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A vez dos xiitas

Hasan Hussain / sv5 de agosto de 2003

Ibrahim Al Jaafari, primeiro presidente do Conselho do Governo de Transição Iraquiano, fala em entrevista à DW-WORLD sobre as tarefas que tem pela frente e sobre as relações do Conselho com os EUA.

Ibrahim Al Jaafari: trabalho árduo pela frenteFoto: AP

O Conselho do Governo de Transição do Iraque escolheu Ibrahim Al-Jaafari na última quarta-feira (30/07) como seu primeiro presidente. Um dia antes, os 25 membros do Conselho instalado pelo norte-americano Paul Bremer haviam escolhido sua presidência de nove nomes. Cada um destes deverá assumir a presidência rotativa do Conselho por um mês.

Al Jaafari, natural de Kerbela, é porta-voz do partido xiita iraquinao Dawa ("Partido da Intimação"), perseguido com veemência pelo regime de Saddam Hussein. Al Jaafari e outros membros de seu partido passaram, por isso, um longo tempo no exílio. Passada a invasão das tropas norte-americanas e britânicas no país, o líder xiita aponta as perspectivas para seu país em um futuro próximo.

Nova constituição

"O Conselho deverá tratar de uma série de assuntos, começando pela criação de um novo governo e pelo desenvolvimento de uma nova constituição para o país. E não poderá deixar de lado outras tarefas de suma importância, como a segurança interna, o reaquecimento da economia e o abastecimento básico da população - questões que esperam por soluções urgentes", afirma Al Jaafari.

Já no último sábado (02/08), os 25 membros do Conselho do Governo de Transição começaram a deliberar sobre a reestruturação do país e sobre a reconstrução de cada ministério, que, segundo Al Jaafari, deverão retomar suas atividades em duas semanas. Isso, contudo, não significa que novos ministros já serão nomeados ou que se escolha até mesmo o nome de um primeiro-ministro.

"Neste contexto, iremos tratar de questões ligadas à escolha de nomes para os postos. Ao estudar os perfis dos possíveis ministros, iremos levar em consideração a capacidade e a experiência administrativa, bem como aspectos do passado político e social dos candidatos", afirma Al Jaafari.

Questão de poder

Considerando que o norte-americano Paul Bremer, administrador civil no Iraque, terá a última palavra na divisão de poder no país, questiona-se qual o leque real de ação do Conselho do Governo de Transição. Al Jaafari não vê no poder de veto de Bremer qualquer cerceamento das ações do Conselho, que mantêm, segundo o líder xiita, autonomia para a criação de um governo, assumindo a responsabilidade pela segurança interna e pela reconstrução econômica do país.

Isso, na opinião de Al Jaafari, significa um grande progresso, quando se compara as atuais condições com o parco poder que se pretendia delegar aos iraquianos imediatamente após a guerra no Iraque. "O debate sobre as atribuições de poder do Conselho são coisa do passado. Há três meses, a opinião é de que se deveria criar um conselho com funções de mera consultoria.

Essa posição foi contudo rejeitada com veemência e boicotada por facções e partidos iraquianos. Então surgiu a idéia de um conselho político, que teve o mesmo destino", conta Al Jaafari. Para ele, a perseverança dos partidos políticos iraquianos na luta por seus direitos na reconstrução do país foi a principal causa da mudança da política norte-americana no pós-guerra.

Recomeço

Independente da perspectiva, fato é que o país passa por um verdadeiro recomeço. Após o mês de Al Jaafari na presidência rotativa, ela será assumida em setembro próximo por Ahmad Al Chalabi, presidente do Congresso Nacional Iraquiano, e em outubro por Ayad Alawi, presidente do Movimento da União Nacional. Coincidência ou não, todos três são xiitas. Com isso, esse grupo religioso recebe no Iraque pela primeira vez um espaço político que corresponde à parcela da população que representa.

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