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​A vitória de Trump na imprensa europeia​

9 de novembro de 2016

Sites noticiam triunfo do magnata como dia sombrio, catástrofe política e chegam a comparar importância do evento com 11 de Setembro e queda do Muro. "EUA caíram nas mãos do populismo agressivo", afirma jornal.

Europäischer Pressespiegel über den Wahlsieg Trumps
Primeira página do jornal londrino London Evening sobre a vitória surpreendente de Trump Foto: Getty Images/C. Court

A vitória surpreendente do republicano Donald Trump à Casa Branca foi destaque nos principais veículos de comunicação europeus desta quarta-feira (09/11).

Um artigo de opinião no site da revista Der Spiegel resumiu o resultado das eleições americanas em um título forte: "A vitória do destruidor". O texto afirma que as eleições americanas alcançaram dimensões absurdas e que Donald Trump conseguiu contradizer de forma inacreditável o que a maioria dos especialistas havia previsto.

"Um homem que ofende estrangeiros, mulheres e deficientes físicos, que prega o ódio e que quer se livrar de importantes parceiros dos Estados Unidos vai governar o país mais importante do planeta. Trata-se de uma catástrofe política", escreveu a publicação alemã.

O texto encerra de forma um tanto pessimista, dizendo que, apesar de haver esperança de que o sistema político americano seja forte o suficiente para impor limites nas "fantasias superpoderosas" do novo presidente, "não há garantias".

"O impensável só é impensável até que aconteça". É assim que o jornal britânico The Guardian sintetiza, em seu editorial, a conquista republicana. Para a publicação, hoje é um "dia sombrio" para o mundo e para o pluralismo e a diversidade que o país tanto defendeu.

O Guardian compara a vitória de Trump à decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia e disse tratar-se de um paralelo "óbvio e real". O jornal britânico afirma que, embora Trump tenha adquirido muitos críticos e opositores durante a campanha eleitoral, sua vitória será comemorada por líderes nacionalistas em diversas partes da Europa, além de Damasco e Moscou.

Em outro artigo, o jornal britânico alerta para o risco de invalidação do acordo de Paris, o primeiro tratado global para luta contra as mudanças climáticas e o aquecimento. Durante a campanha presidencial, Trump afirmou que cancelaria o pacto. Segundo o jornal, os ambientalistas internacionais reunidos no Marrocos para a conferência concordam, em massa, que uma retirada dos EUA do acordo de Paris seria uma "catástrofe" também ambiental.

Para o jornal espanhol El País, os "Estados Unidos caíram nas mãos do populismo agressivo de Trump" e, com a chegada do magnata à Casa Branca, conquistas democráticas relacionadas a minorias correm sério risco.

"Trump, que prometeu construir um muro na fronteira com o México e proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, mostrou que um homem sozinho, contra tudo e contra todos, e sem depender de doações multimilionárias, foi capaz de chegar à liderança mundial". De acordo com a análise publicada pelo El País, a vitória do republicano deixa a sociedade americana fragmentada.

"As minorias, mulheres e estrangeiros, que se sentiram insultados por Trump durante toda a campanha eleitoral, terão de aceitá-lo como presidente." A publicação espanhola ressalta ainda que, assim que tomar posse do cargo de presidente, Trump terá acesso a códigos nucleares e ao controle das forças armadas mais letais do planeta.

O semanário alemão Die Zeit descreve Donald Trump como um "homem perigoso" e defende que a Europa deve (e precisa) se posicionar para preservar os valores democráticos europeus. No texto assinado pelo jornalista Bernd Ulrich, há argumentos que justificam a escolha de uma ruptura com a gestão de Barack Obama, que teria continuidade caso a democrata Hillary Clinton chegasse ao poder.

Ulrich cita como exemplo o caos no Oriente Médio, relacionado com a intervenção americana, que culminou na intensa onda de refugiados para a Europa. Para o jornal alemão, a Europa está tendo de arcar com as consequências provocadas, em parte, pela gestão de Obama –  um presidente considerado "amigo" da Europa. E o jornal frisa: "Donald Trump não é um amigo".

O jornal francês Le Monde diz que "a eleição de Donald Trump será um terremoto para o mundo" e que Trump "fundou a campanha na promessa de voltar a dar grandeza à América". Na opinião da publicação francesa, esta quarta-feira, dia 9 de novembro, entrará para a história. O jornal compara a importância da data com episódios marcantes da história recente, como a queda do Muro de Berlim e o 11 de Setembro. Para o Le Monde, com a vitória de Trump abre-se um novo mundo. "Nesse mundo, tudo o que era considerada impossível ou real torna-se possível."

NT/ots

 

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