Presidente da Autoridade Palestina é o primeiro líder árabe a anunciar presença no evento oficial de despedida a um dos pais fundadores do Estado israelense, em Jerusalém. Abbas não visita o país vizinho há seis anos.
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O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pediu para comparecer ao funeral do ex-líder israelense Shimon Peres nesta sexta-feira (30/09), em Jerusalém, e teve sua solicitação aceita pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Abbas deve ser acompanhado de uma delegação de políticos de alto escalão palestinos, incluindo Muhammad al-Madani, encarregado da Autoridade Palestina de relações com a sociedade israelense, e Saeb Erekat, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Segundo uma fonte oficial palestina ouvida pela agência de notícias AP, com a visita a Jerusalém, Abbas pretende "enviar uma longa mensagem à sociedade israelense de que os palestinos são a favor da paz e apreciam os esforços de homens pacíficos como Shimon Peres".
Peres, que foi presidente e primeiro-ministro, morreu nesta quarta-feira aos 93 anos. Ele foi um dos fundadores do Estado de Israel e recebeu, em 1994, o Prêmio Nobel da Paz por seus esforços para a resolução do conflito com os palestinos. As negociações de paz estão congeladas desde 2014 e, portanto, não estava claro se Abbas compareceria ao funeral.
Peres era defensor do diálogo entre palestinos e israelenses
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Está será a primeira visita do líder palestino a Israel desde 2010 e deve ser a primeira vez que ele cumprimentará Netanyahu desde novembro passado.
Na quarta-feira, ele enviou condolências à família de Peres, destacando que o político lutou pelo paz até o dia de sua morte. Abbas foi o primeiro líder árabe a anunciar sua presença no funeral.
Primeiras homenagens
Nesta quinta-feira, líderes israelenses e a população do país prestaram as primeiras homenagens a Peres em Jerusalém. Carregado por uma guarda militar e envolto por uma bandeira israelense, o caixão do ex-líder foi colocado diante do Knesset, o Parlamento israelense.
Netanyahu e o presidente Reuven Rivlin depositaram coroas de flores ao lado do caixão, enquanto as bandeiras do Parlamento eram mantidas a meio-mastro. Milhares de pessoas devem passar pelo local para se despedir de Peres até a noite desta quinta-feira.
Para o funeral de Estado desta sexta-feira, além de Peres, são aguardados líderes como os presidentes americano, Barack Obama, alemão, Joachim Gauck, e francês, François Hollande.
LPF/ap/afp/rtr/dpa/ots
Shimon Peres, uma vida por Israel
Ele serviu ao Estado israelense por quase sete décadas, tendo ocupado quase todos os cargos políticos do país. Sua meta mais recente era a paz com os palestinos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Büttner
Chegada à Palestina
Shimon Peres nasceu em 1923 em Wiszniew, cidade que então pertencia à Polônia. Filho de um comerciante de madeira, ele emigrou para a Palestina em 1934, junto com os pais. Inicialmente foi pastor e tesoureiro de um kibutz, Ainda jovem, tornou-se membro da organização paramilitar judaica Haganá.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/O. Messinger
Ministro
Peres começou sua carreira política no Partido Trabalhista, em 1946. Em 1959, o primeiro-ministro David Ben-Gurion o nomeou ministro. Nas décadas seguintes, Peres participou de 16 governos, ocupando pastas como Defesa, Exterior, Transportes, Imigração e Informação. Em 1975, ele trabalhou para o primeiro-ministro Yitzhak Rabin (direita).
Foto: Getty Images/AFP/Ippa
Primeiro-ministro
Peres foi primeiro-ministro israelense por três vezes – sem ganhar uma eleição. Em 1977, ele assumiu o cargo por alguns meses após a renúncia de Rabin, até a realização de novo pleito. O mandato entre 1984 e 1986 se baseou em acordos (na foto, durante visita a Washington, com o presidente dos EUA, Ronald Reagan). E, depois do assassinato de Rabin, em 1995, Peres voltou a ser chefe de governo.
Foto: Getty Images/Herman Chanania/GPO
Acordos de Oslo
O ápice da carreira política de Peres aconteceu em 13 de setembro de 1993, quando Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) assinaram uma declaração de princípios. Os acordos de Oslo foram, por longo tempo, um marco no processo de paz. Pela primeira, vez, ambas as partes se reconheciam mutuamente. Os palestinos devem ganhar seu próprio Estado, e Israel, a paz.
Foto: AFP/Getty Images
Prêmio Nobel da Paz
Em dezembro de 1994, Shimon Peres (c), então ministro do Exterior, recebeu o Prêmio Nobel da Paz juntamente com Yasser Arafat (e) e o primeiro-ministro Yitzhak Rabin. O trio é homenageado pelos acordos de Oslo.
Foto: picture-alliance/dpa/Israeli Government Press Office
Morte de Rabin
O primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, foi assassinado em 4 de novembro de 1995, durante uma manifestação pela paz em Tel Aviv. Peres assumiu a posto de seu parceiro político e liderou, por apenas um dia depois, uma reunião de gabinete. A cadeira de Rabin permaneceu vazia. Seis meses depois, Peres perdeu a eleição para Benjamin Netanyahu.
Foto: Getty Images/AFP/J. Delay
Presidente
Após dois turnos de votação, Peres é eleito presidente de Israel pelo Knesset, em 2007. Sete anos antes, ele havia perdido para o novato político Moshe Katzav. Após ser acusado de estupro e assédio sexual, Katzav renunciou, deixando o caminho livre para Peres.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Silverman
Família
Em 1945, Shimon Peres se casou com Sonya Gelman. O casal teve três filhos e vários netos. Depois de 62 anos ao seu lado, Sonya se separou do marido em 2007. Avessa à vida pública, ela sonhava com uma aposentadoria tranquila e não queria acompanhar Peres até o palácio presidencial, em Jerusalém. Ela morreu em 2011.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Chanania
Tensão em Davos
Em janeiro de 2009 ocorreu um momento de tensão entre Turquia e Israel durante um debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Peres fez um apelo inflamado pela guerra na Faixa de Gaza. Quando o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, quis rebater, o moderador do evento interrompeu o debate, devido a limitações de tempo. Então, Erdogan deixou furioso o palco.
Foto: Getty Images/AFP/F. Coffrini
A paz como missão
Perto do fim de sua presidência, Peres mostrou mais um vez, em junho de 2014, como a paz com os palestinos é importante para ele. A convite do papa Francisco, ele se encontrou no Vaticano com o presidente Mahmoud Abbas. Neste momento, Peres é o presidente mais velho do mundo. Ele pretendia continuar trabalhando pela paz no Oriente Médio, mesmo depois de encerrar a carreira política.