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A nova política do Twitter contra discurso de ódio

Maximiliane Koschyk ca
20 de dezembro de 2017

Após críticas por não agir contra disseminação de ideias radicais de direita, rede social anuncia medidas contra conteúdos e usuários que façam apologia da violência. Entenda as novas regras.

Twitter interrompeu temporariamente verificações de perfis

O Twitter anunciou no início semana que começou a aplicar as novas regras para filtrar conteúdos de "ódio" e "abusivos" na rede social, incluindo mensagens que promovam ou façam apologia da violência.

A plataforma vem enfrentando há algum tempo críticas sobre a forma como lida com os usuários, grupos e conteúdos que promovem o ódio na rede. O Twitter também informou que suspenderá "as contas ligadas a organizações que usem ou promovam a violência contra civis para visibilizar suas causas".

Leia também:Twitter dobra limite de 140 caracteres

A empresa não quis fazer comentários sobre nenhuma conta em particular e não deu informações imediatas sobre o número de usuários atingidos pela nova disposição.

Por que o Twitter introduziu essas regras?

Como uma das principais redes sociais, o Twitter tem sido repetidamente criticado, como também o Facebook, por sua influência não filtrada em discussões políticas. As plataformas são acusadas, entre outras coisas, de não agirem com determinação contra a disseminação de ideias radicais de direita.

Recentemente, foi considerada especialmente controversa a decisão de verificar, ou seja, reconhecer oficialmente, o perfil do neonazista americano Jason Kessler. No Twitter, a verificação é uma forma de os usuários ganharem mais alcance, já que seu perfil é considerado como checado pela empresa.

Kessler é o organizador da parada neonazista em Charlottesville, na Virgínia. A crítica à verificação da conta dele foi tamanha que o Twitter decidiu interromper temporariamente todas as verificações.

Para quem são essas novas regras?

Já no mês passado, o Twitter anunciou que bloquearia perfis que glorificassem ou endossassem a violência. A rede social disse querer ir ainda mais longe e observar o comportamento online de usuários fora da plataforma.

De agora em diante, os usuários não podem mais estar "ligados a organizações que usem ou defendam a violência contra civis por meio de suas opiniões ou comportamentos".

O que aconteceu desde a nova política do Twitter?

Desde que as novas regras entraram em vigor, no início da semana, dezenas de perfis de grupos racistas e incitadores do ódio foram removidos da plataforma.

Uma conta que já não está visível no Twitter é a da vice-presidente do partido radical de direita britânico Britain First, Jayda Fransen, que ganhou notoriedade quando suas mensagens anti-islã e vídeos racistas foram retuitados por Donald Trump.

Também o líder da legenda, Paul Golding, não pode mais tuitar, e o perfil oficial do Britain First foi suspenso da rede social.

A nova política do Twitter limitará o alcance dos grupos de direita?

Para movimentos na fronteira do socialmente aceitável como Britain First, a suspensão do Twitter é uma grande restrição. No mundo analógico, muitos desses grupos são apenas movimentos fragmentados e usaram durante anos as redes sociais para cultivar uma comunidade. Paul Golding, líder da legenda radical de direita, já iniciou uma petição para reativar o perfil do partido.

Grupos de direita buscarão novas plataformas?

Isso é muito provável, porque o Twitter está longe de ser a única plataforma em que grupos extremistas de direita se encontram em todo o mundo. Uma das redes mais populares dos neonazistas é a Gab, vista por especialistas como o meio preferido da cena de direita.

Os usuários só podem se filiar ao Gab se forem convidados, e os próprios membros decidem quem pode ou não se tornar parte da comunidade. Como a rede já foi fortemente criticada por divulgar conteúdos de direita, as empresas de tecnologia Apple e Google já bloquearam o download do aplicativo Gab em seus aparelhos.

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