Livros de James Bond: a polêmica retirada de termos racistas
Christine Lehnen
4 de março de 2023
Primeiro romance sobre o "007" foi publicado há 70 anos. Agora, herdeiros do autor Ian Fleming decidiram que reimpressão das obras eliminará alguns termos racistas - mas sexismo permanece, suscitando acalorado debate.
Anúncio
Há quase 70 anos, o personagem James Bond foi apresentado ao público: em 13 de abril de 1953, o autor Ian Fleming publicou Cassino Royale, no qual o agente secreto, sob o codinome 007, trabalhava para o MI5, a agência doméstica de contraespionagem e segurança do Reino Unido.
Agora, por ocasião do 70º aniversário, os romances de James Bond ganharão uma nova edição, decidiram os herdeiros de Ian Fleming, que administram seus direitos autorais. A novidade é que a linguagem racista será removida da reimpressão.
"Algumas palavras racistas que ofenderiam as pessoas hoje em dia e reduziriam o prazer da leitura foram ajustadas", disse a família em um comunicado. "Mas ficamos o mais próximo possível do original e da época em que o romance surgiu".
Debate acalorado
A ideia, no entanto, foi criticada no Reino Unido e é vista por alguns como censura. Também desencadeou um novo debate. Enquanto para alguns as mudanças planejadas vão longe demais, para outros elas não são suficientes. O jornal britânico Independent apontou que, embora a representação de pessoas negras seja alterada, a linguagem condescendente em relação às figuras do leste asiático e da Coreia permaneceria.
Descrições misóginas e homofóbicas também continuam no romance, informou o jornal britânico Daily Telegraph, incluindo comentários como "o doce cheiro de estupro" ou a descrição da homossexualidade como uma "deficiência teimosa".
Quem escolhe o que ainda é aceitável?
No entanto, o livro deve conter uma observação inicial de que o romance contém expressões e atitudes que um público moderno pode achar ofensivas.
Isso, porém, não parece se referir à misoginia, critica a autora australiana Clementine Ford, que estudou o sexismo no universo de Bond. As mudanças seriam feitas para garantir que Bond permaneça "admirável e popular", disse Ford.
"Se você assumir isso, você tem que se perguntar por que o sexismo e a desumanização das mulheres não parecem prejudicar Bond, mas, pelo contrário, fazem parte de seu charme", comentou em entrevista à revista americana Time.
Anúncio
Controvérsia semelhante
Uma controvérsia semelhante ocorre em relação ao trabalho do popular autor galês de livros infantis Roald Dahl - que escreveu obras como Matilda e James e o Pêssego gigante. As nova edições de seus romances também devem ser revisadas pelos chamados sensitivity readers,que apontam para conteúdos que poderiam ser percebidos como um insulto ou prejudicar um grupo de pessoas.
O personagem Augusto Glupe, por exemplo, de A fantástica fábrica de chocolate, não deve mais ser chamada de "gordo", mas de "enorme". O autor Salman Rushdie, que foi vítima de um ataque com faca em 2022 por décadas defendendo a liberdade de expressão, chamou as mudanças de "censura absurda".
No caso de Roald Dahl, a editora recuou após críticas públicas: duas edições estão agora para ser publicadas, uma das quais contém o texto original. A Ian Fleming Publishing, por outro lado, pediu aos leitores que deem uma olhada na versão revisada e tirem sua própria conclusão.
Dez filmes de espionagem que se passam na Alemanha
De James Bond a Ethan Hunt, muitos agentes secretos já passaram pela Alemanha — mesmo que virtualmente. Berlim parece ser a cidade ideal para diretores como Spielberg e Hitchcock gravarem seus thrillers.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
"Ponte dos Espiões"
Muitas partes do novo filme de Steven Spielberg foram filmadas em Berlim e nos seus arredores. A produção reconta a primeira de uma série de trocas de espiões que aconteceram na Ponte Glienicke, conhecida como a "Ponte dos Espiões" — daí o título do filme. Spielberg não é o primeiro cineasta a retratar agentes secretos na Alemanha. Veja a seguir mais exemplos.
Foto: 2014 Twentieth Century Fox
"Cinco dedos"
O filme ("Five fingers", 1952) dirigido por Joseph L. Mankiewicz fala sobre um agente secreto famoso durante a Segunda Guerra Mundial e que trabalhou para os nazistas — amplamente conhecido por seu codinome, Cícero. Apesar de outros filmes de espionagem serem gravados em locações, este foi rodado, principalmente, em estúdio.
Foto: picture-alliance/dpa/akg-Images
"Os espiões também amam"
Esse thriller da Alemanha Ocidental, originalmente intitulado "Spion für Deutschland" (1956), também retrata as ações de um agente secreto alemão durante a Segunda Guerra Mundial. Estrelado por Martin Held e Nadja Tiller, ele foi filmado em Berlim e nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/dpa
"A guerra secreta"
Werner Klinger é um dos quatro cineastas que dirigiram esse antológico filme de espião ("The secret agents", 1965). O filme é composto por histórias dirigidas por um alemão, um francês, um italiano e um britânico. Filmado em Berlim, é estrelado por Henry Fonda e Robert Ryan.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"Cortina rasgada"
Alfred Hitchcock filmou esse thriller de espionagem ("Torn curtain", 1966) em estúdio. No entanto, algumas cenas foram feitas em Berlim. A equipe de filmagem gravou na capital alemã e enviou as imagens para Hollywood, assim Hitchcock poderia usar o material em seu filme. O elenco inclui atores alemães, além de estrelas americanas, como Julie Andrews e Paul Newman.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"007 contra Octopussy"
Uma grande parte do 13º filme ("Octopussy", 1983) do agente secreto mais popular da história do cinema, James Bond, foi gravada em Berlim. O agente 007, interpretado por Roger Moore, é visto no Checkpoint Charlie, em frente ao Muro e em uma cena de perseguição no antigo circuito de AVUS.
Foto: picture-alliance/dpa/ KPA
"O inocente"
Anthony Hopkins, Isabella Rossellini e Campbell Scott estrelam o filme ("The innocent", 1993). Ele é baseado na "Operação Ouro", que aconteceu durante a Guerra Fria quando agentes da CIA e do MI6 construíram um túnel sob o setor russo da capital alemã. A direção é de John Schlesinger.
Foto: picture-alliance/dpa/United Archives/IFTN
"Missão Impossível 3"
Para o terceiro filme da série "Missão Impossível", o diretor J.J. Abrams e o ator Tom Cruise queriam gravar, inicialmente, no Reichstag (o prédio do Parlamento alemão). Mas o governo não permitiu que eles gravassem no edifício — um conselho decidiu que ele não deveria ser usado em filmes comerciais. A equipe teve que construir os sets de filmagem no Babelsberg Studio, nos arredores de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa
"O segredo de Berlim"
O filme de Steven Soderbergh ("The good german", 2006) também demonstra como estúdios podem substituir locações reais. A história se passa na Berlim do pós-guerra, mas foi filmada em Los Angeles. No entanto, Soderbergh inseriu, na película em preto e branco, cenas de arquivo reais da então destruída cidade.
Foto: picture-alliance/dpa
"Jogo de espiões"
Este thriller de espionagem ("Spy game", 2001), estrelado por Robert Redford e Brad Pitt, também se passa em Berlim, mas não foi filmado na Alemanha. Locações em Budapeste foram usadas para reproduzir a capital alemã. Isso pode ser notado em algumas cenas, porque certo elementos da paisagem não existem de fato em Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa
"O agente da U.N.C.L.E"
Misturando comédia, aventura e espionagem, o filme ("The man from U.N.C.L.E", 2015) dirigido por Guy Ritchie contém muitas cenas que se passam em Berlim na década de 1960. Henry Cavill interpreta um agente secreto americano competindo com um espião russo. O filme recria a atmosfera da Berlim dividida — ainda que tudo tenha sido feito por computador.
Foto: 2015 WARNER BROS. ENTERTAINMENT INC. AND RATPAC-DUNE ENTERTAINMENT LLC ALL RIGHTS RESERVED/Daniel Smith