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A volta por cima do Werder Bremen

Gerd Wenzel
Gerd Wenzel
17 de maio de 2022

Com o empurrão de uma marcha de milhares de torcedores e gritos de "segundona nunca mais", time conseguiu o feito de voltar à Bundesliga. Após partida decisiva, centenas invadiram o gramado para abraçar seu heróis.

Mais de 40 mil torcedores lotaram o Weserstadion, e centenas invadiram o gramado após a vitória sobre o Jahn RegensburgFoto: Claus Bergmann/IMAGO

Em dezembro do ano passado, ao final do primeiro turno, ninguém em sã consciência apostaria as suas fichas no retorno do Werder Bremen à primeira divisão. O time começou mal o campeonato e chegou a ficar em 10º lugar na tabela, muito longe (nove pontos) de uma vaga para o esperado retorno à Bundesliga.

Não bastassem seus problemas esportivos, o Werder lutava com dificuldades para colocar suas finanças em dia e, para piorar tudo mais um pouco, seu técnico da época, Markus Anfang, se envolveu num escândalo de falsificação de seu certificado de vacinação contra covid-19.

Tudo parecia estar muito mal mesmo, e alguns pessimistas já estavam se conformando com a ideia de o Werder ficar por mais tempo na segundona do que o previsto. Mas há males que vem para o bem, e esse ditado caiu como uma luva naquele momento.

As finanças foram estabilizadas, o infeliz Marcus Anfang foi demitido, e o jovem técnico Ole Werner, contratado às pressas. Ele veio, viu e venceu. Logo de cara, sob sua direção, o time ganhou seus primeiros sete jogos, e na 22ª rodada o Werder já dividia a liderança com o St. Pauli.

Empurrão da massa torcedora

Bastou essa arrancada para mobilizar a torcida, que passou a apoiar massivamente o time. No último domingo (15/05), toda essa mobilização popular chegou ao seu auge. Bremen se vestiu de alviverde, as cores do clube.

Mais de 12 mil torcedores se reuniram horas antes do jogo na praça Marktplatz, no centro da cidade. O sol brilhava no céu azul, e a multidão iniciou sua caminhada de 2,5 km rumo ao estádio às margens do rio Weser. A manifestação de apoio popular literalmente parou o centro da cidade. Vídeos sobre a marcha dos milhares de torcedores invadiram as redes sociais.

A expectativa de ver o clube de volta à primeira divisão foi unânime. Não havia nem um fã sequer que alimentasse alguma dúvida, por menor que fosse sobre o retorno do seu Werder à elite. "Segundona nunca mais" era entoado continuadamente em uníssono por milhares enquanto se dirigiam ao Weserstadion.

Mais de 40 mil torcedores lotaram as dependências do idílico estádio. Na partida contra o Jahn Regensburg, bastava um empate ao Werder para comemorar sua volta à Bundesliga. E o time, empurrado incessantemente por sua massa torcedora que cantava sem parar "segundona nunca mais", fez sua lição de casa. Venceu por 2 x 0 e, após o apito final, centenas de torcedores invadiram o gramado para abraçar seu heróis.

Terminado o jogo e enquanto a festa rolava no gramado, o capitão Ömer Toprak preferiu se dirigir rapidamente ao vestiário para um momento solitário de meditação. Depois, enquanto voltava ao campo, confessou a um repórter da TV Sky: "Eu fiquei extremamente envergonhado no ano passado quando fomos rebaixados. Para mim, era uma questão de honra a gente se reabilitar depois daquele vexame. Estou feliz, porque foi exatamente isso que conseguimos hoje."

Mais um jovem técnico brilha no futebol alemão

Não resta dúvida que a transformação do Werder Bremen, de um time fadado a ficar por mais tempo na segunda divisão para uma equipe coesa e disposta a todo custo a ressurgir na Bundesliga, foi por obra e graça de Ole Werner, mais um jovem técnico que surge no horizonte do futebol alemão. Logo depois de sacramentada a volta do Werder à primeira divisão, o treinador foi categórico: "Essa conquista se deve ao forte caráter do elenco. Somos um coletivo, e por causa desse senso de grupo estamos de volta. Vamos curtir esse momento crucial de nossa história."

Werner não apenas estabilizou o time com um padrão de jogo claramente definido, mas injetou no elenco uma boa dose de autoconfiança e trouxe de volta o espírito vencedor que caracterizou os alviverdes na primeira década do século – quando foram campeões alemães, em 2004, e conquistaram o DFB Pokal, em 2004 e 2009.

A Bundesliga tem todos os motivos para festejar a volta à primeira prateleira de clubes como Werder Bremen e Schalke 04. São clubes que, por sua história e pelo apoio que recebem das grandes massas populares, pertencem ao andar de cima do futebol.

Werder Bremen e Schalke 04: sejam muito bem-vindos de volta à Bundesliga!

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Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991 na TV Cultura de São Paulo, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Atuou nos canais ESPN como especialista em futebol alemão de 2002 a 2020, quando passou a comentar os jogos da Bundesliga para a OneFootball de Berlim. Semanalmente, às quintas, produz o Podcast "Bundesliga no Ar". A coluna Halbzeit é publicada às terças-feiras. 

O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

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Halbzeit

Gerd Wenzel começou no jornalismo esportivo em 1991, quando pela primeira vez foi exibida a Bundesliga no Brasil. Na coluna Halbzeit, ele comenta os desafios, conquistas e novidades do futebol alemão.