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Academia atrai partidários de Bin Laden

ef14 de outubro de 2003

Academia com o nome do rei Fahd, construída e mantida em Bonn pela Arábia Saudita, está na iminência de ser fechada, por suspeita de ser ponto de atração para partidários da Al Qaeda e de pregar a guerra santa.

Academia Rei Fahd em BonnFoto: AP

As autoridades alemãs não querem mais tolerar a atuação de radicais islâmicos na escola inaugurada em 1995, como anexo de uma esplendorosa mesquita na então capital da Alemanha, Bonn. As providências para o fechamento da King-Fahd-Akademie estão sendo tomadas pelo Ministério do Interior em Berlim, com a cautela necessária para garantir sua confirmação mais tarde na Justiça, segundo informação do serviço secreto alemão BND (Bundesnachrichtendienst) vazada para imprensa.

Depois de conversar com o rei Fahd sobre as suspeitas contra a academia, quando visitou Riad, semana passada, o chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, teria deixado bem claro que a instituição seria fechada. O governo alemão ainda tinha esperança de que a realeza saudita tomasse providências para evitar um fim da academia ou até um rompimento das relações diplomáticas entre os dois países.

Mohamed Atta, um dos kamikases que destruíram o World Trade Center, estudou em HamburgoFoto: AP

Ao fazer esta revelação, o BND justificou que observara "atentamente as atividades da academia". A Arábia Saudita diz que combate o terrorismo, mas Estados ocidentais suspeitam que Riad está envolvido de alguma maneira com o terror. Bin Laden vem de uma família saudita milionária.

Alcorão contra alemão

- Construída com mais de 15 milhões de euros provenientes da fortuna particular do rei Fadh, a escola que tem agora 500 alunos segue as regras da religião estatal saudita – o wahabismo radical islâmico. O plano de aulas é o mesmo das escolas na Arábia Saudita. As sextas-feiras são dedicadas exclusivamente a preces a Alah. Nos outros dias úteis, os alunos têm oito horas de Alcorão e duas de alemão.

A escola entrou na mira do serviço secreto em 1998, após a prisão de Mamduh Salim, um dos responsáveis pelas finanças de Bin Laden, em Munique. Salim teria contato com muçulmanos que mandaram seus filhos para a academia em Bonn. Mas a gritaria de políticos pelo fechamento da academia é recente, tendo começado após as denúncias da imprensa sobre supostas ligações suas com a Al Qaeda. Uma emissora de TV divulgou trechos de uma pregação na mesquita convocando os islâmicos para uma jihad (guerra santa).

11 de setembro e outras suspeitas

- O pregador era professor da academia e foi demitido nesse meio tempo. Os dirigentes da escola alegam que a
Rei Fahd da Arábia SauditaFoto: AP
tradução do conceito jihad pode ter vários significados e, além de guerra santa, às vezes pode ser somente "esforço" para viver e agir segundo os mandatos do islã. Pode ser. Mas depois da participação de estudantes árabes da Universidade de Hamburgo no 11 de setembro, as autoridades alemãs são muito sensíveis com atividades suspeitas de radicais islâmicos.

Uma das suspeitas que podem ser fatais para a King-Fahd- Akademie é sua permanência em Bonn após a transferência da capital alemã para Berlim. Ela foi criada como escola suplementar para filhos dos diplomatas e estes se mudaram para a nova capital da Alemanha unificada. Além do mais, escolas deste gênero só podem ser freqüentadas por crianças que vivem provisoriamente na Alemanha, como filhos de diplomatas.

A Academia Rei Fahd deixou de cumprir esta regra há muito tempo; quase 42% de seus alunos possuem a cidadania alemã, o que pressupõe um permanência duradoura na Alemanha. A nacionalidade dos outros 58% é desconhecida, mas mesmo que muitos deles tenham passaporte alemão, resta o argumento contra a academia de que o ensino é obrigatório para todas as crianças na Alemanha, tanto para alemães quanto estrangeiros, em escolas públicas ou privadas. Além do mais, escolas suplementares no Estado da Renânia do Norte-Vestfalia eram uma exceção especial para diplomatas.

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