Merkel
Os 15 nomes que compõem o gabinete do quarto governo Merkel já são conhecidos. SPD comandará pastas cobiçadas, como Finanças e Exterior. CDU chefiará a Economia, e CSU, o Interior.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Na vitrine
Heiko Maas, de 51 anos, trocou o Ministério da Justiça pelo do Exterior. Como ministro da Justiça, Maas gerou polêmica com a lei contra a incitação ao ódio nas redes sociais. O Ministério do Exterior costuma levantar a popularidade de seus ocupantes, o que deverá acontecer também com ele. Por isso, já há quem especule que o SPD esteja preparando Maas para ser candidato à chancelaria pelo partido.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Guardião das finanças
Olaf Scholz, de 59 anos, já deixou claro que vai rezar pela cartilha do seu antecessor no Ministério das Finanças, Wolfgang Schäuble (CDU). Também ele rejeita gastar mais do que a arrecadação e não quer fazer novas dívidas. Isso está definido, aliás, no acordo de coalizão, mas não agrada a todas as lideranças do SPD. Scholz, que hoje é prefeito de Hamburgo, também será o vice-chanceler.
Foto: Getty Images/C. Koall
Poder de fogo
O ex-secretário-geral do SPD Hubertus Heil, de 45 anos, será o novo ministro do Trabalho e Social. Este é, de longe, o ministério com o maior orçamento no governo alemão, com mais de 100 bilhões de euros disponíveis.
Foto: Imago/photothek/M. Gottschalk
Jovem e do Leste Alemão
A ascensão de Franziska Giffey, de 39 anos, mostra que não é necessário integrar as panelinhas do Bundestag para conseguir um lugar no governo: Giffey, até então prefeita do distrito de Neukölln, em Berlim, vai comandar o Ministério da Família, também do SPD. Esta política do Leste Alemão é tida como partidária da lei e da ordem, o que lhe deu fama em Neukölln, uma "região problema" da capital.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Gambarini
Chefe do meio ambiente
Svenja Schulze, de 49 anos, já tem experiência em comandar uma pasta, mas em nível estadual. Até 2017, ela comandou a Secretaria da Pesquisa no estado da Renânia do Norte-Vestfália. Depois que o SPD perdeu a eleição e deixou o governo, ela passou a ocupar o cargo de secretária-geral. Agora, vai assumir o Ministério do Meio Ambiente.
Foto: picture-alliance/dpa/R.Vennenbernd
Pelos direitos das mulheres
Katarina Barley, de 49 anos, vai trocar o Ministério da Família pelo da Justiça. No cargo atual, ela se mostrou uma defensora dos direitos das mulheres, por exemplo exigindo que o debate sobre sexismo e violência seja ampliado dentro da sociedade alemã.
Foto: picture alliance/dpa/K. Nietfeld
Braço direito da chanceler
Peter Altmaier, de 59 anos, é tido como o braço direito da chanceler federal Angela Merkel. Como chefe da chancelaria federal, ele recebeu dela alguns dos piores abacaxis do governo, como a gestão da crise dos refugiados. Agora ele passará para o Ministério da Economia e Energia, tido como o principal dos que ficaram com a CDU e importante para o setor industrial do partido.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Homem de confiança
Helge Braun, de 45 anos, também é um homem de confiança de Merkel e um de seus assessores mais próximos. Com a ida de Altmaier para a Economia, Braun, que é da CDU, assume a chefia da Chancelaria Federal.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
De olho na Otan
Poucos ministros foram tão criticados no cargo, durante o governo passado, como Ursula von der Leyen, sempre às voltas com algum escândalo na Bundeswehr. Von der Leyen, de 59 anos e da CDU, já foi uma bem-sucedida ministra da Família de Merkel. Na época, era cotada para suceder a chefe. Hoje é tida como um nome forte para ser a próxima secretária-geral da Otan.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Renovação na CDU
Um dos rostos jovens mais promissores da CDU vai assumir o Ministério da Agricultura. Julia Klöckner, de 45 anos, perdeu duas eleições na sua terra natal, a Renânia-Palatinado, e agora se muda de vez para Berlim. Ela é tida como pessoa de confiança da chanceler federal. Para irritá-la, inimigos costumam lembrar que ela foi rainha do vinho no seu estado, um grande produtor de uvas e vinhos.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Crítico de Merkel
A imprensa foi unânime em apresentar a ida de Jens Spahn para o Ministério da Saúde como uma tentativa de Merkel de apaziguar seus críticos dentro da CDU. Afinal, Spahn, de 37 anos, é o principal crítico de Merkel na CDU. Ele se apresenta como católico, defensor dos valores conservadores e gay e é tido como um profundo conhecedor dos problemas de sua pasta, até mesmo por adversários políticos.
Foto: picture alliance/dpa/M. Kappeler
A surpresa na lista
A escolha de Anja Karliczek, de 46 anos, surpreendeu muitos observadores. Pouco conhecida, ela é deputada federal da CDU pela Renânia do Norte-Vestfália e vai assumir o Ministério da Educação.
Foto: imago/M. Popow
Novo lar para o "leão bávaro"
Desde 2008 governador da Baviera, Horst Seehofer, de 68 anos, vai assumir um Ministério do Interior fortalecido pelas pastas de "Heimat" (lar, pátria) e Construção. É o ministério mais importante da CSU, e muitos analistas afirmam que a criação da pasta de "Heimat" é uma resposta ao avanço da AfD, que a CSU encara como uma concorrente direta pelos votos no estado do sul da Alemanha.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Pohl
De volta a Berlim
Andreas Scheuer, de 43 anos, ocupava o cargo de secretário-geral da CSU. Agora, ele retorna ao Ministério dos Transportes, no qual havia sido vice-ministro até 2013, na condição de ministro. O ministério inclui ainda a pasta Digital.
Foto: picture-alliance/ZUMA Wire/S. Babbar
Ajuda ao desenvolvimento
Fora o ministro do Exterior, nenhum outro viaja tanto quanto o Ministro da Ajuda ao Desenvolvimento. O atual ocupante da pasta é Gerd Müller, de 62 anos, da CSU), e ele permanecerá no cargo no próximo governo. Entre as suas principais tarefas está combater a migração causada pelo subdesenvolvimento.