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A moda do toque musical

Nadim Abdul-Karim / MS5 de setembro de 2004

Ter um celular já deixou de ser símbolo de status. Agora é a primeira impressão que conta pontos. Ou melhor, o primeiro som. O que diferencia um ótimo aparelho de outro menos interessante é o toque musical.

Mais do que um meio de comunicaçãoFoto: DW

Os celulares estão se tornando cada vez mais verdadeiras caixas de música portáteis. Uma tendência que agrada às operadoras de telefonia móvel e, especialmente, às empresas que comercializam toques musicais. "Estimamos para este ano um volume de vendas no valor de 20 milhões de euros somente aqui na Alemanha", revelou Tilo Bonow, porta-voz da Jamba.de, maior fornecedora de toques musicais via internet da Europa. Em 2003, a empresa comercializou cerca de 10 milhões de títulos ao preço de 1,99 euro cada.

Jovens não dispensam o celularFoto: AP

Entre os jovens e adolescentes, o som de seus celulares é indiscutivelmente um símbolo de status. Nada de toques convencionais, o legal é ser diferente e ter o som da moda. Este grupo de consumidores sustenta e impulsiona o mercado. Algumas empresas cobram até 3 euros por cada toque transferido para o celular.

Nova tecnologia

Enquanto este tipo de negócio também é vantajoso para as editoras musicais, o mesmo não se pode dizer das gravadoras. Se uma música é reproduzida apenas em versão instrumental, somente os autores e a editora musical recebem dinheiro pelo direito de uso. O intérprete e a gravadora ficam de fora dos ganhos.

Isto, entretanto, deve mudar em um futuro próximo. Depois dos tons monofônicos e polifônicos, a mais recente novidade é a tecnologia true tones, que permite reproduzir no celular um trecho real de uma música em sua versão original. Os empresários, de olho neste filão, estão pedindo para que seus artistas componham músicas com um refrão de no máximo 30 segundos, tempo médio de um toque celular.

No ritmo da moda

"Do ponto de vista comercial, faz muito mais sentido", garantiu Stefan Schulz, da Universal Music, maior gravadora alemã. Ele afirmou ainda que os toques musicais não podem ser confundidos como uma nova forma de expressão musical. Eles apenas reproduzem a parte mais forte e expressiva de uma canção.

Celular faz parte da vida modernaFoto: Bilderbox

O mercado musical já sente os efeitos decorrentes do uso de músicas pop como toque celular. O lucro com os lançamentos individuais na Alemanha caiu de 36,3 para 24,4 milhões em 2003. No ano passado, pela primeira vez na Inglaterra as vendas de toques musicais superaram as de CDs. O mercado fonográfico decidiu acompanhar esta tendência e planeja fornecer em cada CD um código que permitirá ao consumidor baixar via internet a música para seu celular.

Não resta dúvida que o celular está provocando uma mudança no mercado musical. Basta assistir aos canais de TV dedicados à música. Nos intervalos comerciais o telespectador é bombardeado por uma série de ofertas de toques musicais. "Pode estar certo de que nos canais de música não há um intervalo sem nossa propaganda", assegurou Bonow, da Jamba.de

Nem tão legal assim

O astro pop Herbert GrönemeyerFoto: AP

E o que pensam os artistas sobre esta tendência? O ídolo alemão Herbert Grönemeyer não acha tão legal assim. Suas músicas têm uma mensagem que transparece à medida em que a canção é tocada. Não dá simplesmente para tirar um trecho como se a música pudesse ser dividida.

"Um toque musical não satisfaz aos artistas que dão valor à mensagem de suas letras", disse o compositor Tom Lang. É difícil conciliar a criatividade artística com as exigências do mercado. Mas o fato é que o toque musical deixou definitivamente de ser mero sinal acústico de uma chamada telefônica.

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