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A morte de um político controverso

(am)5 de junho de 2003

O controvertido ex-líder do Partido Liberal alemão, Jürgen Möllemann, morreu num acidente de pára-quedas.

Perícia policial no local da queda de Jürgen MöllemannFoto: AP

A morte trágica do político e experimentado praticante do pára-quedismo é tão controversa como a sua vida pública. O salto de quatro mil metros de altitude ocorreu nesta quinta-feira (5/6), o dia em que as autoridades internacionais executavam um mandado de busca e apreensão na residência do político de 57 anos e nos escritórios dos seus representantes financeiros em 13 cidades de quatro países: Alemanha, Luxemburgo, Espanha e Liechtenstein. Pouco antes, o Parlamento alemão havia suspendido a sua imunidade parlamentar.

Embora a morte de Jürgen Möllemann possa de fato ter sido acidental, as autoridades policiais não descartam a possibilidade do suicídio. Tal hipótese é sustentada não apenas pelas circunstâncias – a pressão das investigações policiais –, mas também pelas declarações de testemunhas oculares do clube de pára-quedismo de Marl-Loemühle.

A uma altitude de aproximadamente 1500 metros, Möllemann teria soltado o pára-quedas principal, sem qualquer pane técnica aparente, deixando de acionar o pára-quedas de reserva. Para o experiente praticante de pára-quedismo, este teria sido um erro primário inexplicável, o que reforça a suspeita de suicídio.

Carreira controversa

Jürgen W. MöllemannFoto: AP

A carreira do político Jürgen Möllemann foi uma das mais controversas e polêmicas na história da República Federal da Alemanha. Inicialmente filiado à União Democrata Cristã (CDU), Möllemann transferiu-se para o Partido Liberal (FDP) em 1970. Dois anos depois era eleito deputado federal pelo Estado da Renânia do Norte-Vestfália.

Em 1982, tornou-se vice-ministro e um dos principais assessores do seu padrinho político, o então ministro das Relações Exteriores Hans-Dietrich Genscher, também pertencente ao Partido Liberal. Em 1987, tornou-se ministro da Educação e, em 1991, ministro da Economia. Durante oito meses, em 1993, acumulou até mesmo o cargo de vice-chanceler federal no gabinete do então chefe de governo alemão, Helmut Kohl.

Um primeiro escândalo político custou a Jürgen Möllemann os cargos de ministro da Economia e vice-chanceler. O político liberal utilizou papel ofício do seu Ministério para a promoção publicitária de um artigo fabricado por um parente e amigo.

João-teimoso da política

Considerado o joão-teimoso da política alemã, Jürgen Möllemann logrou recuperar seu prestígio e destacar-se novamente na vida pública, apesar desse primeiro escândalo. Seu êxito nas campanhas eleitorais era proverbial.

O político liberal teve de abandonar seu partido em meados de março passado, em razão das acusações de malversação das doações de correligionários. Sem o conhecimento e o consentimento dos seus companheiros do FDP, Möllemann usou os fundos do partido para financiar, durante a campanha para as eleições de 22 de setembro do ano passado, um panfleto com críticas em tom anti-semita contra a política do governo de Israel em relação aos palestinos.

Ele visava com isto, segundo seus críticos, angariar votos dos eleitores de extrema direita. Sua receita demagógica não funcionou: em vez dos almejados 18% de votos, o FDP não logrou mais que 7,4%. E a questão do panfleto não autorizado isolou Jürgen Möllemann inteiramente dentro do seu partido. Em 17 de março último, ele se desligou do FDP, mantendo porém seu status de deputado federal sem vínculo partidário.

A viúva de Jürgen Möllemann, Carola, é presidenta do diretório regional do FDP e vereadora na cidade de Münster. Möllemann deixou ainda três filhas adultas.