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Abbas pede desculpas por declarações antissemitas

4 de maio de 2018

Líder palestino se desculpa por comentários relacionados ao Holocausto e ressalta sua "condenação ao crime mais atroz da história". Ministro da Defesa de Israel não aceita.

Abbas afirmou que os judeus não sofreram por causa de sua religião, mas por terem sido banqueiros e credores de dinheiroFoto: picture-alliance/AA/I. Rimawi

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pediu desculpas aos judeus nesta sexta-feira (06/05) pelos comentários controversos de segunda passada, amplamente condenados e classificados como antissemitas, e reiterou seu repúdio ao Holocausto.

"Aos que se ofenderam pelos meus comentários perante o Conselho Nacional Palestino (OLP), especialmente os de fé judaica, quero me desculpar. Quero garantir a todo o mundo que não era minha intenção [ofender] e reitero meu respeito absoluto à fé judaica e ao resto de credos monoteístas", afirmou Abbas em comunicado.

Além disso, o líder palestino ressaltou sua "condenação ao Holocausto, o crime mais atroz da história".

"Condenamos o antissemitismo em todas as suas formas e confirmamos o nosso compromisso com a solução de dois Estados, para convivermos uns junto aos outros em paz e segurança", acrescentou Abbas.

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, não aceitou as desculpas de Abbas aos judeus. "Abu Mazen [nome de guerra de Abbas] é um negador do Holocausto que escreveu um doutorado sobre a negação do Holocausto e depois publicou um livro sobre a negação do Holocausto. Isto não pode ficar assim. A desculpa não é aceita", escreveu no Twitter.

Abbas foi reeleito, nesta sexta-feira, presidente do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), após quatro dias de reuniões do Comitê Nacional Palestino boicotadas pelo Hamas e pelo Movimento da Jihad Islâmica na Palestina.

Na segunda-feira, durante um raro encontro do Conselho Nacional Palestino, Abbas afirmou que os judeus não haviam sofrido historicamente por causa de sua religião, mas por terem sido banqueiros e credores de dinheiro. Abbas disse que os judeus que viviam na Europa sofreram massacres "a cada dez a 15 anos em algum país desde o século 11 até o Holocausto".

"Dizem que o ódio contra os judeus não foi por causa de sua religião, foi por causa de sua função social. Então, a questão judaica que se espalhou contra os judeus em toda a Europa não foi por causa de sua religião, mas por causa de agiotagem e dos bancos", disse Abbas, citando livros escritos por vários autores. Além disso, acusou o regime nazista de impulsionar a migração judaica aos territórios palestinos em 1933.

Na ocasião, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, considerou as declarações como "outro discurso antissemita" cheio de "enorme ignorância e insolência". O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, também mostrou repúdio e expressou que seu país "está comprometido contra toda relativização do Holocausto".

Abbas, de 82 anos, obteve um doutorado em História no Instituto de Orientalismo de Moscou, em 1982, na então União Soviética. Sua dissertação, intitulada A relação secreta entre o nazismo e o movimento sionista, atraiu críticas generalizadas de grupos judaicos, que o acusaram de negação do Holocausto. 

Em 2014, ele se defendeu das acusações de ser antissemita ao afirmar que o Holocausto foi "o pior crime da história moderna".

PV/ap/rtr/afp/efe

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