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A superestimada relação entre refugiados e criminalidade

Vincent Haiges md
7 de dezembro de 2016

Dados do governo apontam para recente diminuição do número de crimes praticados por imigrantes na Alemanha. Aumento de delitos como roubo de carteiras já vinha ocorrendo antes da onda migratória.

Foto: Fotolia

Um crime recente reacendeu na Alemanha o debate sobre criminalidade e refugiados. Na cidade de Freiburg, no sul do país, uma jovem foi estuprada e assassinada a caminho de casa. O principal suspeito é um menor de idade, refugiado do Afeganistão. Quem vê o ocorrido como uma prova de que os refugiados em geral são perigosos desconhece estatísticas recentes das autoridades alemãs.

O último levantamento anual publicado pelo Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), chamado Criminalidade no contexto da imigração, revela que, de janeiro a julho de 2016, os delitos praticados com a participação de imigrantes diminuíram 36%. A polícia registrou no período um total de 142.500 delitos ou tentativas nos quais pelo menos um dos suspeitos é imigrante.

As cifras se referem a "imigrantes", o que inclui os requerentes de refúgio, os que foram reconhecidos como refugiados, os chamados "tolerados" (que tiveram pedido rejeitado, mas não podem ser extraditados), os fugitivos de guerras civis e as pessoas sem permissão de residência.

O BKA não disponibilizou uma comparação com os delitos cometidos por cidadãos alemães nesse período. Há, porém, a estatística de 2015, com um total de cerca de 6,3 milhões de delitos registrados em toda a Alemanha.

Pequenos delitos são maioria

Cerca da metade dos casos que envolvem imigrantes é representada por delitos de fraude (30%) e roubo (27%). Cerca de dois terços dos casos descritos como fraude correspondem ao uso de transporte público sem pagar a passagem. A maioria dos roubos são furtos em lojas e supermercados.

De acordo com o relatório, há poucos suspeitos de delitos entre os sírios, os afegãos e os iraquianos, proporcionalmente ao número desses cidadãos na Alemanha. Já entre os argelinos, os marroquinos e os tunisianos, assim como os cidadãos da Geórgia e dos Balcãs, os números de suspeitos de cometer delitos são relativamente altos, principalmente em casos envolvendo roubo. As estatísticas não esclarecem quantos desses suspeitos foram condenados.

Ameaça superestimada

O noticiário sobre o tema criminalidade é dominado por crimes espetaculares, especialmente por atos violentos graves cometidos por jovens. No entanto, eles são apenas uma parcela pequena do total de crimes, estatisticamente falando.

"Como resultado, a incidência de crimes graves e o risco para a população são altamente superestimados", escreve o criminólogo Christian Walburg em seu relatório intitulado Migration und Jugenddelinquenz (migração e delinquência juvenil), de 2014. Em alguns campos da criminalidade, entretanto, Walburg registrou ter havido aumento.

"Temos observado há alguns anos um aumento em arrombamentos de residências. Outro delito que aumentou consideravelmente é o roubo de carteiras", afirma o especialista, em entrevista à DW, observando, entretanto, que isso nada tem que ver com a imigração elevada. "Esses números já vinham aumentando há anos", salienta.

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