Publicado 10 de fevereiro de 2023Última atualização 24 de março de 2023
Para economistas, petista pode estar buscando transferir responsabilidade por provável baixo crescimento econômico neste ano. Já analistas políticos veem origem do embate na proximidade do chefe do BC com Bolsonaro.
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As críticas frequentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à política de juros e controle de inflação do Banco Central (BC) têm nome e sobrenome: Roberto Campos Neto. O presidente da autarquia que define a política fiscal do país foi indicado ao cargo em fevereiro de 2019, pelo antecessor de Lula, Jair Bolsonaro.
Campos Neto é o primeiro no cargo após a Lei Complementar 179, que instituiu a autonomia política na presidência da autarquia federal, em vigor também desde fevereiro de 2019. O mecanismo estabelece mandatos de quatro anos para presidente e diretores do BC, com o argumento de blindar esses servidores de eventuais intervenções por parte do Executivo na definição da taxa de juros básica, a Selic, e no controle da inflação. Definida pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central, a taxa está atualmente em 13,75%, o maior patamar desde agosto de 2022 e considerado excessivo por Lula.
Nesta quinta-feira (24/03), o presidente voltou a criticar Campos Neto após o Copom ter decidido, pela segunda vez no atual governo, manter a Selic em 13,75% ao ano.
"Eu digo todo dia: não tem explicação para nenhum ser humano do planeta Terra a taxa de juro no Brasil estar a 13,75%. Não existe explicação", afirmou Lula, durante visita a um complexo da Marinha no Rio de Janeiro onde são construídos os novos submarinos brasileiros.
"Como presidente da República, não posso ficar discutindo cada relatório do Copom, eu não posso. Eles que paguem o preço pelo que eles estão fazendo. A história julgará cada um de nós", disse o presidente, que ainda sugeriu que o Senado interviesse no tema.
"Quem tem que cuidar do Campos Neto é o Senado que o indicou. Ele não foi eleito pelo povo, ele não foi indicado pelo presidente, ele foi indicado pelo Senado. Quando eu tinha o Meirelles, que era indicado meu, eu conversava com o [Henrique] Meirelles. Agora, se ele quiser, esse cidadão nem precisa conversar comigo."
Por um lado, economistas ouvidos pela DW afirmam que as pressões de Lula sobre Campos Neto para baixar a Selic são uma maneira de transferir a responsabilidade para a instituição por um provável baixo crescimento econômico neste ano – 0,88% segundo o boletim Focus. Já analistas políticos apontam para a proximidade do atual presidente do BC com o ex-presidente Bolsonaro, o que tem causado desconforto no governo atual.
Juros e inflação
A Selic regula o acesso ao crédito, com níveis mais altos levando, ao menos na teoria, a um menor consumo como forma de conter a inflação, mantendo-a dentro da meta, que é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), colegiado composto pelos ministros da Fazenda, Planejamento e pelo próprio presidente do BC.
A meta para este ano está em 3,25%, e conta com tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo. De acordo com a última edição do Boletim Focus, a expectativa é que a inflação ultrapasse a meta em 2023, com os agentes econômicos prevendo um IPCA de 5,95%. Isso aconteceu em 2022, quando o IPCA ficou em 5,79%. Cada vez que a meta é estourada, o presidente do BC precisa prestar contas ao ministro da Fazenda, como ocorreu recentemente.
Além da Selic, as pressões sobre o BC também vêm recaindo na meta de inflação. Segundo Ecio Costa, o professor titular de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mudar essas balizas econômicas "na marra" tampouco significaria um maior acesso ao crédito, porque o mercado continuaria cobrando mais caro pelo crédito. "Se você tira ou eleva essas expectativas, os juros não necessariamente vão cair, porque se a expectativa de inflação é mais alta, o mercado precifica os juros num patamar mais elevado, para justamente conter essa inflação", explica.
Ele diz que os demais países emergentes têm seguido, no geral, metas de inflação de 3%, dentro do que é defendido pelo CMN. "Quando você tem esse processo inflacionário, os alimentos têm uma inflação mais alta que os demais itens. Se vai para 5% ou 6% no geral, para os mais pobres talvez esteja 10%, o que faz o poder de compra cair. Aí temos um problema sério", complementa.
Durante a pandemia, a Selic chegou a 2%, o que, para Costa, foi justificado pela queda na atividade econômica causada principalmente pelo isolamento social, o que gerou deflação em alguns meses.
A Selic voltou a aumentar durante 2021 e 2022, chegando ao patamar atual em agosto do ano passado. O economista aponta que a inflação só não foi maior em 2022 por causa da PEC dos Combustíveis, que limitou o ICMS. "Ainda há pressão inflacionária aqui, como nos outros países", acrescenta.
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Autonomia do Banco Central
Embates entre chefes de governo e presidentes de bancos centrais não ocorrem apenas no Brasil. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), que também goza de autonomia junto ao Executivo, foi alvo constante de Donald Trump durante o mandato do ex-presidente republicano. Ele chegou a chamar a instituição de "patética" justamente pela política de juros. Na União Europeia, a independência dos bancos centrais dos países-membros foi uma exigência da Alemanha para a construção do bloco continental.
Para o professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Ricardo Rocha, as críticas de Lula à autonomia do BC vão contra o praticado nos primeiros dois governos do petista, que teve Henrique Meirelles à frente da autarquia. "Quando o Meirelles presidiu o BC, ele tocou a política monetária do jeito que tinha que tocar. Nos dois mandatos do Lula, teve momento de taxas de juros muito altas, então não me parece que a briga dele é técnica", afirma Rocha, que diz que uma das justificativas para o embate pode ser uma pressão ao próprio CMN para que se aumente as metas de inflação.
Segundo a legislação, a deposição do presidente do Banco Central deve ser aprovada por maioria simples no Senado (41 votos de 81 parlamentares). O professor do Insper, porém, diz que a reação do mercado a uma medida como essa seria péssima. "Se isso acontecer, juros e câmbio vão ter um salto muito grande. É mais ou menos dar um tiro no pé", acrescenta.
Costa, da UFPE, lembra que a autonomia do BC foi importante principalmente nas eleições de 2022, quando a autarquia comandada por Campos Neto não reduziu a Selic às vésperas do pleito. "Se o Banco Central não fosse autônomo, possivelmente o presidente [Bolsonaro] não teria deixado assim. Teria acontecido alguma interferência, como houve no passado. Era um ano eleitoral, qualquer notícia positiva ajudaria muito", destaca.
Resquício do bolsonarismo
Politicamente, no entanto, a questão entre Lula e Campos pode ir além de uma briga por rumos econômicos, chegando a uma disputa ideológica. Segundo o cientista político Christian Lynch, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IESP-UERJ), o contexto político atual faz o terceiro governo de Lula ser bem diferente dos dois primeiros mandatos.
"Lá atrás, Lula assumiu na esteira do FHC. Estava habituado a uma ideia de república estável, de princípios democráticos. Agora a oposição não é mais galante de tucanos esclarecidos – tem um grupo de aloprados golpistas que aparelharam o Estado. Nessa conjuntura, uma das preocupações dele é a garantia das instituições republicanas contra o golpismo bolsonarista", analisa Lynch.
O pesquisador da UERJ afirma que, por causa disso, o presidente do Banco Central é visto como um meio pelo qual o bolsonarismo tenta se manter. "Ele vê o Campos Neto como alguém que não é confiável. O problema é menos a independência do BC do que a pessoa do Roberto Campos, que é comprometido com o projeto neoliberal do Paulo Guedes até o pescoço", acrescenta.
Apoio a Bolsonaro
Durante as eleições de 2022, Campos Neto foi votar vestido com a camisa da seleção brasileira, num ato simbólico de apoio a Jair Bolsonaro. Em fevereiro o presidente do Banco Central também foi flagrado em um grupo de WhatsApp com outros ex-ministros do governo anterior. Para Carolina Botelho, pesquisadora do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e do Laboratório de Estudos Eleitorais, de Comunicação Política e Opinião Pública (Doxa/IESP) da UERJ, esse último ponto coloca em xeque a independência de Campos Neto.
"A autonomia do BC não tira o caráter político de quem está cumprindo o mandato. A indicação é um cargo político", diz ela. "Portanto, é bastante surpreendente ver que Campos Neto mantém um diálogo com o ex-governo. Essa é a grande questão. A crise veio daí, de um presidente que se outorgou a autonomia pela Constituição, o que não dá liberdade para conversar com pessoas do governo Bolsonaro", acrescenta.
Botelho afirma que cabe ao gestor do BC agir com responsabilidade, assim como a responsabilização. "Numa situação republicana, o próprio presidente do Banco Central deveria se desculpar ou mesmo se demitir, porque isso fere um espaço político importante que ele ocupa. Essa mensagem que ele deu para a sociedade é desastrosa. Ele está como um presidente de um banco de um novo governo conversando com ministros e elites estratégicas de um outro governo", opina a cientista política, que vê o movimento de Lula como uma forma de evitar um problema de governabilidade. "O jogo está claro, e há poucas razões para crermos que eles são cooperativos", conclui.
O gabinete do novo governo Lula
Em seu terceiro mandato como presidente, petista conta com 37 ministérios, recorde de 11 ministras e novas pastas, como Igualdade Racial e Povos Indígenas.
Foto: picture alliance / ASSOCIATED PRESS
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços - Geraldo Alckmin (PSB)
Alckmin comanda o Ministério da Indústria e Comércio, repetindo a fórmula de Lula de ter seu vice-presidente na equipe ministerial. Fundador do PSDB, Alckmin é médico e atua na política brasileira há 50 anos – já foi vereador, prefeito, deputado estadual e federal, vice-governador e governador de São Paulo. Na chapa de Lula, foi um símbolo de moderação para tentar atrair a centro-direita.
Foto: Yuri Murakami/Zumapress/picture-alliance
Fazenda - Fernando Haddad (PT)
O Ministério da Fazenda, desmembrado do atual Ministério da Economia, foi assumido por Fernando Haddad, ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo. Além da experiência como gestor público, Haddad é mestre em economia, doutor em filosofia e professor do Departamento de Ciência Política da USP. É um potencial nome do PT para disputar o Planalto em 2026.
Foto: Diogo Zacarias
Relações Exteriores - Mauro Vieira
Mauro Vieira já comandou o Itamaraty no governo Dilma Rousseff, até o impeachment da presidente, e agora retoma a chefia da pasta de Relações Exteriores. Diplomata de carreira, Vieira foi embaixador do Brasil na Croácia, na Argentina e nos Estados Unidos. Também foi o representante do Brasil na Organização das Nações Unidas de 2016 a 2020.
Foto: Luiz Rampelotto/ZUMA Wire/picture alliance
Defesa - José Múcio Monteiro
Foi ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais no governo Lula, de 2007 a 2009, quando foi nomeado ao Tribunal de Contas da União (TCU). Considerado um político conciliador, Múcio terá como desafio melhorar a relação entre o petista e os militares, que apoiaram em peso Bolsonaro. Sua escolha marca o retorno de um civil no comando da Defesa, o que não ocorria desde fevereiro de 2018.
Foto: Ton Molina/AP Photo/picture alliance
Justiça e Segurança Pública - Flávio Dino (PSB)
Ex-governador do Maranhão e senador eleito pelo estado, Flávio Dino comanda o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Dino foi um dos coordenadores do grupo técnico que discutiu esses temas no período da transição, e já exerceu os cargos de juiz federal, deputado federal e presidente da Embratur.
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Igualdade Racial - Anielle Franco
Anielle Franco comanda o novo Ministério da Igualdade Racial. Jornalista, escritora, educadora e ativista dos direitos das mulheres e da população negra, é irmã de Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro morta em 2018. No currículo, ela também traz a gestão do Instituto Marielle Franco e da Escola Marielles.
Foto: Bruno Lupion/DW
Direitos Humanos e Cidadania - Silvio Almeida
Advogado, professor e escritor, Silvio Almeida é um dos maiores especialistas em questões raciais no país. Ele é presidente do Instituto Luiz Gama, associação civil sem fins lucrativos formada por acadêmicos e militantes de movimentos sociais, com ênfase em raça, minorias e direitos humanos. Também é autor de uma série de livros e publicações, e integrou a equipe de transição de Lula.
Foto: Silvio Almeida
Educação - Camilo Santana (PT)
Ex-deputado, ex-governador e senador eleito pelo Ceará, Camilo Santana é o novo ministro da Educação – seu estado é considerado um modelo de políticas públicas do setor. Ele já foi também superintendente adjunto do Ibama e secretário do Desenvolvimento Agrário e das Cidades do Ceará. Camilo participou da equipe de transição de Lula como um dos coordenadores de Desenvolvimento Regional.
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
Portos e Aeroportos - Márcio França (PSB)
Bacharel em Direito, França começou na política em 1989, como vereador em São Vicente (SP). Foi prefeito da cidade por dois mandatos e eleito deputado federal em 2006 e 2010. Atuou como secretário estadual de Esporte, Lazer e Turismo e depois do Desenvolvimento. Foi vice-governador de 2015 a 2018 e comandou o governo paulista de 2018 a 2019, após a renúncia de Alckmin para concorrer à Presidência.
Foto: Marcos Corrêa/PR/Agência Brasil
Trabalho e Emprego - Luiz Marinho (PT)
Presidente do diretório estadual do PT em São Paulo, Luiz Marinho assume o Ministério do Trabalho, que já comandou de 2005 a 2007. Ele também já foi ministro da Previdência Social no segundo mandato de Lula, prefeito de São Bernardo do Campo, presidente da CUT e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no qual Lula se consagrou como líder sindical.
Primeira mulher a comandar o Ministério da Saúde, Nísia é doutora em Sociologia, mestre em Ciência Política e graduada em Ciências Sociais pela UERJ. Ela é presidente da Fiocruz desde 2017 e, antes disso, liderou projetos da instituição como a Casa de Oswaldo Cruz e o Museu da Vida e foi vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação. Ela atuou ainda na implementação da Rede SciELO Livros.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Gestão e Inovação em Serviços Públicos - Esther Dweck
Dweck já foi assessora econômica e secretária de Orçamento Federal nos governos Dilma Rousseff. Ela é professora do Instituto de Economia da UFRJ e doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela mesma instituição, especialista em crescimento e desenvolvimento. O novo ministério comandado por ela é fruto do desmembramento do Ministério da Economia.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ciência, Tecnologia e Inovação - Luciana Santos (PCdoB)
Santos é engenheira e presidente nacional do PCdoB. Natural do Recife, ela foi deputada estadual e federal, prefeita de Olinda duas vezes e a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-governadora de Pernambuco. A nova ministra da Ciência e Tecnologia também foi secretária estadual da mesma área no governo pernambucano.
Foto: EVARISTO SA / AFP
Desenvolvimento Social, Assistência, Família e Combate à Fome - Wellington Dias (PT)
Ex-governador do Piauí por quatro mandatos e senador eleito pelo estado pela segunda vez, o petista Wellington Dias se destacou durante o período mais crítico da pandemia da covid-19, como representante do fórum dos governadores na CPI da Pandemia. Dias é bancário, escritor e foi um dos articuladores da campanha de Lula.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Cultura - Margareth Menezes
A cantora baiana Margareth Menezes foi escolhida para liderar o Ministério da Cultura, que havia sido extinto no governo Bolsonaro. Margareth tem mais de dez álbuns na sua discografia, diversos prêmios e indicações ao Grammy e mais de 20 turnês internacionais. A cantora também fundou a ONG Fábrica Cultural, de combate ao trabalho infantil, exploração sexual e outras violações de direitos humanos.
Foto: Antonio/Agência Brasil
Mulheres - Aparecida Gonçalves
Especialista em gênero, Aparecida, ou Cida, foi secretária nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres nos governos Lula e Dilma. Ela é consultora em políticas públicas para o combate à violência doméstica e assessora prefeituras e governos estaduais. Cida participou da fundação da Central dos Movimentos Populares, e integrou a equipe de transição de Lula.
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Advocacia-Geral da União - Jorge Messias
Jorge Messias é procurador da Fazenda Nacional, carreira que integra a Advocacia-Geral da União (AGU). O futuro advogado-geral da União, cargo com status de ministro, já atuou nas áreas jurídicas dos ministérios da Casa Civil, Educação, Ciência e Tecnologia, e foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência no governo Dilma.
Foto: Ton Molina/Fotoarena/IMAGO
Controladoria-Geral da União - Vinicius Marques de Carvalho
Professor da Faculdade de Direito da USP, Carvalho presidiu o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de 2012 a 2016. Antes, foi secretário de direito econômico do Ministério da Justiça no governo Dilma e chefe de gabinete do Secretário Especial de Direitos Humanos no governo Lula. Também foi Yale Greenberg World Fellow.
Foto: Ton Molina/Fotoarena/IMAGO
Relações Institucionais - Alexandre Padilha (PT)
O médico infectologista pela Unicamp e ex-deputado federal por São Paulo voltou ao cargo que já exerceu no primeiro governo Lula. Ministro da Saúde no governo Dilma de 2011 a 2014, implementou o Mais Médicos. Participou também da implantação dos programas Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e Programa de Aceleração do Crescimento.
Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/IMAGO
Secretaria-Geral da Presidência - Márcio Macêdo (PT)
Márcio Costa Macêdo é biólogo com experiência em gestão e meio ambiente. Foi secretário municipal de Participação Popular de Aracaju, superintendente do Ibama em Sergipe e secretário do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe. Macedo foi eleito deputado federal pelo estado em 2010, e também exerceu os cargos de presidente dos diretórios municipal de Aracaju e estadual de Sergipe do PT.
Foto: EVARISTO SA/AFP/Getty Images
Casa Civil - Rui Costa (PT)
Governador da Bahia de 2015 a 2022, Costa também já foi secretário de Estado da Casa Civil e secretário de Relações Institucionais da Bahia e vereador de Salvador. Graduado em Economia pela UFBA, o novo ministro é considerado um nome conciliador. Ele iniciou sua vida política no Sindicato dos Químicos e Petroleiros da Bahia e participou da fundação do PT no estado.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Meio Ambiente - Marina Silva (Rede)
Nascida em um seringal no Acre, Marina foi escolhida como ministra do Meio Ambiente, cargo que já exerceu de 2003 a 2008, período marcado por redução do desmatamento. Também já foi senadora e é deputada federal eleita por São Paulo. Marina deixou o PT em 2019 e disputou a eleição para presidente da República em 2010, 2014 e 2018. Depois de anos rompida com o PT, reaproximou-se de Lula neste ano.
Foto: CARLA CARNIEL/REUTERS
Planejamento e Orçamento - Simone Tebet (MDB)
Originária de uma família de produtores rurais no Mato Grosso do Sul, Tebet foi senadora pelo seu estado e terceira colocada na eleição para presidente deste ano. No segundo turno, integrou a frente ampla que apoiou Lula e fez campanha ao lado do petista. No Ministério do Planejamento e Orçamento, caberá a ela conduzir os debates sobre a reforma administrativa e as parcerias público-privadas.
Foto: Rodrigo Paiva/Getty Images
Pesca - André de Paula (PSD)
Deputado federal por Pernambuco por seis mandatos e próximo do presidente do PSD, Gilberto Kassab, André de Paula é advogado e começou sua carreira política do PDS, que apoiava o regime militar e depois virou o PFL. Já foi secretário de Produção Rural e Reforma Agrária e das Cidades de Pernambuco. Sua nomeação integra um acordo para que o PSD dê sustentação ao governo Lula no Congresso.
Foto: João C. Mazella/Fotoarena/IMAGO
Agricultura - Carlos Fávaro (PSD)
Senador pelo Mato Grosso, Fávaro foi coordenador da campanha de Lula no seu estado e um dos principais articuladores de Lula com o agronegócio. Produtor rural, ele foi presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil e da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso. Foi um dos coordenadores da equipe de transição de Lula.
Foto: Ton Molina/Fotoarena/IMAGO
Previdência - Carlos Lupi (PDT)
Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi já foi ministro do Trabalho e Emprego de 2007 a 2011, secretário de Transportes da prefeitura do Rio e deputado federal pelo Rio de Janeiro. Lupi assumiu o comando do seu partido em 2004, após a morte de Leonel Brizola. A recriação do Ministério da Previdência Social é resultado do desmembramento do Ministério da Economia.
Foto: Roberto Casimiro/Fotoarena/IMAGO
Transportes - Renan Filho (MDB)
Economista, Renan Calheiros Filho foi governador do Alagoas e é senador eleito pelo seu estado. Filho do senador Renan Calheiros, Renan Filho já foi prefeito de Murici e deputado federal pelo seu estado. Sua nomeação para o Ministério dos Transportes se insere em uma articulação para o MDB dar sustentação ao governo Lula no Congresso.
Foto: ANDRESSA ANHOLETE/AFP
Povos Indígenas - Sônia Guajajara (PSOL)
Deputada federal eleita pelo PSOL de São Paulo e coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, Guajarara é reconhecida internacionalmente por seu trabalho de ativismo em defesa dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente. Ela comanda o novo Ministério dos Povos Indígenas e terá o desafio de recuperar as políticas do setor, enfraquecidas durante o governo Bolsonaro.
Foto: MIGUEL SCHINCARIOL/AFP via Getty Images
Esportes - Ana Moser
Ex-jogadora de vôlei e medalhista olímpica em 1996, Ana Moser fundou em 2001 uma entidade que utiliza o esporte como meio para fortalecer a formação de crianças e adolescentes de periferias, e participa do debate sobre políticas públicas de esporte e sua interação com aspectos sociais. Ela apoiou a campanha de Lula e integrou a sua equipe de transição.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Turismo - Daniela do Waguinho (União)
A deputada federal Daniela do Waguinho é pedagoga, ex-professora de ensino fundamental e trabalhou nas secretarias de assistência social do Rio e de Belford Roxo. Ela é esposa do prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, muito popular na Baixada Fluminense e que apoiou a campanha de Lula.
Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados
Minas e Energia - Alexandre Silveira (PSD)
O senador Alexandre Silveira, de Minas Gerais, é advogado. No primeiro governo Lula, foi coordenador-geral de Infraestrutura Terrestre do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), por indicação do então vice-presidente José Alencar. Elegeu-se deputado federal duas vezes, e em 2014 foi eleito suplente do senador Antonio Anastasia, que deixou o cargo para virar ministro do TCU.
Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Integração e Desenvolvimento Regional - Waldez Góes (PDT)
O governador do Amapá, Waldez Góes, será o ministro da Integração Nacional e Desenvolvimento Regional. Atualmente no PDT, mas a caminho do União Brasil, Góes terá sob o seu comando a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), um destino preferencial de emendas parlamentares e órgão cobiçado pelo Centrão.
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Desenvolvimento Agrário - Paulo Teixeira (PT)
Deputado federal por São Paulo, reeleito para o quinto mandato consecutivo, Paulo Teixeira é advogado, foi líder do PT na Câmara e integrou a coordenação da campanha de Lula. Ele também foi secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano de São Paulo, de 2001 a 2004, na gestão de Marta Suplicy.
Foto: Elaine Menke/Camara do Deputados
Secretaria Especial de Comunicação Social - Paulo Pimenta (PT)
Deputado federal pelo Rio Grande do Sul eleito para o quarto mandato, Paulo Pimenta é o atual presidente do diretório do PT gaúcho. Formado em jornalismo, presidiu a Comissão Mista do Orçamento no governo Dilma Rousseff e a CPI do Tráfico de Armas. No novo governo Lula, a Secom do Palácio do Planalto terá status de ministério.
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Comunicações - Juscelino Filho (União)
Deputado federal pelo Maranhão, Juscelino Filho é médico e vice-líder do União Brasil na Câmara. Ele é aliado do ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP) e sua indicação integra acordo para que a legenda apoie o governo Lula no Congresso. Atual presidente do Conselho de Ética da Câmara, foi relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2021 e grande beneficiário das emendas de relator.
Foto: Pablo Valadares/Camara dos Deputados
Gabinete de Segurança Institucional - Marcos Antonio Amaro dos Santos
O general da reserva Marcos Antonio Amaro dos Santos tomou posse como ministro do GSI em maio de 2023. Antes disso, ele já havia comandado a pasta em 2015, no governo Dilma Rousseff. Amaro substituiu o general da reserva Gonçalves Dias, exonerado do cargo após divulgação de imagens do circuito interno do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, em que aparecia circulando entre os invasores.
Foto: Eliane Neves/Fotoarena/IMAGO
Cidades - Jader Filho (MDB)
Jader Filho é de um tradicional clã político do MDB do Pará, filho do senador Jader Barbalho e irmão do governador reeleito Helder Barbalho. É empresário de um conglomerado de comunicações de sua família e presidente do diretório do MDB no estado. A nomeação faz parte de acordo para seu partido apoiar Lula no Congresso.