Ex-prefeito de São Paulo e ministro da Educação de Lula e Dilma é o candidato do PT à Presidência da República. Confira no que ele se destacou em sua carreira política e em quais polêmicas se envolveu.
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Fernando Haddad, um paulista de 55 anos, se filiou ao PT aos 20 anos, em 1983, ainda nos tempos de estudante de Direito da USP, onde se graduou e depois virou e mestre e doutor, chegando a ser professor. No entanto, a carreira política só começou oficialmente em 2001, quando passou a integrar a equipe de Marta Suplicy (PT), então prefeita de São Paulo. A partir daí, a ascensão dentro dos quadros do partido foi meteórica.
Em dois anos foi para Brasília como assessor especial de Guido Mantega no Ministério do Planejamento e Finanças. Em seguida virou secretário-executivo de Tarso Genro no Ministério da Educação. Durante o escândalo do mensalão, em 2005, Genro deixou a pasta para ser presidente do PT, e Haddad assumiu o MEC, de onde só sairia para ser candidato à Prefeitura de São Paulo.
Foi como Ministro da Educação que Haddad foi "apresentado" ao país pelo PT. Ele passou seis anos na pasta e teve que enfrentar várias polêmicas. A primeira foi com a ampliação do Enem, que passou a permitir o ingresso direto a várias universidades. Denúncias de provas vendidas em 2009, erro de impressão em 2010, divulgação antecipada de questões num colégio do Ceará em 2011 e ainda redações com receita de miojo tirando nota máxima em 2012 foram algumas das polêmicas com a organização da prova.
Outra polêmica que Haddad teve que enfrentar à frente do MEC, e que rende discussão até hoje, envolve o "kit anti-homofobia" produzido em 2011 por meio de um convênio firmado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O material custou R$ 1,9 milhão e incluía vídeos sobre gênero e sexualidade e boletins informativos, mas não chegou a ser distribuídos nas escolas. O kit, batizado pela ala conservadora do Congresso de "kit gay", foi cancelado pela então presidente Dilma Rousseff após diversas críticas, mas os vídeos vazaram na internet.
O material voltou a cena nesta eleição, quando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) mostrou numa entrevista ao JornalNacional o livro Aparelho Sexual e Cia. e disse que a obra faria parte do "kit gay" que seria distribuído nas escolas. No entanto, o MEC emitiu nota informando que nunca produziu ou distribuiu a obra, que também não fazia parte do projeto do kit anti-homofobia. Mesmo assim, Bolsonaro continuou divulgando isso em vídeos no Facebook e no Youtube. No dia 16 de outubro, o TSE determinou que a campanha do candidato do PSL retirasse as críticas do ar, que classificou de fake news.
Com o apoio de Lula, Haddad saiu do MEC para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012. Ele venceu o tucano José Serra no segundo turno. Cidade mais populosa do país, São Paulo sofre com a falta de planejamento urbano e mobilidade. O petista apostou em ciclovias e na redução da velocidade em diversas regiões da cidade, mas as medidas encontraram resistência em grande parte dos moradores.
As polêmicas e a crise de imagem do PT com a Operação Lava Jato prejudicaram a tentativa de reeleição de Haddad em 2016, quando ele perdeu ainda no primeiro turno para o tucano João Dória.
A derrota em São Paulo não impediu que ele fosse alçado por Lula a vice na chapa petista em agosto deste ano. No entanto, com o ex-presidente preso e condenado em segunda instância, portanto enquadrado na Lei da Ficha Limpa, analistas davam como certo que o "plano B" Haddad assumiria a chapa, com Manuela D'Ávila (PCdoB) como vice.
Isso ocorreu em 11 de setembro e Haddad surfou na onda lulista para subir rapidamente nas pesquisas e ir ao segundo turno contra Bolsonaro. Porém, ele herdou também a grande rejeição ao PT e ao ex-presidente, além da pecha de "poste" de Lula.
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.