A vez das estupidamente geladas
14 de agosto de 2004A origem das cervejarias alemãs ao ar livre aconteceu por acaso. E graças ao rei bávaro Ludwig I. Pois foi ele quem determinou que a cerveja só poderia ser fabricada nos meses de inverno. Já naqueles tempos, as pessoas no sul da Alemanha apreciavam cervejas de baixa fermentação, que precisavam de uma temperatura que variava de quatro a oito graus. Como não exisitiam refrigeradores na época, a bebida não podia ser fabricada nas estações quentes do ano.
Lugar perfeito
Para, mesmo assim, poder tomar cervejas de baixa fermentação no verão, os cervejeiros mandaram construir fora da cidade porões de até 12 metros de profundidade, às beiras de rios como o Isar. Ali, a cerveja era armazenada e amadurecida em barris, sob blocos enormes de gelo, arrancados de rios e lagos durante o inverno.
Para proteger a cerveja do calor do sol, os cervejeiros espalhavam pedras claras sobre o chão desses porões e plantavam nos arredores castanheiras ou tílias, que proporcionavam sombra. Nesses locais agradáveis, a cerveja fresquinha era então consumida durante o verão, o que atraía hordas de consumidores sedentos.
Juízo salomônico
Quando as cervejarias de Munique começaram a perceber o quanto suas concorrentes de fora iam bem com aquele negócio, resolveram protestar. O rei Ludwig I compreendeu a situação.
Com uma sabedoria salomônica, determinou que a cerveja poderia continuar a ser consumida perto dos porões, tendo proibido, porém, que nesses locais fossem servidas também refeições. Logo, os mais famintos eram obrigados a se deslocar até Munique, caso quisessem comer algo.
E ali estão até hoje. Em nenhuma outra cidade alemã, há tantos, tão antigos e tão amplos bares e restaurantes ao ar livre. Apenas um deles, o Hirschgarten, poderia abrigar todos os habitantes de um pequeno povoado: a enorme cervejaria tem capacidade para nada mais nada menos que oito mil pessoas.