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HistóriaAlemanha

A República de Weimar

5 de abril de 2013

Transformações e convulsões marcaram as três primeiras décadas do século 20 na Alemanha. A fragilidade da república instituída em 1919 contribuiu para a expansão de movimentos radicais e para fortalecer os nazistas.

Foro em preto e branco de homem com barba
Primeiro presidente do Reich na república de Weimar, Friedrich EbertFoto: picture-alliance/dpa

Sob o reinado de Guilherme 2º, a partir de 1890, a Alemanha procurou recuperar o terreno perdido na corrida imperialista das grandes potências. A participação do país no movimento colonizador, porém, deu-se em proporções modestas. Suas colônias incluíam Togo, Camarões, o Sudoeste Africano e um conjunto de territórios então denominado África Oriental Alemã.

O progresso material da Alemanha, aliado a um grande aumento da população (de 41 milhões, em 1871, para 61 milhões, em 1910), talvez tenha sido o aspecto mais importante nas décadas que precederam a Primeira Guerra Mundial. O aumento da produção industrial levou a um grande aumento das exportações.

A siderurgia desenvolveu-se a todo vapor, dando origem a firmas poderosas, como a Krupp e a Thyssen. Na indústria química, os fertilizantes impulsionaram a produção agrícola e os explosivos reforçaram o campo militar.

Nos meios de transporte, as ferrovias mais do que triplicaram em 40 anos, até somarem 61 mil quilômetros em 1910. A interligação ferroviária com outros países colocou a Alemanha no centro da rede europeia. A construção de canais melhorou a rede fluvial e houve grande ampliação das linhas marítimas e da marinha mercante. Paralelamente, crescia a rede bancária.

Expansão do nacionalismo

Tudo isso trazia grandes transformações socioeconômicas, que incluíam a conscientização da crescente classe trabalhadora – que conseguiu se organizar legalmente em sindicatos após o fim da lei antissocialista de Bismarck, em 1890. Apesar disso, a democracia social idealizada por políticos e pensadores como August Bebel, embora fosse a maior força partidária com milhões de eleitores filiados, ficou excluída de qualquer participação no governo. O Reichstag (Parlamento) não exercia nenhum controle sobre o governo.

Um clima de intenso nacionalismo se expandiu, influenciando a política do imperador, que a definiu na seguinte máxima: "Política mundial como missão, potência mundial como objetivo, esquadra como meio". A ênfase dada à Marinha decorria da concorrência com o Reino Unido e da brusca intensificação dos interesses coloniais germânicos.

Em 1900, uma nova lei naval duplicou o poderio marítimo alemão. Não só se aguçava a rivalidade econômica entre Inglaterra e Alemanha como também se acirrava o panorama político internacional. O ano de 1913 foi caracterizado por amplos preparativos militares e o aumento de exércitos. Após um período de desconfiança internacional geral se definiram os que viriam a ser os principais adversários do primeiro conflito mundial: Alemanha e Áustria, de um lado, contra Inglaterra, França e Rússia, de outro.

A Primeira Guerra Mundial

Cartão-postal da Primeira Guerra MundialFoto: AP

O assassinato de Franz Ferdinand, herdeiro do trono austríaco, e de sua esposa, em 28 de junho de 1914, desencadeou a Primeira Guerra Mundial. A Alemanha viu-se obrigada a lutar em duas frentes, o que Bismarck sempre quis evitar. A rápida derrota da França, como planejado pelos alemães, não aconteceu. Ao contrário: após a derrota da Alemanha na batalha do Marne, a luta estagnou.

No oeste, uma guerra de trincheiras culminou em batalhas sem sentido, com enormes perdas humanas e materiais para ambos os lados. Desde o início da guerra, o imperador e os primeiros-ministros foram relegados a segundo plano, e foram os militares que passaram a dar as cartas. O marechal Paul von Hindenburg estava à frente do alto comando militar alemão, mas o verdadeiro cabeça era o general Erich Ludendorff.

A guerra foi decidida após a entrada dos Estados Unidos, em 1917. Ludendorff, contudo, ignorou que a Alemanha estava completamente exaurida, insistindo até setembro de 1918 numa "paz vitoriosa". A derrota militar foi acompanhada da derrota política. Sem nenhuma resistência, imperador e príncipes abandonaram seus tronos, em novembro de 1918. Ninguém levantou a voz em defesa da monarquia, que caíra em descrédito. A Alemanha tornou-se república.

A República de Weimar

Proclamação da República de Weimar em ilustração de Raimo Bergt

Das cinzas da guerra e do império, surgiu uma república fragilizada, numa era de grandes dificuldades econômicas não só na Alemanha derrotada como também no mundo todo. O social-democrata Friedrich Ebert foi encarregado de formar o primeiro governo republicano. Tendo-se distanciado das ideias revolucionárias do passado, os social-democratas consideravam sua principal tarefa garantir a transição ordenada para a nova forma de Estado.

As tentativas de introdução do socialismo por forças revolucionárias de esquerda, encabeçadas por nomes como Karl Liebknecht e Rosa Luxemburgo – que acabaram assassinados – foram reprimidas pela força das armas em 1918. Não houve mudanças em relação a propriedade privada, administração ou comando das tropas no país. As forças antirrepublicanas mantiveram posições-chaves no poder.

A eleição de 1919 – a primeira em que mulheres puderam votar – resultou em grande maioria para a democracia parlamentar.

A Constituição, promulgada em agosto daquele ano em Weimar, acentuou a unidade alemã: os Estados não tinham soberania. Os três partidos republicanos que detinham a maioria na Assembleia Nacional não foram fortes o suficiente para enfrentar, na década de 20, as tendências que se colocavam contra o Estado democrático: aos radicais de esquerda logo vieram se somar aos de direita, que ganhavam cada vez mais influência entre o povo.

As dificuldades econômicas do pós-guerra e as rigorosas condições impostas pelo Tratado de Versalhes, assinado em 1919, alimentaram um profundo ceticismo em relação à república. Os distúrbios atingiram seu ápice em 1923, quando a inflação assumiu proporções dramáticas (um dólar chegou a valer 4,2 bilhões de marcos).

Franceses e belgas ocuparam a região do rio Ruhr, quando os alemães deixaram de pagar as parcelas da indenização de guerra. Nesse ambiente conturbado, Adolf Hitler, então chefe do pequeno Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP), tentou um golpe fracassado em Munique. A época também foi marcada por tentativas dos comunistas de tomar o poder.

Breve prosperidade antes do fim

Gustav Stresemann, chanceler federal por cem dias em 1923Foto: picture-alliance / dpa

Entre 1924 e 1929, houve um breve período de reconstrução, graças à influência que adquiriu Gustav Stresemann. Ele era um nacionalista contra qualquer tipo de extremismo. Empréstimos externos foram empregados na modernização da indústria. Com a ajuda dos EUA, foi elaborado o Plano Dawes para possibilitar que o país arcasse com suas obrigações de guerra sem se arruinar completamente.

A política externa de Stresemann recuperou para a Alemanha a igualdade de direitos através do Tratado de Locarno (1925) e do ingresso do país na Liga das Nações (1926). A arte e as ciências floresceram nos "dourados anos 20".

Após a morte do social-democrata Friedrich Ebert, primeiro presidente republicano, foi eleito chefe de Estado, em 1925, o ex-marechal Hindenburg. Candidato da direita, ele seguiu à risca a Constituição, embora não fosse partidário do Estado republicano.

O declínio da República de Weimar começou comocolapso da bolsa de Nova York e a crise econômica mundial de 1929 – mesmo ano em que morreu Stresemann.

A história dos anos seguintes foi marcada pela ascensão, nas eleições de 1930, dos ultranacionalistas (nacional-socialistas) e dos marxistas (comunistas). Em seu radicalismo, ambos se aproveitaram do alto desemprego (que atingia 4,4 milhões de pessoas em 1930) e da miséria geral. Em 1931, a crise levou à quebra dos bancos e, em 1932, a situação se agravou ainda mais: os desempregados somavam 5,6 milhões e o marechal Hindenburg foi reeleito presidente, com Hitler em segundo lugar.

Em meio aos tumultos, o chanceler Heinrich Brüning (de centro) foi demitido e substituído por Franz von Papen. O novo governo revogou medidas antes adotadas para conter as formações paramilitares dos nacional-socialistas (nazistas), e Hitler, em troca, passou a tolerá-lo. Em janeiro de 1933, após a demissão de Von Papen, Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.

 

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