Academia de Hollywood se desculpa por gafe no Oscar
28 de fevereiro de 2017
Após erro no anúncio do melhor filme, instituição que concede o prêmio pede perdão a apresentadores e a equipes de "La La Land" e "Moonlight". Circunstâncias do equívoco estão sendo investigadas.
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Após a gafe no anúncio do vencedor da categoria Melhor Filme no Oscar deste ano, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood pediu desculpas nesta segunda-feira (27/02), anunciando que tomará as medidas apropriadas para manter a integridade da premiação.
A 89ª edição do Oscar terminou na noite deste domingo de maneira surpreendente, depois que os atores Faye Dunaway e Warren Beatty anunciaram que La La Land: Cantando estações tinha conquistado o prêmio de Melhor Filme, quando na realidade o vencedor foi Moonlight: Sob a Luz do Luar.
"Lamentamos profundamente os erros que foram cometidos durante a apresentação da categoria Melhor Filme", disse a Academia por meio de comunicado divulgado no Twitter na noite de segunda-feira.
"Não é piada. 'Moonlight' ganhou como melhor filme"
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"Pedimos desculpas a todo o elenco e a toda equipe de La La Land e Moonlight, cujas experiências foram profundamente alteradas por esse erro [...] Para todos os envolvidos – incluindo os apresentadores Warren Beatty e Faye Dunaway, os cineastas e nossos fãs no mundo todo – pedimos perdão", prossegue o texto.
A consultoria Pricewaterhousecoopers (Pwc), encarregada de receber, contabilizar e zelar pelos resultados do Oscar, já havia se desculpado horas depois da cerimônia pelo erro na hora de entregar o envelope com o nome do vencedor.
Em vez do filme vencedor, o envelope entregue a Beatty e Dunaway continha o nome da atriz Emma Stone, premiada como melhor atriz por La La Land.
Já nos bastidores, Emma Stone disse que não entendia como algo assim podia acontecer, pois ela tinha ficado com o envelope, dado pelo colega Leonardo DiCaprio depois de anunciar seu Oscar. A Academia não chegou a explicar por que havia dois envelopes idênticos.
A Academia observou que nos últimos 83 anos encomendou à Pwc a gestão dos resultados e lembrou que a consultoria assumiu a "responsabilidade total pelas quebras dos protocolos".
"Passamos a última noite e o dia de hoje investigando as circunstâncias [do erro] e determinaremos quais ações serão apropriadas no futuro. Estamos comprometidos com a defesa da integridade do Oscar e da Academia", conclui o comunicado.
LPF/efe/dpa
Presença negra no Oscar 2017
Após o fiasco e os protestos no Oscar do ano anterior, a Academia de Cinema se esforça por representar melhor a diversidade nas novas indicações.
Foto: LYDIE/SIPA
História real
O ano é 1962, a segregação racial impera nos EUA. Com vigor e dignidade, o filme "Estrelas além do tempo" conta a história real de três matemáticas negras que desempenharam um papel fundamental nos programas Apollo e Mercury da NASA – apesar de terem que caminhar 45 minutos até os banheiros "para negros". Octavia Spencer (dir.) foi indicada entre as melhores atrizes coadjuvantes.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Twentieth Century Fox/H. Stone
Capítulos de uma vida
"Moonlight: Sob a luz do luar" foi baseado na peça "In moonlight black boys look blue", a história de um negro gay que cresce em Miami ao lado da mãe viciada em drogas. O filme é intenso, autêntico e poético. Três atores representam o protagonista em diferentes fases da vida. "Moonlight" foi nomeado para oito Oscars, incluindo o de melhor filme.
Foto: A24/DCM
Primeiro negro como melhor diretor?
Assim como o protagonista de "Moonlight", o cineasta Barry Jenkins, de 37 anos, cresceu em Miami. Ele é o primeiro afro-americano a ser indicado tanto melhor diretor quanto pelo melhor roteiro adaptado. Em janeiro de 2017 "Moonlight" venceu na categoria melhor drama do Globo de Ouro, enquanto o também concorrente ao Oscar "La La Land" levou para casa o prêmio de melhor musical ou comédia.
Foto: A24/DCM
Racismo nos anos 50
A vida como lixeiro e pai de três filhos é difícil, e os sonhos de Troy Maxson (Denzel Washington) nunca se tornam realidade. O papel do trabalhador desencantado em "Um limite entre nós" pode render ao ator de 62 anos seu terceiro Oscar. Washington é igualmente produtor, concorrendo, portanto, também na categoria de melhor filme.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Paramount Pictures/D. Lee
Talvez este ano
Viola Davis, de 51 anos, foi indicada pela terceira vez para o Oscar. Este ano são boas as suas chances de levar a estatueta de melhor atriz coadjuvante por "Um limite entre nós". Os críticos têm elogiado sua atuação como Rose Maxson, esposa de Troy, e alguns consideram o desempenho dela até mesmo superior ao de Washington. Davis já conquistou um BAFTA de melhor atriz coadjuvante pelo papel.
Foto: Reuters/T. Melville
"Loving", história de um casal interracial
Mildred e Richard Loving se apaixonaram nos anos 50 no Estado da Virgínia. Porém sua história de amor tinha um empecilho: sob a lei local, um branco e uma negra não podiam se casar. O caso foi parar na Suprema Corte, que tomou em 1967 a decisão histórica de anular as leis que proibiam o casamento interracial.
Foto: picture-alliance/ZUMAPRESS.com/Focus Features
Estrela etíope-irlandesa
Por seu papel como Mildred em "Loving", Ruth Negga foi nomeada para o Oscar de melhor atriz. Um feito admirável para a etíope de 35 anos que passou a maior parte da infância na Irlanda. Ela acredita na importância dessa história biográfica: "Nosso filme não é sobre a América negra, é sobre a América, a América branca e negra. Você sabe, estamos todos juntos nisso."
Buscando suas raízes em "Lion: Uma Jornada para Casa"
Outra história real: aos cinco anos de idade, o pobre indiano Saroo Brierley subiu num trem, adormeceu e acabou indo parar longe de casa. Uma família australiana o adotou. Passaram-se 25 anos até ele retornar à Índia, à busca de sua família biológica, com a ajuda do Google Maps. "Lion: Uma jornada para casa" recebeu seis indicações, incluindo melhor filme.
O documentário "I am not your Negro" se baseia num manuscrito inacabado do autor americano James Baldwin, dedicado aos membros-chave do movimento pelos direitos civis Martin Luther King Jr., Malcolm X e Medgar Evers. "Os brancos têm é que tentar descobrir em seus corações por que era necessário ter um neguinho, para início de conversa", escreveu Baldwin. "Eu não sou um neguinho, eu sou um homem."
Foto: Magnolia Pictures
Do Haiti ao Congo
"Eu não sou seu negro" foi indicado para o Oscar de melhor documentário de longa-metragem. Seu diretor, Raoul Peck nasceu no Haiti, cresceu na República Democrática do Congo e tem lidado com temas explosivos como o genocídio em Ruanda e o assassinato de Patrice Lumumba, além de um drama sobre o jovem Karl Marx.