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A ressonância de Schröder em Hollywood

Steffen Leidel (sv)9 de setembro de 2005

Michael Ballhaus, diretor de fotografia de longas de Coppola e Scorsese, fala em entrevista à DW-WORLD sobre sua simpatia por Schröder e explica o porquê do interesse de Leonardo DiCaprio pela política alemã.

Diretor de fotografia Ballhaus: 'Sou um homem político"Foto: picture allicance/dpa

DW-WORLD: O senhor mencionou há pouco que está trabalhando muito no momento. Poderia dizer em que exatamente?

Michael Ballhaus: Estou no momento rodando um filme: The Departed (um remake do policial chinês Infernal Affairs). A direção é de Martin Scorsese e os atores são Leonardo DiCaprio, Matt Damon e Jack Nicholson, ou seja, um elenco de superestrelas. Este é meu sétimo filme com Scorsese. Um projeto muito bonito. Estamos na 20ª semana de filmagens e ainda temos mais 14 dias até o fim.

Trabalhando tanto e com essa intensidade, o senhor ainda consegue acompanhar o que acontece na Alemanha?

Eu e minha mulher acompanhamos as notícias da Alemanha, porque continuamos a ter interesse pelo país. Minha mulher sempre compra jornais alemães e eu, quando tenho tempo, dou uma lida também. Nós nos mantemos informados, mesmo que não detalhadamente.

Quais notícias lhe interessam mais?

No momento, temos grande interesse pelas eleições e pelo que vai acontecer no país. Acompanhamos temerosos os rumos que tudo pode tomar. E ficamos satisfeitos com os bons resultados de Gerhard Schröder no debate transmitido pela TV.

Enquanto trabalha no set de filmagens, o senhor fala sobre a política alemã?

Não se comenta muito o assunto. Com Leonardo DiCaprio eu falo às vezes sobre política alemã, porque ele é, de alguma forma, alemão. E fala um pouco a língua. Ele tem uma mãe e uma avó alemãs. No mais, fala-se pouco sobre isso, mesmo porque, devo confessar, são poucas as conversas durante as filmagens sobre qualquer assunto que não seja o próprio filme.

Quais são as opiniões de Leonardo DiCaprio sobre a política alemã? Ele conhece o chanceler federal Gerhard Schröder?

Sim, conhece. Ele acha inclusive muito bom o que está acontecendo na Alemanha e é uma pessoa consciente, que acompanha e sabe o que se faz no mundo em relação à proteção ao meio ambiente. Por isso acha ótimo o que se faz na Alemanha neste sentido, ou seja, progressos em relação ao que acontece nos EUA.

Qual é a imagem da Alemanha entre seus colegas? Dentro da própria Alemanha, a atmosfera não é no momento das melhores, em função da crise econômica.

De acordo com o que posso avaliar – pois, como já disse, não falamos muito do assunto – a Alemanha é muito bem vista pelos norte-americanos. Eles vêem o país como uma nação progressista, que prioriza o social e onde há uma rede de segurança social muito mais eficiente que nos EUA.

Não é segredo para ninguém que o senhor é um defensor de Gerhard Schröder. No site do SPD (Partido Social Democrata), o senhor e sua mulher são usados como exemplos de personalidades conhecidas que apóiam o candidato. Por que isso?

Eu e minha mulher conhecemos Schröder pessoalmente, fomos convidados para ir até à sede do governo participar das chamadas "noites culturais". Conversei com ele algumas vezes, o que foi bastante interessante. Admiro a pessoa também e não apenas o político Schröder. E o vejo como uma personalidade marcante. Ele é um homem que sabe ouvir e que é muito bem visto fora do país. É um político carismático.

No site o senhor diz que "nossos amigos americanos nos invejam por causa deste chanceler federal". O que o senhor quer dizer com isso?

Eles nos invejam porque gostariam de ter um presidente com as qualidades de Gerhard Schröder. Pois desta forma não teriam sido colocados no beco sem saída que foi a guerra do Iraque. Sob a perspectiva dos nossos amigos norte-americanos, a oposição à guerra foi um grande ato de Schröder. Não sei como Angela Merkel teria agido nessa situação.

Clique ao lado para ler a respeito das opiniões de Michael Ballhaus sobre uma eventual troca de governo na Alemanha e saiba mais sobre sua predileção especial por Berlim.

O senhor se autodefiniria como um homem político?

Acho que sim. A política me interessa bastante.

O senhor teme uma mudança política na Alemanha?

Temor é talvez a palavra errada. A situação não é comparável à dos EUA. Eu simplesmente não acredito que outro conseguiria se sair melhor. Na minha opinião, Schröder e a coalizão de governo social-democrata-verde deram início a uma reforma que já deveria ter sido feita há 20 anos. Helmut Kohl teria que ter feito isso. Todo aquele que levar essa reforma adiante, vai sofrer prejuízos eleitorais, pois é necessário sacrificar um pouco de cada um.

Talvez tenha sido um erro do atual governo não ter esclarecido melhor o eleitor em que situação financeira o país realmente se encontra e não ter explicado que o atual sistema social não é mais viável. E agora os governantes vão ser punidos por isso nas urnas. Os outros não vão conseguir fazer melhor. Eles vão ter que levar as reformas adiante.

O senhor está sempre indo de um lugar para outro: Nova York, Berlim e Francônia, na região da Baviera. O senhor se sente em casa em algum lugar?

Claro, em Berlim. Eu nasci na cidade e Berlim é, para mim e para minha mulher, a cidade mais bela que existe. Acredito realmente que Berlim seja, no momento, uma das cidades mais bonitas do mundo.

O diretor de fotografia Michael Ballhaus, nascido em 1935, é uma das personalidades alemãs mais conhecidas em Hollywood. Seus primeiros sucessos por detrás das câmeras datam do anos 70, sob a direção de Rainer Werner Fassbinder. Depois disso, Ballhaus participou de mais de 40 filmes nos EUA, entre eles 'Dracula', de Coppola e vários dirigidos por Martin Scorsese.

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