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Academia alemã de ciências recomenda lockdown radical

8 de dezembro de 2020

Cientistas propõem paralisação rigorosa em toda a Alemanha até no mínimo 10 de janeiro para reduzir os números crescentes de novos contágios. Governos estaduais anunciam endurecimento de medidas restritivas.

Mesas de lanchonete isoladas com fita vermelha e branca
Negócios fechados preocupam política alemãFoto: Andreas Franke/picture alliance

Desde o começo de novembro voltaram a vigorar numerosas restrições para a população da Alemanha na luta contra o novo coronavírus, mas até o momento não houve um retrocesso significativo do número de novos casos. Diante dos números consistentemente elevados, a Academia Nacional de Ciências Leopoldina recomenda um endurecimento drástico das medidas, já a partir da segunda semana de dezembro.

Em apelo urgente à política do país, divulgado nesta terça-feira (08/12), a instituição insta que os feriados e a virada do ano sejam aproveitados para um "lockdown rigoroso", a fim de reduzir rapidamente a frequência das infecções. Como primeiro passo, aulas presenciais nas escolas deveriam ser suspensas a partir da próxima segunda-feira.

Para empresas e repartições públicas, o trabalho em regime de home office deve ser a regra a partir da semana que vem, e os contatos sociais, reduzidos a um círculo extremamente restrito. Isso permitiria um avanço considerável na contenção da pandemia, afirma a Academia Leopoldina.

Como segundo passo, a partir de 24 de dezembro, e pelo menos até 10 de janeiro, "a vida pública deve basicamente parar em toda a Alemanha". Essa paralisação radical incluiria o fechamento de todo o comércio, excetuados os artigos de primeira necessidade, como alimentos e medicamentos.

Fim do ano como oportunidade

"A ideia é que realmente aproveitemos a oportunidade e usemos a chance que os feriados de fim de ano nos oferecem", afirmou à DW Ralph Hertwig, um dos autores do comunicado da Academia Lropoldina. "A nossa ideia é que, se um lockdown rígido é necessário, então que o adotemos num período em que tradicionalmente ficamos em casa de qualquer forma."

Segundo o cientista, a primeira fase de isolamento, a partir da semana que vem, é necessária para evitar infecções nos eventos de Natal. "No dia 24, ao encontrar membros da família que não se vê há algum tempo, você quer ter certeza de que não está espalhando o vírus ou de que não tem sintomas ativos."

Admitindo que tais medidas significariam um aumento temporário dos prejuízos econômicos, os cientistas argumentam que "ao mesmo tempo, se abreviará o prazo até que as novas infecções tenham se reduzido ao ponto de serem possíveis flexibilizações".

"Todos os dias centenas de pessoas estão morrendo. E temos um sistema hospitalar e médico no limite. Se compararmos a situação da Alemanha à de outros países, como Bélgica e Irlanda, que passaram por um breve e muito rígido lockdown, seus números estão muito melhores do que os da Alemanha", argumenta Hertwig.

Merkel: medidas atuais não bastam

Apesar da paralisação parcial desde o princípio de novembro, com o fechamento de numerosos estabelecimentos, os números da covid-19 permanecem altos na Alemanha, apresentando tendência ascendente nos últimos dias.

O Instituto Robert Koch (RKI) registrou nesta terça-feira 14.054 novos casos e 423 óbitos, em 24 horas, enquanto na terça-feira anterior foram 13.604 infecções e 388 mortes. O recorde de novos casos em um dia, 23.648, foi computado em 20 de novembro. O RKI documentou, ainda, um novo recorde de 147 contágios por 100 mil habitantes, em uma semana. Antes do lockdown parcial, o máximo fora 120. A meta nacional é que manter essa taxa abaixo de 50.

A decisão comum atual dos governos federal e estaduais é que a paralisação parcial se prolongue até 10 de janeiro, com um possível relaxamento das restrições de contatos sociais entre 23 de dezembro e 1º de janeiro.

Entretanto, numa videoconferência com a bancada parlamentar de seu partido, União Democrata Cristã (CDU), nesta segunda-feira, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou que com as atuais medidas não se conseguirá baixar as altas taxas de contágio no país.

Governos estaduais endurecem medidas

Vários dos 16 estados da Alemanha anunciaram que vão expandir o lockdown parcial.

A Saxônia – que no último fim de semana se tornou o principal foco da covid-19 na Alemanha, com algumas áreas registrando mais de 500 novas infecções por 100 mil habitantes em sete dias – anunciou o fechamento de creches e estabelecimentos de ensino assim como de lojas que não ofereçam itens essenciais.

O estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental expandiu a obrigatoriedade de máscaras e ordenou que alunos a partir dos 13 anos de idade fiquem em casa depois das férias de Natal, além de proibir a venda de álcool em espaços públicos. Toques de recolher serão impostos em áreas com mais de 200 infecções por 100 mil habitantes em sete dias. 

A Baviera, que contabiliza o maior número de mortos por covid-19 entre os estados alemães, anunciou medidas mais rígidas até 5 de janeiro, incluindo toque de recolher e a proibição da venda de bebidas alcoólicas ao ar livre.

AV/dpa/dw/ots

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