A380 sai mais caro que o previsto
17 de dezembro de 2004O superjumbo A380 custará à montadora européia Airbus mais do que o esperado. Segundo informações da Indústria Européia de Defesa Aeronáutica e Aeroespacial (EADS), o custo total de produção da máquina subirá para 12 bilhões de euros – 1,45 bilhão de euros acima do orçamento previsto.
A empresa citou melhorias na distribuição de peso e na eficiência do avião como motivos para justificar os altos custos. O prazo de entrega das aeronaves, no entanto, permanece inalterado. "Continuamos fiéis ao objetivo de fazer decolar o primeiro avião até o final de março", garantiu o vice-presidente da EADS, o alemão Rainer Hertrich. O A380 será apresentado ao público em janeiro. Os primeiros superjumbos, no entanto, só serão entregues em 2006.
Airbus prevê crescimento no setor
A Airbus aposta num forte crescimento do setor de aviação civil nos próximos 20 anos, estimulado pelo boom econômico do Sudeste Asiático e o avanço das linhas aéreas econômicas. Segundo as estimativas da Airbus, o total de passageiros triplicará e o número de aviões de passageiros em circulação duplicará entre 2004 e 2023, com um crescimento anual de 5,3% do tráfego aéreo.
Neste período, estima a empresa, o volume de aviões de passageiros vendidos chegará a 16,6 mil, dos quais cerca de 1250 serão aeronaves com mais de 450 assentos, como o A380, que responderão por aproximadamente um quinto do mercado.
Por isso, a montadora acredita que a demanda pelo maior avião do mundo, com capacidade para transportar 555 passageiros em dois andares, continue crescendo. Até o final deste ano, já haviam sido encomendados 139 exemplares do A380. Até a metade de 2005, esse volume passará de 150, estima John Leahy, chefe de marketing da Airbus. A Lufthansa, que até agora encomendou 15 aeronaves, não exclui a possibilidade de ampliar sua encomenda no futuro próximo.
Boeing perde mercado
No ano passado, a Airbus destituiu a concorrente norte-americana Boeing da liderança mundial no segmento de aviação civil. E tudo indica que repetirá o feito também neste ano, com mais de 315 aviões entregues. A concorrência entre as montadoras é um dos principais pontos de discórdia entre os Estados Unidos e a União Européia, principalmente no que diz respeito à concessão de subsídios por parte da UE.
A questão foi apresentada à Organização Mundial do Comércio (OMC) por ambos os partidos. Segundo o comissário de Comércio, Peter Mandelson, a UE possivelmente decidirá em janeiro de 2005 os próximos passos a tomar. "Ou negociaremos ou processaremos, mas não as duas coisas", disse. O vice-presidente Hertrich não descarta a possibilidade de um acordo harmonioso entre as partes.
Airbus quer mercado americano
Segundo Hertrich, o ano de 2005 também será decisivo para a Airbus no que concerne à expansão da companhia no mercado norte-americano. "Almejamos para 2005 principalmente a entrada no setor de defesa dos Estados Unidos", disse. Além de helicópteros, a Airbus também conta com nova abertura de licitação para o fornecimento de aviões de abastecimento aéreo. Já as chances de europeus penetrarem em setores militares mais sensíveis, no entanto, são praticamente nulas, avalia Hertrich.