Conflito que fez dezenas de milhões de vítimas é considerado o mais caro e com mais perdas em toda a história. Até hoje, a Alemanha é confrontada com pedidos de reparação. Entenda.
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Quantas pessoas morreram na Segunda Guerra Mundial?
Ninguém pode dizer exatamente. A maioria dos historiadores pressupõe hoje que 55 milhões de pessoas tenham morrido na Europa e na Ásia. Mas também há pesquisadores que falam em até 80 milhões de mortes. Dos 26 países envolvidos no conflito, a União Soviética sofreu as maiores perdas, com 26 milhões a 27 milhões de mortos.
A Polônia registrou até seis milhões de mortes, o que corresponde a 17% de sua população na época. Seis milhões de judeus foram assassinados na Europa. Na Ásia, a China sofreu as maiores perdas humanas, com 13,5 milhões de mortos na Segunda Guerra. No total, 26 países perderam mais de 10 mil de seus cidadãos no conflito.
Qual o valor da destruição causada na Segunda Guerra?
O professor de Economia sueco Karl Gunnar Silverstolpe abordou esta questão em 1947. Ele calculou os danos materiais de todos os países envolvidos na guerra em 100 bilhões a 200 bilhões de dólares (incluindo Alemanha e Japão). Já para a época, era uma soma inimaginável. Mais recentemente, dois historiadores alemães calcularam que os danos de guerra causados pela Alemanha chegam a 7,5 trilhões de euros em valor atual.
No Protocolo Final de Ialta, os países vitoriosos haviam contabilizado uma perda relativamente moderada, de 20 bilhões de dólares. A União Soviética não só teve a maior taxa de derramamento de sangue, como também registrou os maiores prejuízos com a guerra, com quase 13 bilhões de dólares. No Tribunal de Crimes de Guerra de Nurembergue, a União Soviética alegou que os alemães destruíram 71 mil cidades e lugarejos e 32 mil empresas.
Por que o perdedor da guerra teve de pagar por tudo?
A Segunda Guerra Mundial foi uma guerra ofensiva provocada pelos nazistas e travada com dureza implacável. Além disso, deve ser levada em conta a forma de rendição.
A capitulação foi "incondicional", ou seja, não houve praticamente nenhuma negociação entre vencedores e perdedores. Os Aliados ditaram as regras e os prejuízos. Mas a Alemanha não foi obrigada a pagar tudo. O país e sua economia estavam em ruínas. Por isso, as reparações tiveram uma natureza mais simbólica.
Quanto a Alemanha realmente pagou?
Imediatamente após o fim da guerra, as potências vitoriosas, sobretudo a União Soviética, começaram a desmantelar as instalações industriais alemãs nas suas zonas de ocupação e a transportar grandes quantidades de produtos alemães para os seus países. Além disso, confiscaram ativos estrangeiros alemães e patentes. Mais tarde, quando sua economia começou a se reerguer, acordos obrigaram a Alemanha a pagar várias vezes.
Segundo cálculos de historiadores alemães, a Alemanha pagou até hoje um total de 951 bilhões de euros em compensações, dos quais 76,7 bilhões de euros foram para reparações individuais. Em 1952, o então jovem estado de Israel recebeu 3 bilhões de marcos alemães para refugiados judeus da Alemanha, e a Conferência sobre Reivindicações Materiais Judaicas Contra a Alemanha requereu mais 450 milhões de marcos para vítimas judaicas da Shoah fora de Israel.
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Por que os Aliados não cobraram mais da Alemanha?
Os americanos foram os primeiros a seguir a tática de não abusar da situação financeira da Alemanha. Em primeiro lugar, porque não queriam repetir os erros cometidos no Tratado de Versalhes,depois da Primeira Guerra Mundial, mas também porque precisavam de uma Alemanha forte como parceira na Guerra Fria.
Por isso, com o Plano Marshall, os EUA deram um forte apoio financeiro aos alemães, lançando as bases para o milagre econômico. Mas a Alemanha se tornou tão rica que assumiu reparações na forma de acordos bilaterais, por exemplo, após o colapso do regime comunista, com a Rússia, Belarus, Ucrânia e Polônia.
Por que Polônia e Grécia ainda fazem exigências?
O Exército alemão e os braços armados da SS atacaram, assassinaram e destruíram nestes dois países como se não houvesse amanhã. E ambos receberam da Alemanha indenização por apenas uma fração dos danos de guerra que sofreram.
Durante décadas, a Grécia não fez valer os seus direitos para não colocar em risco as lucrativas relações econômicas com a Alemanha. Mas isso mudou quando o governo de esquerda assumiu em Atenas, em 2015.
Já para a Polônia inicialmente foi mais importante que a Alemanha finalmente reconhecesse a Linha Oder-Neisse como fronteira. Depois que isso aconteceu com o Tratado 2+4, desenvolveu-se uma relação bilateral de confiança mútua. Mas com a o início do governo nacionalista conservador na Polônia em 2015, as relações esfriaram significativamente, e as demandas por reparações se tornaram populares.
Até agora, o governo alemão vem rejeitando categoricamente negociações nesse sentido, com o argumento de que já foram feitos vários acordos internacionais e que, tantas décadas após a Segunda Guerra, expirou o prazo para tais reivindicações.
Memoriais do Terror Nazista
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, diversos memoriais foram inaugurados na Alemanha para homenagear as vítimas do conflito e os perseguidos e mortos pelo regime nazista.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de concentração de Dachau
Um dos primeiros campos de concentração criados durante o regime nazista foi o de Dachau. Poucas semanas depois de Hitler chegar ao poder, os primeiros prisioneiros já foram levados para o local, que serviu como modelo para os futuros campos do Reich. Apesar de não ter sido concebido como campo de extermínio, em nenhum outro lugar foram assassinados tantos dissidentes políticos.
Foto: picture-alliance/dpa
Reichsparteitagsgelände
A antiga área de desfiles do Partido Nacional-Socialista em Nurembergue, denominada "Reichsparteitagsgelände", foi de 1933 até o início da Segunda Guerra palco de passeatas e outros eventos de propaganda do regime nazista, reunindo até 200 mil participantes. Lá está atualmente instalado um centro de documentação.
Foto: picture-alliance/Daniel Karmann
Casa da Conferência de Wannsee
A Vila Marlier, localizada às margens do lago Wannsee, em Berlim, foi um dos centros de planejamento do Holocausto. Lá reuniram-se, em 20 de janeiro de 1942, 15 membros do governo do "Terceiro Reich" e da organização paramilitar SS (Schutzstaffel) para discutir detalhes do genocídio dos judeus. Em 1992, o Memorial da Conferência de Wannsee foi inaugurado na vila.
Foto: picture-alliance/dpa
Campo de Bergen-Belsen
De início, a instalação na Baixa Saxônia servia como campo de prisioneiros de guerra. Nos últimos anos do conflito, eram geralmente enviados para Bergen-Belsen os doentes de outros campos. A maioria ou foi assassinada ou morreu em decorrência das enfermidades. Uma das 50 mil vitimas foi a jovem judia Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida com a publicação póstuma do seu diário.
Foto: picture alliance/Klaus Nowottnick
Memorial da Resistência Alemã
No complexo de edifícios Bendlerblock, em Berlim, planejou-se um atentado fracassado contra Adolf Hitler. O grupo de resistência, formado por oficiais sob comando do coronel Claus von Stauffenberg, falhou na tentativa de assassinar o ditador em 20 de julho de 1944. Parte dos conspiradores foi fuzilada no mesmo dia, no próprio Bendlerblock. Hoje, o local abriga o Memorial da Resistência Alemã.
Foto: picture-alliance/dpa
Ruínas da Igreja de São Nicolau
Como parte da Operação Gomorra, aviões americanos e britânicos realizaram uma série de bombardeios contra a estrategicamente importante Hamburgo. A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade portuária, servia aos pilotos como ponto de orientação e foi fortemente danificada nos ataques. Depois de 1945 não foi reconstruída, e suas ruínas foram dedicadas às vítimas da guerra aérea na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa
Sanatório Hadamar
A partir de 1941, portadores de doenças psiquiátricas e deficiências eram levados para o sanatório de Hadamar, em Hessen. Considerados "indignos de viver" pelos nazistas, quase 15 mil – de um total de 70 mil em todo o país – foram mortos ali com injeções de veneno ou com gás. O atual memorial engloba a antiga instituição da morte e o cemitério contíguo, onde estão enterradas algumas das vítimas.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento de Seelow
A Batalha de Seelow deu início à ofensiva do Exército Vermelho contra Berlim, em abril de 1945. No maior combate em solo alemão, cerca de 100 mil soldados das Wehrmacht enfrentaram o Exército soviético, dez vezes maior. Após a derrota alemã, em 19 de abril o caminho para Berlim estava aberto. Já em 27 de novembro de 1945 era inaugurado o monumento nas colinas de Seelow, em Brandemburgo.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial do Holocausto
O Memorial ao Holocausto em Berlim foi inaugurado em 2005, em memória aos 6 milhões de judeus assassinados pelos nazistas na Europa. Não muito distante do Bundestag (parlamento), 2.711 estelas de cimento de tamanhos diferentes formam um labirinto por onde os visitantes podem caminhar livremente. Uma exposição subterrânea complementa o complexo do Memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Monumento aos Homossexuais Perseguidos
De formas inspiradas no Memorial do Holocausto e próximo a ele, o monumento aos homossexuais perseguidos pelo nazismo foi inaugurado em 27 de maio de 2008, no parque berlinense Tiergarten. Uma abertura envidraçada permite ao visitante vislumbrar o interior do monumento, onde um vídeo infinito mostra casais de homens e de mulheres que se beijam.
Foto: picture alliance/Markus C. Hurek
Monumento aos Sintos e Roma Assassinados
O mais recente memorial central foi inaugurado em Berlim em 2012. Em frente ao Reichstag, um jardim lembra o assassinato de 500 mil ciganos durante o regime nazista. No centro de uma fonte de pedra negra, está uma estela triangular: ela evoca a forma do distintivo que os prisioneiros ciganos dos campos de concentração traziam em seus uniformes.
Foto: picture-alliance/dpa
'Pedras de Tropeçar'
Na década de 1990, o artista alemão Gunter Demnig começou um projeto de revisão do Holocausto: diante das antigas residências das vítimas, ele aplica placas de metal onde estão gravados seus nomes e as circunstâncias das mortes. Há mais de 45 mil dessas "Stolpersteine" (pedras de tropeçar) na Alemanha e em 17 outros países europeus, formando o maior memorial descentralizado às vítimas do nazismo.