Após fechamento da rota dos Bálcãs, quantidade de requerentes de asilo que chegam ao país diminui drasticamente. Ministro do Interior diz que "auge da crise migratória já ficou para trás".
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A taxa de ocupação dos centros de acolhimento a refugiados na Alemanha caiu para menos da metade, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (04/04) pelo jornal alemão Bild. Nas instalações em todo o país, com lugar para 348 mil pessoas, aproximadamente 45% da capacidade está sendo usada.
Isso se deve em grande parte ao reforço dos controles de fronteira na rota dos Bálcãs e na Áustria, que deixaram cerca de 50 mil requerentes de asilo bloqueados na Grécia.
"É com grande cautela que digo que o auge da crise migratória já ficou para trás", afirmou o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, ao jornal Tagesspiegel.
Autoridades de fronteira alemãs relatam que o fluxo migratório desacelerou intensamente nas últimas semanas. O abrigo de refugiados na cidade fronteiriça de Freilassing, na Baviera, recebeu apenas um punhado de pessoas na última semana. Os refeitórios e dormitórios estavam, em grande parte, vagos. Em setembro do ano passado, o local chegou a registrar até 2 novos mil migrantes por dia.
"Recebíamos em torno de 1,2 mil refugiados por dia, até o início de fevereiro, quando a rota dos Bálcãs foi fechada", disse Josef Flatscher, prefeito de Freilassing, localizada próxima à cidade austríaca de Salzburgo. "Desde então, os números caíram drasticamente, pode-se dizer que próximo ao zero", afirmou. Na noite anterior, apenas três pessoas chegaram à cidade.
ONU pede mais engajamento na crise dos refugiados
02:35
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, enfrentou pressão política no país para reduzir o número de migrantes, após 1,1 milhão de requerentes de asilo chegarem à Alemanha no ano passado. O grande número de refugiados gerou temores quanto à integração dessas pessoas na sociedade alemã e também quanto à segurança.
Os primeiros requerentes de asilo provenientes da Turquia chegaram a Hannover, na Alemanha, nesta segunda-feira.
RC/afp/rtr
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.