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A polêmica estratégia dos vôos baratos

(mas/fs)5 de outubro de 2005

Companhias aéreas de baixo custo ganham uma "mãozinha" de órgãos oficiais para crescer e gerar empregos na Alemanha. Apoio governamental gera críticas e "ciúmes" no setor.

RyanAir: 'mãozinha' governamentalFoto: AP

Os aeroportos regionais da Alemanha também querem lucrar com o boom das companhias aéreas de baixo preço, como RyanAir e EasyJet. Para aproveitar o mercado em crescimento, cidades alemãs em busca de alternativas de crescimento econômico investem na construção, ampliação ou adaptação de aerportos para atrair o interesse das empresas que são conhecidas no mercado como low fare, pois oferecem vôos a partir de 99 centavos de euro.

Entretanto, parte do empresariado alemão vê este tipo de estratégia de desenvolvimento com desconfiança. "As companhias que oferecem bilhetes a baixo preço esperam que o seu investimento retorne e isto geralmente é bastante caro para o governo, que tem de subsidiar [as obras]", afirma Martin Gaebges, secretário-geral da Associação das Empresas Aéreas em Operação na Alemanha (Barig).

Esperança em Kassel

Saguões cheios: também em Kassel?Foto: Bilderbox

A esperança de criar milhares de novos empregos é a mola propulsora do novo aeroporto planejado para a cidade de Kassel. Para a construção do projeto, serão necessários investimentos de 151 milhões de euros (cerca de 400 milhões de reais), que virão dos cofres do município e do Estado de Hessen. Por enquanto, a RyanAir é a única companhia que demonstrou interesse em usar Kassel como base de operações.

O município de Lübeck já percebeu que o interesse das companhias aéreas low fare pode ser passageiro. As obras do aeroporto da cidade foram atrasadas por problemas com a licença ambiental do projeto – por conta disso, a RyanAir desistiu de montar uma nova base de operações em Lübeck e firmou parceria com a cidade britância de Nottingham.

Empresas como a RyanAir e a EasyJet, entretanto, têm muito potencial de crescimento na Alemanha – o que justificaria os altos investimentos em novos aeroportos nas cidades distantes dos grandes centros, que estão interessadas em atrair turistas. A RyanAir, por exemplo, voa para 16 destinos na França, 15 na Itália, 14 na Espanha, oito na Polônia e apenas sete na Alemanha.

Especulações

O porta-voz da Lufthansa, Frank Püttmann, classificou como "bolha de especulação" a ofensiva das low fare. O interesse de companhias como RyanAir e EasyJet na Alemanha estaria, segundo ele, relacionado aos subsídios governamentais concedidos para a construção dos novos aeroportos. "O dinheiro público vai parar diretamente no caixa das empresas que oferecem vôos de baixo preço", afirma.

EasyJet: 'mais subsídios que minas de carvão'Foto: AP

Segundo Püttmann, a cidade de Dortmund – onde opera a EasyJet – deu mais subsídios públicos para gerar postos de trabalho no setor de aviação do que às companhias de mineração, que comandaram a economia do município nos anos 60 e 70.

Sucesso e fracasso

Na prática, há exemplos de fracasso e de sucesso dos aeroportos regionais. A adaptação da antiga base militar de Weeze para atividades civis consumiu 50 milhões de euros em investimentos. Desde a falência da empresa holandesa low fare V-Bird, a RyanAir passou a ser a única empresa a ocupar o aeroporto e o trânsito de passageiros caiu muito.

Um balanço positivo, porém, pode ser tirado da adaptação do aeroporto militar de Baden-Baden, que também trabalha com as companhias áreas que oferecem passagens a peços promocionais. O município espera receber 700 mil passageiros este ano e prevê que o aeroporto gere lucro a partir de 2006. "Se este aeroporto não existisse, a alterantiva da cidade seria investir na plantação de aspargos", afirma o porta-voz da Câmara de Comércio e Indústria de Karlsruhe, Andreas Kempff.

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